Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Biblioteca

O edifício onde está a biblioteca foi feito em 1867. Nestes 153 anos foi casa e foi escola. As obras alteraram muitas coisas mas não alteraram a cozinha, a janela é a mesma. Quando há nevoeiro ou nuvens não se vê a Serra d'Ossa, às vezes nem se vê a Boavista, que é muito mais perto.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Ler na praia

O vento estava a ler um jornal na praia. Lia para a frente e para trás, como só o vento sabe ler. A areia ia lendo como podia, infiltrando-se nas folhas. Finalmente veio uma onda e leu o jornal todo de uma vez.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A fama

Um animal ou uma planta ou um cogumelo, que não é uma coisa nem outra, fotografados pela primeira vez ou pela enésima mas numa fotografia surpreendente, alcançam a fama.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Nível médio da água do mar

 

"A maior parte dos cartógrafos serve-se do nível médio das águas do mar, isto é, da altura média das águas em todas as marés, como plano de comparação, ou nível de referência. Sabendo-se que o nível médio do mar varia de um lugar para outro, cada país decidiu escolher um ponto onde deve ser medido. Em França regula-se pelo marégrafo de Marselha. Em Portugal há marégrafos instalados junto do porto de Lisboa, em Cascais, Portimão, Aveiro, etc. Desse modo a altitude média a partir do nível médio do mar nos diferentes países, poderá ser comparada. Para os Estados Unidos, esse nível médio geral obtém-se em Galveston, no Texas. A altitude medida a partir do nível médio do mar chama-se «altitude absoluta»."


Segredos e mistérios das cartas geográficas, texto de J.-A. Hathway, Editorial Verbo, Lisboa, 1965

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

As laranjas

Cresceram verdes entre as folhas verdes. 

Quase invisíveis.

Aparecem agora. 

O verde está a transformar-se em amarelo.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Parlamento

 «O Parlamento foi, alguma vez, aquilo que a palavra realmente significa: lugar onde o povo tinha autorização para falar.»

G. K. Chesterton, «Disparates do Mundo», Moraes, 2ª edição, p.159

Rio de ovelhas

delta de cabras.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A forma da Terra

«Donde se conclui que a Terra não é plana, como opinaram Empédocles e Anaxímenes, nem timpanóide* como afirmava Leucipo, nem em forma de taça como dizia Heraclito, nem de maneira nenhuma côncava como ensinava Demócrito. Também não é cilíndrica como Anaximandro julgava, nem a sua parte inferior se prolonga indefinidamente segundo a opinião de Xenófanes, mas é dotada de perfeita rotundidade como os filósofos pensam.»

Nicolau Copérnico, As Revoluções dos Orbes Celestes, Fundação Calouste Gulbenkian, p.23  

*em forma de tímpano, tambor

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Susto

Não reparei que um bombom de chocolate caiu dentro da cama. Fiquei assustada quando acordei e vi aquela pasta castanha derretida em mim e no lençol! 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Desastre nuclear de Three Mile Island

No dia 28 de Março de 1979, ao começo da manhã, alguns grânulos de resina para purificar a água, mais pequenos do que sementes de mostarda, bloquearam uma válvula no circuito secundário de refrigeração do Reator Dois da central nuclear de Three Mile Island, perto de Harrisburg, Pensilvânia. Ao longo das vinte e quatro horas seguintes, uma série de falhas de equipamento menores e de erros humanos conduziu a uma perda considerável de fluido de refrigeração, que deixou o núcleo parcialmente desprotegido. O reator começou a derreter e o edifício de contenção foi contaminado com milhares de litros de água radioativa. Os funcionários viram-se obrigados a libertar gases radioativos diretamente para a atmosfera. Embora ninguém tenha sido atingido pela radiação libertada - inteiramente contida numa nuvem de isótopos de gases inertes de curta duração, que o vento empurrou para o oceano Atlântico -, a notícia do acidente causou uma onda de pânico. Cento e trinta e cinco mil pessoas deixaram as suas casas, congestionando as estradas entre a Pensilvânia e os estados vizinhos. O presidente Jimmy Carter - que serviu na US Navy como engenheiro nuclear e que sabia reconhecer um desastre - visitou o local. O movimento antinuclear internacional, que ganhara lentamente força ao longo da década anterior, não podia ter pedido um exemplo mais assustador de uma tecnologia perigosa que escapava ao controle humano. Nos Estados Unidos, o desenvolvimento da indústria de energia nuclear, já dificultado pelo aumento dos custos de construção e por uma opinião pública cada vez mais apreensiva, parou quase de um dia para o outro.

