Estava a tirar macacos do nariz e a aperceber-se da sua cor translúcida amarelada antes de, com um piparote, os atirar pelo ar. O Sol brilhava nos edifícios e no empedrado do chão. Tudo muito humano. Os velhos, de pé aos cantos da praça ou sentados nos bancos debaixo dos plátanos, conversavam. Mulheres e crianças passavam a pé. Os carros, esses novos animais metálicos, contornavam a praça batida pelo Sol. Tudo muito humano, até mesmo os plátanos cujas podas anuais lhes deram as formas baixas e bojudas que dão sombra aos bancos cinzentos. Três manchas de verde nos brancos das paredes. Suspensas as nuvens arrastam-se entre nós e a luz. Alimentada a peixe congelado e batatas calibradas eu esperava que os ponteiros do relógio alcançassem aquele lugar determinado que me libertava.
Todo este passado é inventado. É agora que espero que escrevo. É na previsão da leitura – minha ou alheia – que as formas verbais no passado se tornarão verdade.
Eis-me assim chegada ao ponto em que me faltam as ideias para continuar – cento e setenta e oito palavras.
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