O Pregador
Havia um pregador que, nas suas orações, nunca se esquecia de elogiar os bandidos e de lhes desejar as maiores felicidades possíveis. Levantava as mãos ao céu e dizia:
«Oh Senhor: concede a tua misericórdia aos caluniadores, aos rebeldes, aos corações endurecidos, aos que enganam as pessoas de bem e aos idólatras!»
Concluía assim a arenga, sem desejar uma réstia de bem aos homens justos e puros. Um dia, os fiéis disseram-lhe:
«Não se costuma rezar assim! Todos esses bons votos dirigidos aos malvados não serão ouvidos.»
Mas ele explicou:
«Devo muito a essa gente de quem falais e por isso rezo por eles. Torturaram-me tanto e causaram-me tanto mal, que me conduziram ao bem. Cada vez que me senti atraído pelas coisas deste mundo, maltrataram-me. E todos esses maus tratos foram o motivo porque me dediquei à fé.»
Rumi, Parábolas Sufis, p.9, Fim de Século Edições, Lisboa, 2000
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