Apesar de deixar os EUA mal vistos, a notícia do acidente de Three Mile Island foi censurada na URSS, pois receava-se que maculasse a reputação supostamente irrepreensível do átomo pacífico.

«Meia-Noite em Chernobyl», Adam Higginbotham, Editora Saída de Emergência, Porto Salvo, 2020, p.91 e 92 

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Névoa marítima

A palavra «rosmaninho» vem do latim «rosmarinus» que significa «orvalho do mar». Alude à capacidade desta planta de terrenos secos necessitar apenas de névoas ou orvalho matinais para sobreviver. 

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Rosaceae

UVAS
«Há tantos frutos que nascem de rosas
Da rosa de toda a rosa
Da rosa entreaberta
Rosa de todo o mundo
Bem vês, maçãs, morangos, pêssegos, pêras e amoras
São tudo rosáceas,
Nascidas da rosa explícita,
Rosa de rosto desvendado a sorrir ao céu.
E da videira, que dizer então?
Oh! da videira, de gavinhas, que dizer?
Somos do universo da rosa entreaberta,
A explícita
A cândida revelação.»
D. H. Lawrence

Comment

quarta-feira, 15 de julho de 2020

D. Pedro e D. Inês

Trazendo o infante D. Pedro consigo D. Inês e não se sabendo ao certo se era sua mulher ou não, fizeram entender a el-rei seu pai que o infante se preparava para mandar pedir ao Santo Padre que lhe desse licença para casar com D. Inês. Foi isto uns três anos antes de D. Inês ser morta. El-rei D. Afonso que então estava em Alenquer, quando isto ouviu ficou descontente de tal embaixada e escreveu secretamente ao arcebispo de Braga, que então estava em Roma, que conseguisse que o Papa não deferisse o requerimento do infante, que era para el-rei grande ódio e prejuízo.

As Crónicas de Fernão Lopes, Seleccionadas e transpostas em português moderno, António José Saraiva, Gradiva, Lisboa, 3ª edição, Março de 1993, p. 278 (Crónica de D. João I, A eleição do rei nas Cortes de Coimbra, Do recado que el-rei D. Afonso IV enviou à Corte do Papa para o infante seu filho não casar com D. Inês)  

segunda-feira, 13 de julho de 2020

O Macaco do Rabo Cortado


Era uma vez um macaco que queria ir para a escola, mas muitos meninos faziam troça dele porque tinha um rabo comprido. Então ele resolveu ir ao barbeiro e pedir para lhe cortarem o rabo. O barbeiro perguntou se tinha a certeza, e como o macaco respondeu que sim, o barbeiro, trás! Cortou-lhe o rabo com uma navalha.

No outro dia, quando o macaco chegou à escola, os meninos riram-se por ele ter o rabo cortado, e chamaram-lhe “o macaco do rabo cortado”. Então, resolveu ir ao barbeiro buscar o seu rabo, mas o barbeiro disse-lhe que já não tinha o rabo, que tinha ido para o lixo. Então o macaco ficou furioso, pegou na navalha do barbeiro e fugiu com ela.

Na rua encontrou uma varina que o viu com a navalha na mão e lhe disse: “ó macaquinho, para que queres tu essa navalha? Não te serve para nada! A mim é que fazia falta para eu amanhar o meu peixe”. O macaco deu-lhe razão e entregou-lhe a navalha. Mas mais tarde, começou a sentir fome e para descascar uma maçã, precisou da navalha. Foi ter com a varina e pediu a navalha, mas a navalha estava partida. Então ficou furioso e levou a canastra das sardinhas da varina.

