Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




sábado, 26 de fevereiro de 2011

a criação da família


ou o caracter chinês que significa neto ou neta: criança (à esquerda) da linhagem familiar (à direita)

lidos de forma diferente em línguas orais diferentes, os caracteres ideográficos permitem sempre a comunicação entre pessoas que, não falando a mesma língua, os conheçam

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

crónica dos eremitas da serra d'ossa

A Crónica dos Eremitas da Serra d'Ossa está on-line:
Chronica dos Eremitas da Serra de Ossa no Reyno de Portugal e dos que Floreceram em todos os mais Ermos da Christandade

recomendo-a aos inumeráveis solitários que não se incomodam com acordos e gostam de ler português seja qüal for a ortografia ;)

"o que graciosamente se recebe, de graça se deve dar" Hilariaõ, p. 501


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

tentativas

é devido ao que não se pode dizer que se pode dizer alguma coisa
é devido à luz dos faróis que os campos ficam escuros
e é devido à unidade dos sentidos que nos podemos julgar independentes

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

nós, os bárbaros

nós, portugueses, os bárbaros que chegámos do sul, andámos pelo Japão entre 1543, data provável do desembarque em Tanegashima, e 1639, ano do derradeiro édito de expulsão

tínhamos este aspecto  e éramos gente que passava a vida errando de aqui para além, sem morada certa, a trocar o que tínhamos pelo que não tínhamos, segundo a crónica escrita em 1606 pelo monge budista Nampo Bunshi

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

quando o sol chega leste e oeste chegam

graus subtis
de domínio e servidão
é o que conheces como amor

mas o amor é diferente
chega completo
apenas aí
como a lua na janela

como o sol
nem do leste nem do oeste
nem de nenhum lugar

quando o sol chega
leste e oeste chegam

Rumi

traduzido da tradução para inglês de Daniel Liebert
in “The Rumi Collection

sábado, 19 de fevereiro de 2011

não te contentes com histórias

Uma ostra abre a sua boca para engolir uma gota.
Agora há uma pérola.

Um vagabundo vagueia entre ruínas
Subitamente está rico.
Mas não te contentes com histórias,
como foram as coisas com outros.

Desdobra o teu próprio mito
sem explicação complicada,
para que toda a gente compreenda a passagem
Nós abrimos-te

Rumi

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

a flor subterrânea

a orquídea "Rhizanthella gardneri" é uma flor australiana muito rara que vive apenas debaixo da terra

todas as orquídeas são interessantes, incluindo o próprio nome, que deriva da palavra grega que significa testículos

mas esta é mesmo muito difícil de encontrar: é preciso andar de gatas debaixo das moitas de Melaleuca uncinata, onde ela vive em associação com um fungo que por vezes se encontra nestas raízes, e esgravatar com muita cautela entre Maio e Julho, início do inverno na Austrália

a comunidade científica conhece cerca de cinqüenta exemplares em estado natural na Austrália Ocidental, entre Corrigin e Babakin, e a noroeste de Munglinup, mas os locais exactos são mantidos secretos por razões óbvias




quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

pastores

pintura corporal dos Surma, Vale do rio Omo, Etiópia

pinturas feitas com barro branco e água, passando os dedos sobre o corpo

o branco é associado à actividade de pastores

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

a experiência da possibilidade

   Quando é que nos ocorre o pensamento seguinte: a máquina tem já em si, de uma maneira misteriosa qualquer, os seus movimentos possíveis? Bem, quando se faz Filosofia. E o que é que nos desviou para este pensamento? A maneira como falamos da máquina. Nós dizemos, por exemplo, que a máquina tem (possui) estas possibilidades de movimento; falamos da máquina rígida ideal, que só se pode movimentar desta e daquela maneiras. - A possibilidade de movimento o que é? Não é o movimento; mas também não parece ser a simples condição física do movimento - como quando se deixa uma folga entre o perno e a cavilha de tal modo que o perno não fica rigorosamente apertado à cavilha. Esta é de facto empiricamente a condição do movimento, mas também seria possível fazer da coisa uma concepção diferente. A possibilidade de movimento é antes suposta ser uma sombra do próprio movimento. Mas conheces uma tal sombra? E por sombra não entendo eu uma imagem, qualquer que seja, do movimento - porque esta imagem, não seria necessariamente a imagem deste movimento em particular. (Repara na altura a que chegam aqui as ondas da linguagem)!
   As ondas acalmam e agora podemo-nos pôr a seguinte pergunta: quando falamos àcerca de uma máquina, como é que usamos a expressão «possibilidade de movimento?». - Mas, então, donde é que vieram as ideias estranhas? Bem, eu mostro-te a possibilidade do movimento, talvez por meio de uma imagem do movimento: «então a possibilidade é semelhante à realidade». É como quando dizemos «ainda não está em movimento mas já tem a possibilidade de se mover» - «e assim a possibilidade é algo que está muito perto da realidade». Podemos às vezes duvidar se esta e aquela condições físicas tornam possível este movimento, mas nunca duvidamos se isto é a possibilidade deste ou daquele movimento: «assim a possibilidade do movimento está para o próprio movimento numa relação peculiar, mais estreita que a da imagem com o seu objecto», uma vez que se pode duvidar se isto é uma imagem deste ou daquele objecto. Nós dizemos: «A experiência mostrará se isto dá ao perno esta possibilidade de movimento», mas não dizemos: «A experiência mostrará se isto é a possibilidade deste movimento»; «e assim não é um facto da experiência que esta possibilidade é a possibilidade deste movimento em particular».
   Ao repararmos nas nossas próprias expressões acerca destas coisas, em vez de as compreendermos, damos-lhes interpretações erradas. Quando fazemos filosofia somos como selvagens, homens primitivos, que ouvem as expressões dos homens civilizados, interpretam-nas erradamente e tiram, da sua interpretação, as conclusões mais extravagantes.

