Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




domingo, 30 de novembro de 2008

Filmes

"O ser humano pode não ser mais real que um filme de cinema. Quando a luz projectada se desliga tudo o que permanece é o écran branco. Aquilo que foi projectado pela luz foi uma série de imagens paradas. Assim também é o que é projectado pela 'vida'. Quanto mais consideras a analogia, mais perfeita ela parece ser: pode ajudar-nos a compreender." - Wei Wu Wei

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Os machos dominantes são muito susceptíveis

O livro "No Reino do Urso Polar" é a tradução portuguesa de "Kingdom of the Ice Bear" publicado em 1985 por Hugh Miles e Mike Salisbury, na sequência de dois anos de filmagens para a realização de três programas para televisão, sobre a vida selvagem no Ártico. É um livro notável sob muitos pontos de vista.

A partir da pág 177 descrevem-nos as tentativas de filmar bois almiscarados a lutar pelas fêmeas: eles carregam um sobre o outro de uma distância de 60 metros até chocarem de cabeça, fazendo ressoar os espessos cornos e os crâneos, uma e outra vez, até um deles se afastar. Isto acontece em meados de Agosto, no breve período em que o gelo dá lugar à erva. Para desespero de Hugh e Mike todos os animais que encontravam estavam a pastar tranquilamente. Anne Gunn, bióloga da vida selvagem, grande conhecedora de bois almiscarados, explicou-lhes o ciclo das lutas:

"As condições climáticas são a influência natural dominante sobre as populações de bois almiscarados. Invernos e Primaveras muito severos afectam não só o número de crias nascidas mas também o número de adultos que chegam ao Verão. (...) Os machos dominantes são particularmente susceptíveis pois, se são em grande número nesta altura do ano (período do cio), o nível de agressões por causa das fêmeas, é muito elevado. A actividade sexual e as lutas deixam-lhes muito pouco tempo livre para se alimentarem."

Isto é: os machos que se envolvem em lutas não se alimentam o suficiente e são os primeiros a morrer, se o Inverno for muito prolongado. No ano seguinte há tão poucos machos que não há lutas.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Que daqui em diante não se faça como dantes se fazia

"A cal é usada em operações mágicas. No mês de Janeiro, mês evocativo de Jano, o deus de duas caras e do dinheiro, a avidez da cal por água converte-se magicamente em avidez monetária. Se lançada junto das portas atrai dinheiro para casa. Tal é confirmado pelo preâmbulo da carta régia de 1385, destinada a expurgar a idolatria para agradar a Deus, pode ler-se: «esguardando alguns graves pecados que se em esta cidade de Lisboa de mui longos tempos acá faziam, e estremadamente pecados de idolatria e costumes danados dos gentios, que em ela de grandes tempos guardavam».

Na mesma carta se dispõe a seguir: «nenhuma pessoa use nem obre de feitiços, nem de legamentos, nem de chamar os diabos, nem de escantações, nem de obra de vedeira, nem obre de carântulas, nem de agoiros, nem de sonhos, nem de encantamentos, nem lance roda, nem meça cinta, nem se cante olhado nem guem, nem lance água per joeira, nem faça remédio outrossim algum per a saúde de algum homem ou animália, qual não conselhe a arte da física. Outrossim estabelecem que, daqui em diante, em esta cidade e em seu termo, não se cantem Janeiras nem Maias, nem a outro nenhum mês do ano, nem se lance cal às portas sob título de Jano, nem se furtem águas, nem se lancem sortes, nem se britem águas, nem se faça alguma outra obra nem observância, como se dantes faziam».

Oliveira Martins, A Sociedade Medieval Portuguesa. Aspectos de Vida Quotidiana , 4.ª ed., Lisboa, Editora Sá da Costa, 1981, p. 171.

Citado em EXERCÍCIO SOBRE A CAL, Maria Teresa Gonçalves dos Santos, Universidade de Évora - 2004

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A Estação Espacial

A Estação Espacial fez 10 anos.

É o resultado da cooperação da NASA, das Agências Espaciais da Rússia e do Canadá, da Agência de Prospecção Aeroespacial do Japão e de 11 membros da Agência Espacial Europeia.

