«A "coisa" que dura, o que é e se mantém, imagina-se como uma pedra, um "monolito", seja a "esfera" de presença de Parménides, da substância do monismo de Espinoza, ou mesmo do objecto de um dito "realismo ingénuo" adentro na pluralidade de coisas na leitura substancialista de matriz aristotélica. Esta simbolização, implícita no ente que se mantém, e que irá assim dar à Filosofia a sua disciplina de Ontologia, como teoria do ser (ente), faz hoje sorrir a ciência tanto Física, como Biológica..., pela ingenuidade de tal imaginação macroscópica do ser como "coisa", muito longe de outras possibilidades de escala em que tal noção de ser deixe de constituir motivo ingénuo. Não é apenas a base empírica convencional de certa coisa como tal, mas a "tridimensionalidade" da sua percepção, o suposto da realidade aquém desta e até o critério de identidade, de não-contradição..., que faz supor que o real seja coerente adentro da linguagem do senso comum, da representação habitual circunstante. Ou seja, que uma coisa, como ser, pode definir um "pronome pessoal", como ele, no ostensivo do isso, ou seja, de algo que se contrapõe à sua mesma captação pensante.»
Carlos H. do Carmo Silva, Da "pedra no sapato" à "pedra filosofal"... ou do simbolismo realista na filosofia
in: Revista Cais, Lisboa, Junho 2008
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