porque elas se formam e deslizam e é possível reprimi-las às vezes e outras vezes não...
porque nada dói mais que ser abandonada
e essa dor maior é a pedra, é o chão
é a realidade indesmentível
inquestionável, impossível e real no mais alto grau.
.
chegadas e partidas da vida...
não poder confiar nunca mais no amor, na protecção...
.
estranha entre estranhos cujas palavras e acções são surpreendentes
e convencionais
.
há sílabas que fazem chorar
sílabas que nos dão prazer e alegria
mas o abandono... o chão frio da ausência... está sempre lá
nada é mais confiável
que a dor
sempre absolutamente real
e sempre cá
.
apenas os milagres abrem subitamente percepções mais vastas
para lá da dor...
.
e esses milagres...
de raros e maravilhosos
são estrelas no escuro
estrelas...
.
como alcançá-las senão com o amor?
o mais vasto de todos os estados de espírito?
.
a palavra amor é ao mesmo tempo bela e envilecida pelo uso
não sagrado
.
a falta de respeito torna infame...
.
lágrimas... regatinhos... Chuva
cai sobre as faces tristes todas... lava, alivia, salva...!
.
ou tu Sol seca-as... leva-as, dissolve-as no ar... que chovam noutro lugar
.
lágrimas, gotas de orvalho, bálsamo, prazer
.
.
viajar pelos caminhos rectos e paralelos da escrita habitua a mente à geometria das formas regulares
e claramente distintas do fundo
.
a estética das formas geométricas pode ser bela contra um fundo selvagem,
como algumas plantas num espaço geométrico
na individualidade dos seus vasos
são ainda assim belas selvagens
.
oh, mas as lágrimas... sem cor, sem forma, sem nada de definido...
selvagens lágrimas das florestas húmidas
das existências desmesuradas... estrelas... e nuvens...
noites caladas
dias muito lentos...
.
lentas lágrimas
.
límpidas e invisíveis agonias gritantes mas caladas...
.
espaços secretos nos corações não visíveis
prazeres indesmentíveis... milagres...
.
e uma vasta escuridão suave e profunda para onde a água vai
seguindo a linha do menor esforço,
que num mundo em relevo raramente é recta
mas sempre cai
excepto quando se eleva ao céu... cheia das lágrimas
.
que alguém ainda não chorou
mas vão revelar sagradas e divinas as dores humanas
e os seus prazeres na Terra...
...
celestes!
2 comentários:
...!!!...
espiar
e
sair
de
mansinho....
assim quer
o
desmesurado...
não está
jamais
em
abandono
quem
do abandono
fala
tão
poderosa
mente
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