Ludwig Wittgenstein, Investigações Filosóficas, 194

in "Tratado Lógico-Filosófico, Investigações Filosóficas", p. 315 a 317, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2002

domingo, 13 de fevereiro de 2011

choupo

No cruzamento de dois caminhos
Sou como um choupo ao vento

Mais uma vez falhei
Perdi o jogo final
Parece que não sou como outros
Rio quando deveria chorar
Vou na direcção contrária
Não peço, não acredito, não temo
Não peço, não acredito, não temo

Não há ninguém que possa culpar
Não há ninguém que eu devesse perdoar
Sei que não posso mudar nada
Para quê prometer o que não posso cumprir?

Não faz sentido esperar
Até que venha outra perturbação
Vou buscar um bilhete só de ida
E voar para sempre
E voar para sempre

Algures no fundo da minha alma
Centelhas de fogo estão a arder
Nenhuma ofensa, nenhuns maus sentimentos...
Não há lugar para mim aqui
Não há lugar para mim aqui

VITAS

tradução da tradução para inglês do original russo "Тополь"

sábado, 12 de fevereiro de 2011

pode chamar-se ao mundo um mito

"pode chamar-se ao mundo um mito no qual os corpos e as coisas estão visíveis, mas as almas e as mentes escondidas."

Salústio, séc IV d.C., "Dos Deuses e do Mundo", Capítulo III

a imagem é de um "contorniato", medalha de bronze com contorno característica da época, com a legenda "SALUSTIUS AUTOR"

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

faltar à escola

"aos quinze anos faltava à escola (...) para me esconder na biblioteca do Departamento de Educação em Albany, New York, abrindo caminho através de uma edição de dez volumes de "The Golden Bough"* de James Frazer, e de uma colecção de quinze volumes sobre religiões comparadas, incluindo uma obra enorme sobre os Druidas e as religiões célticas"

Marion Zimmer Bradley, "As Brumas de Avalon", Agradecimentos

*O Ramo de Ouro

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

lesma do mar

as lesmas do mar são parecidas com as lesmas da terra mas muito coloridas e há muitas variedades diferentes - comem outros invertebrados

há muitos exemplares no fundo do porto da Horta, na ilha do Faial, Açores - ver aqui

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

pilares vermelhos

São Petersburgo fica na margem do rio Neva que desagua no golfo da Finlândia, no mar Báltico

de 1914 a 1924 a cidade chamou-se Petrograd

Anna Ostroumova-Lebedeva pintou "Pilares Vermelhos de Petrograd" em 1922

é uma aguarela em papel que está no Museu Russo de São Petersburgo


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

a moda e a guerra

a estética dos trajes militares não é a menor das preocupações dos guerreiros

uniformes da guerra civil russa de 1918-1922, ilustração de Andrei Karachtchouk

o uniforme de cabedal vermelho foi usado pelo pessoal do comboio blindado de Trotsky

domingo, 6 de fevereiro de 2011

as formas invisíveis

Cada pessoa vê o invisível na proporção da clareza do seu coração,
e isso depende de quanto o poliu.
Quem poliu mais vê
mais - mais formas invisíveis se lhe tornam manifestas.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ano novo lunar

hoje é o primeiro dia do primeiro mês no calendário lunar dos países asiáticos 
na China chama-se ano do coelho, no Vietname ano do gato