Antes de os livros serem escritos foram escritas pedras e ossos, e antes talvez já se escrevesse na areia e nas peles.
Mas ainda antes de se inventar a escrita já se lia.
Liam-se nas nuvens os ventos e no céu as direcções donde chegam os astros e para onde vão e como se orientam os percursos.
Liam-se nos cheiros presenças e ausências, comida e perigos.
Liam-se pistas, pegadas, vestígios.
Liam-se os sons e os animais falavam porque os compreendíamos como eles nos compreendem.
Liam-se cursos de água, até mesmo subterrâneos.
Liam-se os corpos, os rostos, e os olhares de toda a gente.
E tudo isto que se lia antes de haver livros também se lê agora, como sempre.
7 comentários:
E nos participamos em seminarios sobre por exemplo "a linguagem do corpo " para reaprendermos coisas que em realidade dominamos por instinto. Só que nao acreditamos em nossos instictos :))
Pois é... aprendemos a ler palavras e a não acreditar em mais nada...
É curioso como quase não sabemos pensar sem palavras
wolkengedanken,
talvez não seja só instinto mas conhecimento empírico
luce,
talvez seja um mau hábito...
bonito, bonito
li esse poema
como quem lê
a realidade
Obrigada Aurora! ;)
Muito bonito!
Ler pode ser inesperado, pode ser uma viagem magnífica.
Passo muitas horas a ler, a ler tudo, mas não há nada de que eu goste mais de ler do que uns olhos que me fitam, ou umas mãos que não dão por mim.
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