"Os lados não paralelos de um rectângulo medem, respectivamente, 8m e 6m, não é?... Ora pois... quanto se deve adicionar ao menor dos lados para que, subtraindo ao outro lado o mesmo comprimento, se obtenha um rectângulo de área igual a 45m2?...
Mutismo do Pedro.
E o Paulo:
- Procuremos portanto a resolução, designando por x o comprimento pedido (expresso em metros). Ora nestas condições as medidas do novo rectângulo serão representadas, já se vê, por 6+x e 8-x. Como a área deste rectângulo, claro, é igual a 45m2, resulta a seguinte operação - (8-x) (6+x)=45. Portanto, reduzindo a operação à forma canónica, obteremos 48+8x-6x-x2=45 ou, por fim, x2-2x-3=0. Ora a aplicação da fórmula resolvente permite determinar as raízes já x=3 e x2=-1. Acontece, porém, que o problema tem também duas soluções, que são x=3 (8-x=5 e 6+x=9) e x2=-1 (8-x=9 e 6+x=5). Mas estas duas soluções conduzem ambas a rectângulos iguais... Ou não?...
Houve aí uns dez segundos de silêncio. E o Paulo tornou:
-Pedro?... Então?... Estás lá ou foste-te embora?
O Pedro suspirou, desolado.
-Tens razão.!... Era facílimo!... Onde é que eu tinha a cabeça?
O outro riu-se."
Odette de Saint-Maurice, Amigos, p. 15 e 16, Clube do Autor, Lisboa, 2011
Este livro terá sido publicado pela primeira vez ainda nos anos 50 ou talvez já nos anos 60.
A autora que, além de livros, também produzia teatro radiofónico, terá realmente imaginado como é que isto podia ser dito ao telefone?
Na ilustração, da esquerda para a direita, os grandes da Álgebra: Euclides (séc. III a.C.), Diofante (séc. III d.C.), Mohammed ibu-Musa al-Khowarizmi (séc.IX d.C.) e François Viète (séc. XVI d. C.).
Parece que são precisos cerca de 6 séculos para que apareça um homem capaz de fazer avançar a Álgebra mas, claro, posso ter-me enganado nas contas ;)
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