Quando ia na rua com a canastra de sardinhas, encontrou o padeiro, que lhe disse: “olha coitado, vais tão carregado com as sardinhas, se quiseres eu guardo essa canastra na minha casa.” E assim foi. Agora o macaco sentia-se mais à vontade e podia ir de um lado para o outro, sem ter de transportar as sardinhas. Mas um tempo depois, começou a ter fome. O peixe dava-lhe jeito para comer e por isso resolveu ir buscá-lo a casa do padeiro. Mas o padeiro, com a família, tinha comido as sardinhas. Então furioso, tirou um saco de farinha ao padeiro.

Quando ia pelo caminho com o saco de farinha, encontrou a senhora professora que lhe pediu a farinha para fazer uns bolinhos. Como o macaco não sabia fazer bolinhos com a farinha, deu a farinha à senhora professora. Mais tarde, quando voltou a ter fome, resolveu ir ter com a senhora professora e pedir-lhe alguns bolinhos. Mas os bolinhos já tinham sido todos comidos. Ninguém tinha guardado uns bolinhos para oferecer ao macaco. Então ficou furioso e roubou uma menina da senhora professora.

Só que, para espanto do macaco, a menina começou a chorar. Teve pena da menina e foi levá-la à mãe. Para que é que quereria uma menina? Mas mais tarde, quando chegou a casa e viu tudo desarrumado, pensou que a menina poderia trabalhar para ele e ajudá-lo a limpar e a arrumar a casa e por isso resolveu ir buscá-la. Quando foi buscar a menina, a mãe não lha deu, claro, e então, furioso, levou–lhe a camisa do marido que estava pendurada na corda da roupa.

No caminho, encontrou o músico com uma viola que lhe pediu a camisa. Como a camisa do músico já estava muito velhinha o macaco deu-lhe a camisa. Mas o músico quando foi para casa vestir a camisa, ela rompeu-se, e teve de a deitar fora. Quando chegou a noite e o macaco sentiu frio, quis a camisa de volta, mas o músico já não a tinha porque a camisa tinha–se rompido. Então, tirou a viola ao músico e fugiu.

O macaco subiu então para cima do telhado e começou a cantar:

"Do rabo fiz navalha, da navalha fiz sardinha, da sardinha fiz farinha, da farinha fiz menina, da menina fiz camisa, da camisa fiz viola, Tum…Tum…Tum… que eu vou p’ra Angola, Tum…Tum…Tum… que vou… ".


sexta-feira, 10 de julho de 2020

Restos de festas

de anos sem conta
nem peso
que sabem a baunilha.
Sorrisos com falta
de dentes
à vista de jovens elegantes
que dançam.
Vestígios de infinitos
que foram.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