Para a construção da Estação Espacial foi preciso superar diferenças linguísticas, geográficas e tecnológicas.

No dia 20 de Novembro de 1998 foi posto em órbita, a cerca de 400 km da Terra, o modelo russo “Zarya” que constituiu a base sobre a qual começou a crescer o que é agora a Estação Espacial Internacional.

A primeira pessoa a habitar a Estação Espacial chegou no ano 2000. Desde então já lá viveram 167 pessoas por períodos que variam de alguns dias a alguns meses.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Santa Catarina

Hoje é dia de Santa Catarina de Alexandria, padroeira dos estudantes de filosofia.

A canção é popular e tem diversos tons de voz, a negrito está a muito grave, a itálico a aguda e a azul a muito aguda.

.

..

A Santa Catarina, perlim, perlim, pompé

A Santa Catarina, perlim, perlim, pompé

Era filha de re-e-ei

Era filha de re-e-ei

Era filha de re-e-ei, PUM

.

Seu pai era pagão, perlim, perlim, pompé

Seu pai era pagão, perlim, perlim, pompé

Sua mãe não era nã-ã-ão

Sua mãe não era nã-ã-ão

Sua mãe não era nã-ã-ão, PUM

.

Um dia a rezar, perlim, perlim, pompé

Um dia a rezar, perlim, perlim, pompé

Seu pai foi-a encontra-a-ar

Seu pai foi-a encontra-a-ar

Seu pai foi-a encontra-a-ar, PUM

.

Que fazes Catarina, perlim, perlim, pompé

Que fazes Catarina, perlim, perlim, pompé

Ajoelhada aí-í-í?

Ajoelhada aí-í-í?

Ajoelhada aí-í-í? PUM

.

Eu rezo a Deus meu pai, perlim, perlim, pompé

Eu rezo a Deus meu pai, perlim, perlim, pompé

Que não conheces tu-u-u

Que não conheces tu-u-u

Que não conheces tu-u-u, PUM

.

Ou tu paras de rezar, perlim, perlim, pompé

Ou tu paras de rezar, perlim, perlim, pompé

Ou eu vou-te mata-a-ar

Ou eu vou-te mata-a-ar

Ou eu vou-te mata-a-ar, PUM

.

Tu podes-me matar, perlim, perlim, pompé

Tu podes-me matar, perlim, perlim, pompé

Que eu não paro de reza-a-ar

Que eu não paro de reza-a-ar

Que eu não paro de reza-a-ar, PUM

.

Seu pai num turbilhão, perlim, perlim, pompé

Seu pai num turbilhão, perlim, perlim, pompé

Ergueu um facalhã-ã-ão

Ergueu um facalhã-ã-ão

Ergueu um facalhã-ã-ão, PUM

.

E os anjinhos do céu, perlim, perlim, pompé

E os anjinhos do céu, perlim, perlim, pompé

Cantaram-lhe as hossa-a-anas

Cantaram-lhe as hossa-a-anas

Cantaram-lhe as hossa-a-anas...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O vento anda a despir as árvores

O vento

anda a despir as árvores

devagarinho

impaciente

com ternura

com alegria...

As árvores meias nuas

deixam ver para lá de si

a torre e as muralhas do castelo

No chão há tapetes

que se levantam

e dançam

como damas

e dourados cavaleiros

Quando se abrem

os vidros da janela

a porta bate

e as folhas entram

e vão esconder-se

debaixo dos móveis

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

escravizados e perturbados por situações objectivas

"Amigos, quero dizer-lhes isto: não existe nenhum Buda, nenhum caminho espiritual para seguir, nenhuma formação nem realização. Correm tão fervorosamente atrás de quê? Querem colocar uma cabeça em cima da vossa própria cabeça, seus cegos idiotas? A vossa cabeça está exactamente onde deve estar. O problema reside em não acreditarem o suficiente em vocês próprios. Porque não acreditam em vocês próprios ficam encurralados aqui e ali por todas as condições nas quais se encontram. Sendo escravizados e perturbados por situações objectivas, não têm nenhuma liberdade, não se dominam a si mesmos. Deixem de se virar para o exterior e não se prendam nem sequer às minhas palavras. Deixem de se agarrar ao passado e de aspirar ao futuro. Isto será melhor do que dez anos de peregrinação."

