Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

duas palavras congeladas

Nas águas enluaradas do mar de Van,

Na praia de uma pequena aldeia,

Entra nas águas como ladrão na noite,

Todas e cada uma das noites, um rapaz.

.

Entra na água sem barco,

Com braços poderosos e viris,

Nada separando as águas,

Rumo à ilha na outra costa.

.

Da escura ilha, claro e brilhante

Um raio de luz lhe acena,

Um farol potente só para ele,

Que o ajuda a guiar-se na rota.

.

A linda Tamar todas as noites,

Prepara um lume naquela ilha,

E impaciente o espera,

Ali perto, no mato escuro.

.

As águas inquietas batem e rugem,

E o coração do rapaz bate com elas,

A água uiva em terríveis gritos,

E combate ameaçadoramente.

.

Agora Tamar, com o coração batendo,

Finalmente ouve ali próximos os sons,

São salpicos de água e com todo o seu ser,

Ela está em chamas de amor acesas.

.

Silêncio, na praia escura,

Está uma figura solitária e sombria,

Ai! É ele, encontram-se um ao outro,

Nesta noite misteriosa e calma.

.

Apenas as ondas do mar de Van,

Agora gentilmente acariciam as praias,

Acalmando-se quando eles se retiram,

Segredando incompreensíveis.

.

Pode dizer-se que murmuram

E as estrelas em arco por cima,

Olham para baixo e deslizam,

Sobre a impúdica e sem vergonha Tamar...

.

O olhar delas perturba o coração da donzela,

É hora de partir... e mais uma vez,

Um entra no mar turbulento,

Enquanto o outro reza na costa...

.

Quem pode ser aquele jovem ousado?

Que intoxicado com o seu amor,

O seu coração sem temor nem medo,

Atravessa o mar durante a noite?

.

Nada desde a outra margem,

E beija a nossa Tamar,

Arrebatando a rapariga das nossas mãos,

Para que é que ele nos rouba?

.

Assim, diziam com amarga dor,

Os jovens desta ilha,

E a luz acesa pela mão de Tamar,

Eles extinguiram nessa noite.

.

Desorientado no mar escurecido,

O rapaz nadador, o amado dela,

E o vento levanta e leva,

Suspiros de misericordia, "Ah, Tamar!"

.

A sua voz está perto, na escuridão ensurdecedora,

Entalada entre as rochas aguçadas,

Onde a água indomável ruge,

Às vezes abafada e às vezes perdida,

E às vezes debilmente ouvida, "Ah, Tamar!"

.

Ao amanhecer vem a água calma,

Deixar um cadáver na praia,

Nos seus lábios rígidos e imóveis,

Talvez digas que no momento da morte,

Ficaram duas palavras congeladas: "Ah, Tamar!"

.

Por esta razão, desde esse dia,

A ilha se chama "AhTamar".

.

Hovhannes Toumanian

2 comentários:

Nivaldete disse...

Belo e triste o poema-lenda...

almariada disse...

sim, Nivaldete e acho que se perde muito com traduções sucessivas... traduzi da tradução inglesa que, espero, tenha sido traduzida directamente do arménio... mas não garanto...

Hovhannes Toumanian é um grande poeta arménio, mas, tanto quanto consegui perceber, não há nada traduzido para português...