"Após seis semanas de travessia, o Charles-Morgan fizera escala pelos Açores, ancorando no Faial. Embarcou laranjas, cebolas, batatas, frangos. Os homens foram a terra, beberam vinho generoso, que acharam extraordinariamente barato; alguns discutiram, brigaram com os Portugueses, enfim o usual. O respeitável capitão Sampson transformou-se, durante algumas horas, em contrabandista. Uma noite, o Charles-Morgan mudou discretamente de ancoradouro; uma barca silenciosa veio buscar a bordo vinte pacotes com cento e dez libras de tabaco americano cada um. Os Portugueses davam novecentos dólares por pacote; em Nova Bedford, pela mesma quantidade, pagavam-se duzentos e sessenta dólares."
Georges Blond, A Grande Aventura das Baleias, p. 97, Editorial Aster, Lisboa, s/ data. O Copyright do original francês é de 1965
A acção, que não é inteiramente histórica nem inteiramente fictícia, decorre em 1849. O Charles-Morgan é um barco à vela de três mastros, que partiu de New Bedford para caçar cachalotes à volta do mundo numa viagem de quatro anos, com 32 homens a bordo, dos quais metade nunca tinham visto o mar. Depois de sair do Faial dirigiu-se ao Sul, passou o Equador e só então encontrou e matou o seu primeiro cachalote.
Este livro tem fotografias tiradas nos Açores de cachalotes a serem desmanchados: as legendas indicam Graciosa e Faial (Porto Pim).
Aqui encontra-se uma fotografia de um modelo do Charles Morgan no Museu de Angra do Heroísmo.
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