Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Eu nunca digo a verdade

“-Eu nunca digo a verdade.

-Parece mentira!”

.

A lógica da linguagem faz com que a frase “Eu nunca digo a verdade” seja impossível de interpretar: não se pode acreditar nela e acreditar que a pessoa que a diz é mentirosa porque se o fosse seria uma mentira; e não se pode não acreditar nela e julgar que a pessoa que a diz é honesta porque se o fosse não a diria. Ora, uma frase que não pode ser interpretada, como esta, prova que é possível dizer coisas que não fazem sentido.

Que através da linguagem se possa demonstrar que não se deve acreditar na linguagem, reconduz-nos à frase “Eu nunca digo a verdade” supondo que é a própria linguagem que a diz. Quando se compreende isto passa-se para lá da linguagem: e é lá, onde a linguagem não faz sentido, que se compreende.

Conseguir compreender a linguagem e os seus limites abre a mente para outras possibilidades. Aquilo que não pode ser dito nem mostrado é o que nos permite compreender o que pode ser dito e mostrado. O que pode ser dito e mostrado não é tudo.

Compreender que o que pode ser dito ou mostrado não é tudo livra-nos de acreditar ou não acreditar no que pode ser dito e mostrado.

1 comentário:

Myriade disse...

Wow ! resolver paradoxos e ainda por cima por mais alem de Wittgenstein com "os limites da minha linguagem sao os limite do meu mundo"
Sábado ambicioso :))um beijinho