Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O prazer da sinceridade

O IDIOTA

Um idiota encontrou um dia uma cauda de carneiro. Cada manhã servia-se dela para pôr gordura no bigode. Depois ia ter com os amigos e dizia-lhes que acabava de chegar de uma recepção onde tinham feito uma grande festa e comido muito bem. A sua barriga vazia maldizia o seu bigode brilhante de gordura.

Oh desgraçado! Se não fosses mentiroso talvez um homem generoso te convidasse para comer!

Um dia, em que o estômago do nosso idiota se queixava a Deus, um gato roubou a cauda do carneiro. O filho do idiota tentou apanhar o animal mas em vão. Com medo que o pai o repreendesse pôs-se a chorar. Depois foi a correr ao lugar onde o pai estava com os amigos. Chegou no preciso momento em que o seu pai contava aos outros a sua refeição imaginária da véspera. Disse-lhe:

«Papá! O gato levou a cauda de carneiro com que punhas gordura no bigode todas as manhãs. Eu tentei apanhá-lo mas não consegui.»

A estas palavras os amigos começaram a rir e convidaram-no para uma refeição, desta vez real. E assim o nosso homem, abandonando as suas pretensões, conheceu o prazer de ser sincero.”

Djalâl Al-Dîn Rûmî, “Le Mesnevi, 150 contes soufis”, pp. 64-65, Albin Michel, Paris, 1988

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