(continuação de ontem)
O comerciante respondeu:
«Quando transmiti as tuas palavras aos teus amigos, um deles caiu no chão, sem vida. É por isso que estou triste.»
Nesse instante, o papagaio do comerciante também caiu na sua gaiola, inanimado. O comerciante, cheio de tristeza, começou a gritar:
«Oh meu papagaio de suave linguagem! Oh meu amigo! O que foi que aconteceu? Eras uma ave como nem Salomão conheceu outra igual. Perdi o meu tesouro!»
Depois de ter chorado muito tempo, o comerciante abriu a gaiola e atirou o papagaio pela janela. Nesse momento este voou e foi pousar no ramo de uma árvore. O comerciante, ainda mais surpreendido, disse-lhe:
«Explica-me o que se passa!»
O papagaio respondeu:
«Esse papagaio que viste na Índia explicou-me a maneira de sair da prisão. Com o seu exemplo, deu-me um conselho. Ele quis dizer-me: "Tu estás na prisão porque falas. Portanto faz-te morto." Adeus, oh meu dono! Agora vou-me embora. Também tu, um dia, regressarás à tua pátria.»
O comerciante disse-lhe:
«Que Deus te salve! Tu também me ensinaste. Esta aventura para mim é suficiente uma vez que o meu espírito e a minha alma tomaram parte nestes acontecimentos.»
Traduzido de "Le Mesnevi, 150 contes sufis", Djalâl Al-Dîn Rûmî, p. 36, Albin Michel, Paris, 1988
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