"-Acredite que vale a pena, para qualquer turista, deter-se algum tempo na nossa aldeia! – observou o juiz Koltz.
-Contudo, parece ser pouco frequentada – replicou o jovem conde – e isso deve-se provavelmente a que os seus arredores não têm nada de interessante…
-Com efeito, nada com interesse – disse o biró, pensando no castelo.
-Não… nada de interesse – repetiu o magister.
-Oh!... Oh!... – disse o pastor Frick, a quem esta exclamação escapou involuntariamente.
Que olhares lhe deitaram o juiz Koltz e os outros – e mais particularmente o estalajadeiro! Seria urgente pôr um estrangeiro ao corrente dos segredos da região? Desvendar-lhe o que se passava no planalto de Orgall, chamar a sua atenção para o castelo dos Cárpatos? Não significaria isto querer assustá-lo, dar-lhe vontade de deixar a aldeia? E, de futuro, que viajantes quereriam seguir a estrada do desfiladeiro de Vulkan para penetrar na Transilvânia?
Na realidade, este pastor não revelava mais inteligência que o último dos seus carneiros.
-Mas cala-te, imbecil, cala-te lá! – disse-lhe a meia voz o juiz Koltz.
Contudo a curiosidade do conde fora despertada, e ele dirigiu-se directamente a Frick perguntando-lhe o que significavam aquelas interjeições «Oh! Oh!».
O pastor não era homem para recuar e, no fundo, talvez pensasse que Frank de Télek poderia dar um bom conselho, vantajoso para a aldeia.
-Eu disse: Oh!... Oh!... Sr. Conde – replicou ele – e não me desdigo."
Júlio Verne, "O Castelo dos Cárpatos", p. 88 e 89, Publicações Europa-América, Mem Martins, 1989
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