Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quinta-feira, 4 de março de 2010

vícios e virtudes geométricas

o que é mau nunca acaba porque faz parte de um ciclo vicioso e temos que acabar com ele

o que é bom é recto e está em vias de extinção se não for preservado

o ciclo que se mantém e a recta que desaparece ressoam em todos os níveis do pensamento

pensamos na vida como segmento de recta com princípio e fim

no entanto aprendemos que as rectas não têm princípio nem fim: há dois infinitos que infinitamente se afastam

abstracção pura

a pureza é virtude

mas a ideia de recta, por mais pura e virtuosa que seja, é extensão imaginária de linhas com princípio e fim

ora os princípios e os fins são grandes problemas filosóficos com os quais o pensamento se debate...

em ciclos

concordo que é difícil acompanhar este raciocínio

também sinto dificuldades em me fazer entender

chamar vicioso ao ciclo é, em si mesmo, encerrar o pensamento em pecado

considerar que o recto é virtuoso é também impossibilitar a compreensão

as espirais são modelos de compromisso que permitem manter a evolução e os ciclos naturais, evitando a repetição

o tal vício do ciclo

sim, o dia e a noite sucedem-se mas não exactamente iguais

queremos que o amanhã seja mais evoluído que o ontem

hoje cremos que o passado foi uma evolução que vai continuar no futuro

não cremos no retorno

não queremos o retorno

queremos mesmo acabar de vez com os males e não permitir que os bens desapareçam

mas porque, então, não se extinguem os males e não fazem os bens ciclos virtuosos?

porque é que o bom é raro e o mau abundante?

ou será que detestamos o que é abundante e amamos o que é raro?

mas se não há rectas

se os segmentos de recta são segmentos de círculos tão vastos que não nos apercebemos da curvatura

se tudo regressa

ao que foi

se a vida é a parte emergente de um círculo que não contemplamos na totalidade

se a virtude for também cíclica

e o vício uma recta imaginária

talvez o sentido esteja sempre presente

e o absurdo seja... absurdo

a geometria da liberdade não se aprende nas escolas

5 comentários:

Nivaldete disse...

"A geometria da liberdade não se aprende na escola". Definitivo. E não se trata de uma geometria euclidiana...
Abraços.

almariada disse...

eh, eh, eh, :)
soa dogmático, concordo Nivaldete! :)
devia antes ter dito que a geometria da liberdade não tem regras nem ângulos... enfim... ;)

almariada disse...

ou, melhor ainda:
a geometria da liberdade não tem medida

Myriade disse...

e as linhas paralelas nao se encontram no infinito ? :))

almariada disse...

pois, Wolkengedanken, é o que dizem! :)