A Mulher Leoa

Naquele ano, o sol escaldava toda aquela vasta região. À míngua de água, as plantas morriam e os animais, que com elas se sustentavam, fugiam para longe em busca de alimento, ou pereciam no mato, reduzidos a pele e osso. Ora os leões, que se nutrem de carne, já nada tendo para caçar, resolveram reunir-se, a fim de encontrar solução para tão angustioso transe.
-Que fazer? - perguntavam uns aos outros. - À nossa roda só vemos ossos, e nós, reis da selva, não vamos ficar para aí a rilhá-los, quais desprezíveis rafeiros ...
Como sempre acontece quando a fome aperta, a barafunda era geral, os rugidos abalavam a floresta e as garras dos mais impacientes estendiam-se como que a rasgar os corpos de presas invisíveis ... Nisto, o mais velho dos leões, que até aí se mostrara indiferente, ergueu a bela e majestosa cabeça. Fez-se silêncio. E o velho leão disse:
-Amigos, toda essa discussão não serve para nada, pois o nosso caso só pode resolver-se pela astúcia. Como sabeis, a aldeia onde vivem os homens não fica muito longe daqui - um dia de caminho. Ora os homens, que sabem abrir poços e desviar as águas, têm gado em abundância, que será nosso, desde que consigamos desfazer-nos de Negana Kimona, que é o dono dele. E como? Pensei neste ardil: uma leoa tomará a aparência de mulher, atravessará a aldeia e, ao passar junto da casa de Negana Kimona, dirá:
-Vou para longe, à procura de meu irmão.
-Negana Kimona não deixará de lhe falar em casamento, que ela aceitará. Uma vez casados, a leoa matará Negana, e nós apoderamo-nos do gado.
Todos aprovaram o engenhoso plano. Industriaram a leo e, quando chegaram perto da aldeia, deram àquela a aparência de mulher, vestindo-a e penteando-a convenientemente.
Atravessada a povoação, a mulher leoa avistou, sentado na varanda, Negana Kimona, que lhe perguntou:
-Aonde vais?
-Vou para longe, à procura de meu irmão. Mas estou cansada e com sede. Dá-me um pouco de água.
Negana Kimona deu-lhe a água, esperou que bebesse e perguntou:
-És casada?
-Não!
-Queres casar comigo?
-Não me desagradas. Aceito!
E logo ele lhe ofereceu uma casa no outro extremo da aldeia e uma cabra para comer.
Acontecia, porém, que Negana Kimona tinha, de outro casamento, um filho, chamado Nedalja Kimona. Quando este ouviu que o pai ia viver para outra casa pediu para o acompanhar e dormir com ele. Negana, a princípio, recusou-se a satisfazer o desejo do filho, mas a criança tanto insistiu, com rogos e lágrimas, que acabou por convencê-lo. Chegados a casa da noiva, esta estranhou a presença do pequeno, mas Negana explicou-lhe o que se passava. Quando se recolheram para dormir, o pai ficou no chão, junto do filho. Alta noite, a falsa mulher levantou-se e, de novo leoa, dispôs-se a atacar Negana. A criança, que vira a transformação, acordou o pai:
-Pai, acorda, que o chão está a morder!
Negana ergueu-se, mas, como a leoa se transformara outra vez em mulher, não ligou importância ao que o filho lhe dissera.
Na manhã seguinte a mulher observou ao marido:
-Esta criança acordou-te de madrugada. Porque o deixaste vir contigo?
-Porque tive pena dela!
-Vinda a noite, a falsa mulher parecia escutar, trazida no sussurro do vento, a recriminação dos leões:
-Foste para matar Negana Kimona. Porque não cumpriste?
Enraivecida, volta a tomar forma de leoa, e de novo tenta apoderar-se de Negana.
A criança, aterrada, sacode o pai:
-Pai, o chão está a morder!
-Como pode ser isso, meu filho, se a casa é nova e não tem bichos?
E tornou a deitar-se.
Outra vez, o vento trouxe o apelo longínquo dos leões:
-Porque não matas Negana Kimona?
-Pai, acorda, está aqui um animal feroz!
Irritado, Negana disse ao pequeno:
-Vou levar-te para a outra casa. Aqui, contigo, não se pode dormir.
E saíram, apesar de ser noite alta.
No caminho, Nedalja avisou o pai:
-A tua mulher transformou-se em leoa.
-Filho, estás louco! Como é isso possível?
-Afianço-te que se transforma em leoa. Se queres a prova, voltemos para trás e finjamos que dormimos.
Assim fizeram. Como a falsa mulher estranhasse o regresso da criança, Negana explicou que a não convencera a partir. Deitaram-se de novo, mas, desta vez, Negana cobriu a cabeça de forma a poder observar o que se passava. Escutando o apelo dos leões, a mulher transformou-se em leoa, pronta a devorar o homem. Ao vê-la, Negana acreditou então no filho. Levou-o para a outra casa e disse aos seus homens:
-A mulher que desposei costuma transformar-se em leoa, com o fito de me matar. Parti imediatamente, cercai a casa e lançai-lhe fogo.
E assim morreu assada a mulher leoa.

