Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




terça-feira, 25 de agosto de 2009

Como será Tomsk?


Será Tomsk, porém, uma cidade interessante? Convém notar que sobre este ponto não se mostram de acordo os viajantes. Madame de Bourboulon, que se demorou em Tomsk na sua viagem de Xangai para Moscovo, faz dela uma descrição pouco lisonjeira. A guiarmo-nos pelas suas impressões, Tomsk é uma cidade insignificante, orlada de velhas casas de tijolo e pedra, ruas estreitas, muito diferentes das que se observam nas grandes cidades siberianas, e bairros imundos, habitados particularmente por tártaros; finalmente, uma cidade na qual avultam os ébrios em estado de apatia, que é comum a todos os povos do Norte sob os efeitos da embriaguês.
O viajante Henrique Russel Killough, esse, pelo contrário, tece grandes elogios a tudo que observou em Tomsk. Dependerão estas diferentes apreciações de o segundo ter visto a cidade no Inverno envolta no seu lençol de neve, enquanto Madame de Bourboulon só lá esteve no Verão?
Júlio Verne, Miguel Strogoff, 2º vol., p.56, Livraria Bertrand, s/ data
Júlio Verne publicou Miguel Strogoff em 1876
Tchekov passou por Tomsk na viagem que fez à ilha de Shakalina, a norte do Japão. A 20 de Maio de 1890 escreveu numa carta à irmã: "Tomsk é uma cidade muito enfadonha. A julgar pelos bêbados que conheci, e pelos intelectuais que vieram ao hotel apresentar-me os seus cumprimentos, os habitantes também são enfadonhos."

Parece que, na Primavera, Tomsk já não estava no seu melhor...
Para se vingarem de Tchekov os habitantes de Tomsk fizeram uma colecta e erigiram-lhe um monumento em bronze, em 2004. Foi feito a partir da estátua em cedro do escultor Leonti Usov (1998) e a legenda diz: «Tchekov visto por um bêbado deitado na valeta que nunca leu "Kashtanka"». Para dar sorte os turistas esfregam a mão no nariz. Conhecendo o sentido de humor de Tchekov estou certa de que gosta.
Com a grafia "Katchanka" o conto de Tchekov (cuja heroína é uma cadela e não digo mais para não vos estragar o prazer de o ler) foi publicado em Portugal:
Contos e narrativas de Tchekov, (1887), vol. IV, p. 270, Estúdios Cor, s/ data

5 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Que bela viagem à ficção...

Nivaldete disse...

Talvez por isso também a vida seja ainda excitante... Um lugar é como uma pessoa. Há quem descubra motivos para gostar. Ou não... E sempre projetamos um pouco do nosso interior naquilo que vemos... Acho.
Abraços!

almariada disse...

Obrigada Bar do Bardo e Nivaldete.

Bem hajam!

Jest nas Wielu disse...

Atenção, que Júlio Verne nunca esteve na Rússia, nem em Tomsk.

almariada disse...

Sim, sim, Jest nas Wielu, por isso é que ele se refere aos viajantes que escreveram sobre Tomsk e não sabe o que há-de pensar...

Um abraço