"Considera este exemplo: quando se diz «Moisés não existiu», isto pode significar diversas coisas. Pode significar: os israelitas não tiveram um comandante quando se retiraram do Egipto - ou: o seu comandante não se chamava Moisés - ou: não existiu um homem que tivesse feito tudo o que a Bíblia atribui a Moisés - ou: etc., etc. Poder-se-ia dizer, de acordo com Russell, que o nome «Moisés» pode ser definido através de diversas descrições. Por exemplo, como «o homem que conduziu os israelitas através do deserto», o homem que viveu nessa época e nesse lugar e a quem então chamavam «Moisés», o homem que em criança foi retirado do Nilo pela filha do Faraó, etc. O sentido da proposição «Moisés existiu», e analogamente a qualquer outra proposição que trate de Moisés, depende da definição adoptada. E quando nos dizem «N não existiu», perguntamos também: O que é que queres dizer? Queres dizer que..., ou que..., etc.?"
Ludwig Wittgenstein, "Investigações Filosóficas", in Tratado Lógico-Filosófico * Investigações Filosóficas, p. 237, Fundação Calouste Gulbenkian, 1995
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