A um livro
No silêncio de cinzas do meu Ser
Agita-se uma sombra de cipreste,
Sombra roubada ao livro que ando a ler,
A esse livro de mágoas que me deste.
Estranho livro aquele que escreveste,
Artista da saudade e do sofrer !
Estranho livro aquele em que puseste
Tudo o que eu sinto, sem poder dizer !
Leio-o, e folheio, assim, toda a minh’alma !
O livro que me deste é meu, e salma
As orações que choro e rio e canto !...
Poeta igual a mim, ai quem me dera
Dizer o que tu dizes !... Quem soubera
Velar a minha Dor desse teu manto !...
Florbela Espanca, SONETOS, p. 32, Edição Integral, Livraria Tavares Martins, Porto, 1960
Este livro tem fotografias. Esta está ao lado deste soneto e encontrei-a aqui. Suponho que seja Florbela com o irmão no final do séc. XIX / início do séc. XX.
1 comentário:
Já tive esse livro.
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