Pushpanjali é uma dança hindu clássica. Criada por Brahma é dançada em homenagem aos deuses.
Pushpanjali significa "oferta de flores a Deus". É a dança inicial, a dança de invocação de bençãos para o espectáculo.
Claude Levi-Strauss aprendeu muito na Amazónia:
Por mais estranho que pareça, um monte de espigas secas ainda envoltas nas folhas constitui um leito confortável; todos esses corpos oblongos escorregam uns contra os outros e o conjunto amolda-se à forma da pessoa. O cheiro leve, herbáceo e açucarado, do milho seco é maravilhosamente sedativo.
Claude Levi-Strauss, Tristes Trópicos, p. 150 e 151, Edições 70, Lisboa, 1986
Entre as grandes felicidades e victorias do notauel anno de 1625, pode Hespanha com razão contar e cantar a alegre noua do nouo descobrimento do Gram Cathayo, e Reynos de Tibet, cousa tantos annos ha dos Portuguezes desejada, e com tantos trabalhos e perigos dos Prègadores Euangelicos em vão té agora intentada. Digo felicidades e victorias do anno de 1625, por ser o Santo, e nelle a Rainha S. Isabel, Padroeira e Senhora deste reino canonizada; a Bahya restaurada com tanta gloria nossa, quanta infamia dos imigos; Bredà rendida, depois de tão perfiado cerco; a armada dos Olandezes vencida pella Portugueza no Oriente; a de Inglaterra frustrada de seus intentos, e rebatida dos nossos com tanto valor no Occidente; a Frota e naos da India, liures quasi milagrosamente da dos imigos.
Felicidades são, que fazem notauel, e memorauel o anno de 1625, e a nós notauel obrigação a ser dellas sempre lembrados, pera dar a sua diuina Magestade as deuidas graças. E com muito mòr rezão deue o mundo todo festejar a redução do grande imperio de Ethiopia á obediencia da Sancta Igreja Catholica Romana: imperio tão grande, que elle só he igual, ou mayor que toda nossa Europa, pois tem de largo quinhentas legoas e de comprido setecentas.
Padre António de Andrade, O Descobrimento do Tibet, (publicado em Lisboa, por Matheus Pinheiro, em 1626) Coimbra, Imprensa da Universidade, 1921, Edição Fac-Simile, Alcalá, Lisboa, 2005
O zodíaco é o conjunto de constelações, ou o fundo de estrelas fixas, por onde passam o Sol, a Lua e os planetas ao longo do ano.
Estas constelações são quase todas animais. Em grego, animal é "zoon" e vida "zoe".
Animal, em português, vem do latim "animale" (ser vivo) tal como alma vem de "anima", (sopro) e ânimo de "animu", (alma, espírito).
Em grego moderno um centro cultural é um "pneumatiko kentro", um centro espiritual.
Tudo isto para realçar a proximidade entre palavras e conceitos que parecem ter significados e interpretações muito afastadas uns dos outros e que, nalguns casos, até se consideram opostos e incompatíveis.
E, para terminar bem este post, deixo-vos este link onde podem encontrar as previsões astrológicas para os vossos animais de estimação. ;)
"Deixou de ser sensato, prático ou ético pensar a cidade como antítese da natureza."
Verlyn Klinkenborg, National Geographic, Maio 2009, p. 86
Tudo é natureza. A natureza não tem antítese.
No final da descrição minuciosa da "conquista" de Anapurna, nos Himalaias, o autor descreve com desprendimento as amputações, devidas às queimaduras do frio, que foram realizadas no comboio em que viajam de volta:
O odor nauseabundo até faz recuar os indígenas. Sari e Futharkey metem-se ao trabalho: abrem a porta e com uma espécie de vassoura velha feita de ramos varrem tudo quanto está no chão. No meio de uma porção de detritos rola uma quantidade impressionante de dedos de todos os tamanhos, que caem no cais ante o olhar espantado dos indígenas.
Maurice Herzog, Anapurna, A primeira ascensão aos 8.000 metros, p.411, Livraria Tavares Martins, Porto, 1955
Segundo a Wikipédia Annapurna é um nome sânscrito que significa deusa das colheitas.
A moda é um fenómeno cultural cuja essência é a mudança.
Os estudos antropológicos e etnográficos, ao ignorarem a moda, descrevem os hábitos e costumes dos povos como se estes fossem permanentes. O que não deixa de ser curioso quando pensamos que a antropologia e a etnologia estão ligadas à ideia de evolução, considerando primitivos os povos estudados.
A fotografia é de um esqueleto pré-hispânico encontrado no México.
Imprevisto e premeditado
brincam lado a lado
Surpreendem-se mutuamente
e mutuamente se arreliam
Quando o imprevisto cai numa cilada do premeditado
liberta-se de uma maneira incalculável
Quando o premeditado é apanhado desprevenido pelo imprevisto
ainda tem uma carta na manga
.