Contos adaptados da tradição popular por Fernando de Castro Pires de Lima, Edições Majora, Porto, Maio 1990

quinta-feira, 4 de junho de 2020

As avós

A avó materna era a mais bonita e asseada menina daqueles lugares da Serra. Tinha um quarto só para ela, onde não havia pulgas, numa casa cheia delas. Merecia casar com o rapaz mais bonito e rico da região e era isso que esperava. Em vez disso quem se apaixonou por ela foi o rapaz mais bonito mas não tão rico. Embora tenha conseguido que ele comprasse uma casa com terreno e árvores para viverem para sempre, nunca se livrou do desgosto de não ter casado com o rapaz mais rico.

A avó paterna ficou órfã de mãe quando era criança e teve que cuidar das irmãs e dos irmãos porque o pai não lhes ligava nenhuma. Ela odiava o pai de tal maneira que quando cresceu até mudou de apelido. Uma das irmãs tinha um namorado que ia embarcar num navio para África e pediu a um amigo que fosse com ele despedir-se dela e garantir que esperaria pelo seu regresso para casarem. Esse amigo confundiu os nomes das irmãs. Apaixonou-se pela namorada do amigo pensando que se tinha apaixonado pela irmã. De África mandaram cartas de amor. Quando regressaram casaram com a que tinha o nome para quem tinham escrito. A avó detestou o marido quase tanto como tinha detestado o pai e nunca aprendeu a ler.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

A primeira descrição de surf registada

29 de maio de 1769 - A PRIMEIRA DESCRIÇÃO DE SURF REGISTADA

No nosso regresso ao barco, vimos os índios divertirem-se ou exercitarem-se de uma maneira verdadeiramente surpreendente. Era  num lugar em que a costa não era protegida por um recife, como é habitualmente o caso; consequentemente, uma onda alta caiu sobre a praia, uma mais mortífera não vi muitas vezes: nenhum barco europeu poderia ter desembarcado com ela e acho que nenhum europeu que tivesse sido apanhado por ela poderia ter salvo a sua vida, pois a costa estava coberta de seixos e pedras grandes. No meio dessas rebentações, 10 ou 12 índios estavam a nadar, que sempre que uma onda chegava ao pé deles mergulhava sob ela com infinita facilidade, subindo do outro lado; mas a diversão deles era levada na popa de uma velha canoa; com isso, à frente deles, nadavam até à ondulação mais exterior, então um ou dois entravam nela e, opondo-se ao extremo abrupto da onda, eram levados ​​com incrível rapidez. Às vezes eram levados quase até terra, mas geralmente a onda rebentava sobre eles antes de chegarem a meio caminho; nesse caso os mergulhadores rapidamente subiam do outro lado com a canoa nas mãos, que era rebocada novamente e o mesmo método repetido. Ficámos a admirar essa cena maravilhosa durante meia hora, período em que nenhum dos actores tentou desembarcar, mas todos pareciam muito entretidos com a sua estranha diversão.

Extracto do Diário Endeavour de Joseph Banks
Traduzido de «Extracts from the Endeavour Journal of Joseph Banks (1769)» em The Public Domain Revue consultado hoje: 28 de Maio de 2020

Retrato de Akhmatova por Modigliani

A 1911 portrait of Akhmatova by Amedeo Modigliani: she addressed him in a poem with the lines ‘When you’re drunk it’s so much fun/Your stories don’t make sense’ (Credit: Alamy)
Retrato de Akhmatova por Modigliani

