Objectivo prioritário, sem senão.
almariada
muito de nada e de tudo um pouco
Vladimir Kush
Rumi
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.
Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
A hora mais fria
Na hora mais fria
Ao amanhecer
Brota a luz do chão
Que se encosta ao céu
terça-feira, 19 de julho de 2022
Enquanto há sorriso
Generalizar
é singularizar a pluralidade.
Cor singulariza todas as cores.
Uma escada reúne degraus.
Precisamos de palavras para nos entendermos mas o efeito colateral é criarem mal entendidos, por isso precisamos de aprender sempre com quem não fala: pessoas, animais, plantas, pedras, nuvens e estrelas.
Generalizar é uma uma propriedade da linguagem muito problemática. Pretende condensar conhecimento mas muitas vezes é o principal obstáculo à compreensão. O paradoxo é que "não generalizar" é também uma generalização. Não é, Zenão de Eleia? O que é, é e não pode não ser. A deusa de Parmênides ensinou-lhe que também precisava de aprender o que não é. Precisamos de aprender o que não é porque as palavras o criam. Do que se pode falar ainda não é do que é. E temos que falar. Sorri. Enquanto há sorriso.
sexta-feira, 15 de abril de 2022
quarta-feira, 23 de março de 2022
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022
Passear de madrugada
Todas as madrugadas podia vê-la da janela do quarto, usava um casacão cinzento muito confortável e passeava sempre sozinha.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
Foi passear ao luar
Foi passear ao luar. Não encontrou ninguém. Saiu das ruas para os caminhos e chegou ao campo onde os vizinhos são animais tímidos que não se deixam ver. Tinha calçado meias castanhas porque podia haver poças de lama onde lhe apetecesse mergulhar os pés. Encontrou-as e foi o que fez. No céu sem nuvens as estrelas debruçaram-se quando ouviram chapinhar e as unhas saudaram-nas, sem falar. Somos dez e vós milhares, oh astros! E eu, só uma, passou a lua. Quando calçou os sapatos e voltou para casa ainda faltava muito para amanhecer. Acenou ao céu e foi-se deitar.
sábado, 15 de janeiro de 2022
Vendo a questão avolumar-se
fora das palavras inventadas
espreita através das estrelas
a iluminação negada
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
Quando era cavaleiro
E passava debaixo das árvores
Caíam-lhe mulheres nuas no colo
E tinha que as levar a casa delas
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Nevoeiro crepuscular
Entre o nevoeiro diurno
E o nevoeiro noturno
No nevoeiro crepuscular
É que gosta de morar
Por essa fresta sem nome
Às vezes da cor do leite
Outras da cor da fome