Umas vezes a alma ri,
outras vezes a alma chora
Veio ao mundo para sentir,
saborear,
ouvir,
correr,
dormir e cantar
Na dança da vida ninguém fica de fora
Há uns anos conheci um rapaz mexicano que me ofereceu um pacote de amaranto que tinha trazido do México. Nunca tinha ouvido falar deste alimento. Pelo aspecto parece nougat mas o pacote é mais ou menos do tamanho do de um quilo de arroz e não pesa quase nada. O sabor é diferente de tudo o que já provei. Lembro-me que era muito agradável mas nunca encontrei à venda. Parece que só existe mesmo no México onde também é conhecido como huautli e alegria.
"Entretanto, o Governo não se conformava com os progressos dos acontecimentos. Tinham posto, no local das aparições, uns paus, à maneira de arco, com umas lanternas que algumas pessoas tinham o cuidado de conservar acesas. Mandaram, pois, uma noite, alguns homens com um automóvel, para derribar os ditos paus, cortar a carrasqueira onde se tinha dado a aparição e levá-la de rasto atrás do automóvel. Pela manhã, espalhou-se, rápida, a notícia do acontecido. Lá fui correndo, para ver se era verdade. Mas qual não foi a minha alegria, quando notei que os pobres homens se tinham enganado e que, em vez da carrasqueira, tinham levado uma das azinheiras contíguas! Pedi, então, a Nossa Senhora perdão para esses pobres homens e rezei pela sua conversão."
Memórias da Irmã Lúcia, p. 106
A natureza é subtil e extraordinária. Assim como nos deu a fome deu-nos a fé.
Manoel de Oliveira, entrevista ao Expresso, 1 de Maio de 2009
Fotografia de Dias dos Reis: A ternura, de Henrique Moreira, Parque das Caldas da Rainha
Há uns anos estava a iniciar crianças a utilizar computadores e internet com jogos didáticos. Abri um jogo e um dos rapazes disse:
"Hum! Esse jogo é mais velho que a minha avó!"
Ao que respondi: "Cala-te! No tempo da tua avó ainda não havia computadores!"
E diz um outro:
"Pois não! Só havia umas consolas velhas."
Foi difícil fazê-lo compreender que não, que não havia consolas, muito menos velhas... e não tive realmente a certeza que tivesse compreendido!
Ontem contei e dramatizei "Sindbad, o Marinheiro" com um grupo de cidadãos inadaptados que estão envolvidos num projecto de formação profissional. (A existência de cidadãos inadaptados revela a qualidade da sociedade em que vivemos...)
Foi muito agradável e divertido e depois ficámos um bocado a conversar, primeiro sobre a história e depois sobre o que foi surgindo.
Às tantas estávamos a falar da primeira viagem à Lua, que o formador e eu nos lembramos de ter visto na televisão, e uma das raparigas disse: "nessa altura ainda eu estava na internet!"
O formador e eu fomos muito rápidos a responder que "nessa altura ainda não havia internet"
Mas ela sabia o que estava a dizer: "pois não, nem eu!"
"As mulheres, jovens ou velhas, achavam a locomoção a vapor presunçosa e perigosa e nada as levaria a entrar numa carruagem de comboio"
Georges Eliot, A vida era assim em Middlemarch, p. 422, Edição Romano Torres, Lisboa, 1956
O original inglês "Middlemarch, A study of provincial life" foi publicado em fascículos em 1871-72 por Mary Ann Evans, sob o pseudónimo de Georges Eliot, pelo qual ficou conhecida.
Achei graça a esta afirmação porque uma das minhas bisavós quis tanto andar de comboio que o meu bisavô lhe comprou um bilhete só de ida para a estação seguinte e ela teve que voltar a pé com o último filho ao colo, o que não a impediu de andar de comboio, tal como desejava! :)
Enquanto na Austrália já é possível fazer mestrados e doutoramentos em filosofia aborígene, nenhum dos países de língua oficial portuguesa reconhece a existência de filosofias indígenas. Talvez o Brasil possa vir a ser o primeiro neste campo, no entanto:
Viveiros de Castro -- O que me interessa é repensar a relação entre antropologia e filosofia. Em particular, verificar até que ponto se pode fazer um uso filosófico de tradições intelectuais não ocidentais, notadamente de tradições dos povos nativos das Américas. Quando eu digo isso não estou dizendo que exista uma filosofia indígena ou algo do gênero. Estou querendo dizer que existem questões colocadas nas tradições intelectuais ameríndias que possuem um rendimento filosófico potencial grande e que, entretanto, não foram suficientemente aprofundadas.
Parece que falar de "uma filosofia indígena ou algo no género" é anátema.
Chama-se "Olhos d'água" à nascente do rio Alviela, que fica ao pé da vila de Amiais de Baixo. Depois de já ter chovido bastante, pelo final do inverno, a água corre de dois buracos que fazem lembrar olhos. Durante o resto do ano a água aflora à superfície mas não corre por ali.
Quem entra pelos olhos dentro para explorar as grutas subterrâneas e mergulhar na água de que estão cheias são os espeleonautas, que fazem espeleomergulho.
Segundo se aprende no Carsoscópio ("carso" é a paisagem característica do maciço calcário da Estremadura) este sistema de grutas subterrâneas inundadas é vastíssimo e bastante profundo, mas apenas uma muito pequena parte delas está explorada.