quinta-feira, 23 de abril de 2020

quarta-feira, 22 de abril de 2020

a ofensa arrasta com ela a rixa

«(...) Está na natureza que à ofensa se responde pela astúcia ou pela violência, que a ofensa arrasta com ela a rixa que põe o ofensor na posição de ofendido. Se Denissov tivesse agido como homem, quer dizer, se se sentisse vexado, se se tivesse batido, se tivesse apresentado queixa, se o juiz o tivesse condenado à prisão ou anulado aquilo por "falta de provas", Kouzma sentir-se-ia calmo; mas assim, sempre a acompanhar a carroça, tinha o ar de alguém a quem faltasse qualquer coisa.
-Eu não roubei o teu dinheiro - disse ele.
-Está bem, não roubaste. Estamos de acordo.
-Vamos a Tolileievo, eu irei ter com o regedor. Para que ele trate do assunto...
-Não há nada a resolver. O dinheiro não é assunto dele. Vais largar-me meu velho, segue o teu caminho. Não quero ver-te mais!
-Toleirão, nem sequer se pode brincar contigo, que logo te zangas... vá... toma lá o teu dinheiro! Eu só queria rir-me!
Kouzma tirou da algibeira umas quantas notas de rublo e entregou-as a Denissov. Este não se mostrou surpreendido nem alegre e, com ar de quem já esperava por aquilo, pegou no dinheiro e sem uma palavra meteu-o no bolso.
-Eu estava a brincar - continuava Kouzma, lançando um olhar interrogador para o rosto impassível de Denissov. (...)»

Contos e Narrativas de Tchekov, volume IV, "Encontro", p. 313, 314

terça-feira, 7 de abril de 2020

A vizinha de cima

A vizinha de cima quer chatear quando anda com tamancos de madeira a meio da noite? Ninguém sabe. Talvez queira não se sentir tão sozinha na sua insónia.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Abydos

There was once a potter in Egypt who made a ball-shaped jug with four feet, to keep it from rolling. She decorated it with elegant plant motifs. The potter had a daughter who made a hedgehog head and carefully glued it right in front of the jug, to make it funnier. She also painted the hedgehog's ears and spikes and highlighted the paws and plant motifs. Then the jug was fired in the kiln and went on for the millenias to come: before and after Jesus Christ, from the New Kingdom to the United Kingdom.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Constelação de Pégaso


Representação da constelação de Pégaso num texto árabe intitulado Abd al-Raḥmān ibn ʿUmar al-Ṣūfī. Kitāb waruwar al-kawākib al-bābita (c. 1430-1440).
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sexta-feira, 6 de março de 2020

As nuvens

São as nuvens que nos salvam do Sol e da secura.
São as nuvens que salvam o Sol da solidão celeste.
São as nuvens que desenham as nossas ideias inconscientes no céu.
São as nuvens que ocultam as estrelas e mostram pingos de água.

As mulheres do Renascimento e da Idade Média

A mulher do Renascimento disse-lhe que o jantar estava pronto.
A mulher da Idade Média disse-lhe que ainda faltavam uns séculos para que se pudessem casar pelo civil. 

quinta-feira, 5 de março de 2020

Verdade

Espias e espiões não têm dúvidas sobre a verdade. Escondem-na de X para a revelarem a Y. 

Penélope

Um projecto de tecelagem, tricot, crochet, etc. que ao fim de dez anos ainda não está acabado é uma experiência feminina comum. Chama-se Penélope.   

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Ontem

Ontem 
Houve dia e houve noite 
Mas não houve princípio, meio ou fim senão convencionalmente 
Ontem é uma palavra útil 
Relativamente
Desliza

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

As estações

«Uma menina de seis anos vai para a escola. Na entrevista, perguntam-lhe quantas estações do ano conhece ... Ela pensa por um momento e diz com confiança:
-Seis!
O director com tacto sugere:
-Pense melhor.
A menina pensa novamente por um momento e diz:
-Sinceramente, não me lembro de mais ... Seis!
O director olha expressivamente para a mãe da menina que ficou vermelha, e diz-lhes que saiam por um minuto para o corredor ...
Lá, a mãe indignada pergunta à filha:
-Bem, Lena, o que foi isso?!
-Mas mãe ... - responde a filha com lágrimas nos olhos - Eu realmente não me lembro de mais, só "As estações" de Vivaldi, Haydn, Piazzola, Lucier, Tchaikovsky e Glazunov! ...
Mãe:
-Lena! E Desyatnikov e Cage!?»

Traduzida. Não sei quem escreveu. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Micróbios na mão


Tasha Sturm pediu ao filho de 8 anos que pusesse a mão numa geleia própria para o estudo do desenvolvimento de bactérias no laboratório do Cabrillo College, onde trabalha. Depois de alguns dias no laboratório os micróbios desenvolveram-se. 
Tasha Sturm. Cabrillo College 
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