Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quinta-feira, 28 de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

HIBERUS

Cavalo (o link é para um fórum sobre sítios arqueológicos em Portugal, é preciso descer na página até 12 de Março de 2006) Mosaico dos Cavalos, Vila Romana, Sítio arqueológico de Torre de Palma, Vaiamonte, Monforte, Alentejo

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

imaginações

"As pessoas da sociedade dividem a humanidade em duas categorias opostas. A primeira, turba insípida, estúpida e, sobretudo, ridícula, imagina que os maridos devem ser fiéis à mulher, as raparigas puras, as mulheres castas, os homens corajosos, firmes e sóbrios, que é preciso educar os filhos, ganhar a vida, pagar as dívidas, e outras frioleiras; são os fora de moda. A segunda, pelo contrário - a «alta-roda» -, a que todos se gabam de pertencer, preza a elegância, a generosidade, a audácia, o bom humor, abandona-se sem pudor a todas as paixões, e não quer saber de mais nada."

Leão Tolstoi, Ana Karenine (1873-77), tradução de José Saramago, p. 124, Estúdios Cor, Maio de 1969

Retrato de Leo Tolstoy, 1887, por Ilya Repin

sábado, 23 de outubro de 2010

amor do coração da erva

A linha na mão gentil de uma mãe

Faz o casaco para as costas do viajante.

Antes dele partir ela apertou as costuras

Com secreto receio de que ele tardasse a regressar.

Quem diria que um centímetro de erva tem no coração

Amor suficiente para toda a luz do Sol da primavera?

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tradução da tradução inglesa do poema Canção do Viajante de Meng Jiao (Meng Chiao) 孟郊 Mèng Jiaō (751-814)

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pintura de Anna Hsu

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

a ler

Vicenzo Foppa

"Jovem Cícero a ler"

Fresco de 1464, Milão, Palácio dos Medicis.

Presentemente em Londres, na colecção Wallace.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

luz

A ciência procura constâncias: o que nunca muda. A mais enigmática das constantes físicas é provavelmente a velocidade da luz no espaço. Não importa onde nem quando nem se a luz vem para cá ou vai para lá, a física mede sempre a mesma velocidade da luz. Em relação a este movimento constante qualquer outro movimento é relativo: depende da velocidade do que é medido e daquilo que mede.

A constância da velocidade da luz depende de duas outras (não tão constantes) relacionadas: o espaço e o tempo - que não são tão constantes porque as massas os deformam. Apesar disto a velocidade da luz continua constante.

A velocidade da luz é tão elevada que até ao séc. XVII se pensava que era instantânea - o que acontece à superfície da Terra e na vida quotidiana é que se faz fogo aqui e a luz é vista imediatamente a quilómetros de distância. Mas já não é assim quando se observa a luz no espaço. Que a luz se move foi descoberto usando o telescópio para observar as luas de Júpiter.

A luz demora, portanto, um certo tempo a viajar no espaço, o que a torna mais material - diz-se que é composta por partículas a que se chama fotões.

Vem tudo isto a propósito de João Magueijo, um físico português que propõe que, embora a velocidade da luz seja constante agora, talvez não o tenha sido no início do Universo. O seu livro "Mais rápido que a luz" é sobre isto mas também sobre as condições em que a ciência é realizada e as suas descobertas estabelecidas como verdades.

Certo é que procuramos constantemente a iluminação do conhecimento ;)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

mens agitat molem

mens agitat molem* é uma citação de Virgílio (70 aC - 19 aC): Eneida, capítulo VI (No Mundo dos Mortos). Eneias encontra o pai, Anquises, a quem pergunta quem são os que bebem as águas do Lethes, o rio do esquecimento, ao que o pai lhe responde que são as almas que hão-de vir a ter corpos e esquecem as suas vidas passadas. Eneias não compreende que as almas sublimes queiram voltar à vida. O pai explica-lhe então que "a mente (espírito) agita a matéria (mole)".

Na única tradução em português que encontrei na internet - Manuel Odorico Mendes (1799-1864) - a frase está diluída:

"Desde o princípio intrínseco almo espírito

(745) Céus e terra aviventa e o plaino undoso,

O alvo globo lunar, titâneos astros,

E nas veias infuso a mole agita,

E ao todo se mistura: homens e brutos,

Voláteis gera e anima, e o que de monstros

(750) O cristal fluido esconde. Há nas sementes

Ígneo vigor divino, enquanto a nóxia

Matéria o não retarda, nem o embotam

Órgãos terrenos, moribundos membros.

Daqui vêm dor, prazer, cobiça e medo;

(755) E à clara alteza os míseros não olham,

Em cega negregura encarcerados."

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A imagem é de Vladimir Kush, Partida do Navio Alado

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*é preciso carregar em "Mystic Verse" e depois em "Virgil's mens agitat molem" para aceder ao PDF (em inglês) que vos convido a ler.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

a vida é uma ideia abstracta

"A subjacente atracção do movimento da água e da areia é biológico. Se olharmos mais profundamente podemos vê-la como a base de uma ideia abstracta que nos liga à ilimitada mecânica do universo." Sir Geoffrey Jellicoe

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

poemas de um homem como Platão

Estes Poemas, Disse Ela

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Estes poemas, estes poemas,

estes poemas, disse ela, são poemas

com nenhum amor neles. Estes são poemas de um homem

que deixaria a sua mulher e criança porque

fazem barulho no seu escritório. Estes são os poemas

de um homem que assassinaria a sua mãe para reclamar

a herança. Estes são os poemas de um homem

como Platão, disse ela, querendo dizer qualquer coisa que eu não

compreendi mas que no entanto

me ofendeu. Estes são os poemas de um homem

que havia de preferir dormir consigo mesmo em vez de com mulheres,

disse ela. Estes são os poemas de um homem

com olhos como uma plaina, com mãos como as mãos

de um carteirista, tecidos com água e lógica

e fome, com nenhum fio de amor neles. Estes

poemas são tão sem coração como a canção de um pássaro, tão sem querer

como folhas de olmo, que se amam amam apenas

o vasto céu azul e o ar e a ideia

de folhas de olmo. O amor próprio é um fim, disse ela,

e não um princípio. Amor quer dizer amor

da coisa cantada, não da canção ou do cantar.

Estes poemas, disse ela....

Tu és, disse ele,

bonita.

Isso não é amor, disse ela com razão.

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Robert Bringhurst, A beleza das armas

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

não romântica

"Qualquer coisa real, fresca e sólida se estende à sua frente; qualquer coisa não romântica como segunda-feira de manhã, quando todos os que têm trabalho despertam com a consciência de que têm de levantar-se e entregar-se a isso."

Charlotte Brontë, Shirley, 1849

(Something real, cool and solid lies before you; something unromantic as Monday morning, when all who have work wake with the consciousness that they must rise and betake themselves thereto.) Chapter I, Levitical

rimas

- 92 rima

com 52.

- Pois,

e 92 dC rima

com 52 aC

não é?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010