Lin-chi Yi-sen ou Lin-chi I-hsuan, conhecido no Japão como Rinzai ou Rinzai Gigen, foi um dos iniciadores do budismo Zen. Viveu na China entre os sécs. VIII e IX

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Zero à esquerda

Apropriaram-se de tudo o que ela era, fazia e dizia.

Convenceram-na de que não tinha nenhum valor.

Ela sentia-se um zero à esquerda.

Foi então que procurando na internet descobriu isto!

E se riu! :)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Geleia de milho

Há muitos anos que descobri e gostei muito da geleia de milho produzida pela senhora Hortense Won. Este nome, meio português meio coreano, fazia-me sonhar com tentar encontrá-la na vida real o que, na verdade, nunca tentei.

Entretanto apareceram outras geleias de milho no mercado e não me tem sido nada fácil encontrar esta.

Procurando na internet pude ficar a saber muito sobre Hortense Won e a sua família e encontrei o site dos produtos Won. Se já gostava muito desta geleia de milho agora ainda gosto mais! :)

Aborrece-me que a publicidade se tenha apropriado dos discursos de apreço.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O imaginário

O filme "Sobreviver com os lobos" conta a história de uma menina que procura os pais que os nazis mandaram para leste. Ela tem uma bússola, uma boneca e uma grande vontade de os encontrar. Da Bélgica à Ucrânia ela sobrevive ao frio, à fome e à crueldade humana graças, também, à ajuda dos lobos.

A realizadora do filme, Véra Belmont, viveu uma realidade parecida, embora não tenha partido à procura dos pais e, por isso, realizou o filme. Pode dizer-se que é uma história de fadas com um final realista.

Este filme é baseado num livro que foi apresentado como história real pela autora que veio recentemente confessar que, na verdade, é uma ficção. Alguns leitores não lhe perdoam a traição outros congratulam-se pela beleza da ficção.

domingo, 16 de novembro de 2008

Quando negro valia ouro

"Fazia alguns anos, desde a lei de 1850 que proibira no Brasil o ingresso de novos escravos, negro valia ouro. Com a suspensão do tráfico e a crescente necessidade de braços para as lavouras do Sul, muitos senhores de engenho do Norte faziam fortuna exportando seus negros para as províncias meridionais. Os senhores do Engenho do Meio, não. Respeitando uma tradição que remontava a várias gerações passadas, até muito recentemente os Ribeiro jamais haviam transacionado com escravos. Não compravam nem vendiam. Os que ali estavam eram todos descendentes dos trazidos pelo bisavô de Ioiô Gonçalo, aquando da instalação do engenho, anos e anos atrás. Negros vez por outra enxertados com sangue novo de branco, de mestiço ou mesmo de escravos de outras propriedades, porém, em crcunstância alguma comercializados. Era uma espécie de acordo tácito, vantajoso para ambas as partes. Bem tratados e sem o fantasma da dilaceração familiar a lhes atormentar, os escravos do Engenho do Meio procriavam mais. Com isso, aumentavam a riqueza dos senhores, e os resguardavam dos prejuízos provocados por fugas, motins e sabotagens. Um arranjo simplista em sua concepção, mas que funcionara perfeitamente bem por muito mais tempo do que qualquer um ali podia se lembrar. Contudo, com a morte do Dr. Deocleciano, a pretexto de saldar débitos inadiáveis contraídos pelo finado, os novos senhores haviam quebrado a tradição. Violando a lei consuetudinária, venderam dois jovens escravos."

Aydano Roriz, Diamantes não são eternos, p. 60 e 61, Eurobest, Funchal, 2008

sábado, 15 de novembro de 2008

A coexistencia pacífica da ciência e da religião

Hoje é dia de Santo Alberto Magno (1193-1280), padroeiro dos estudiosos das ciências naturais.

Alberto Magno lia árabe e hebraico. Trouxe Aristóteles e as idéias da ciência e da filosofia judaica, árabe e neoplatónica, para as universidades europeias onde ensinou lógica, física, metafísica, psicologia, antropologia, ética, política e teologia.

Escreveu mais de vinte obras em latim sobre química, física, astronomia, meteorologia, mineralogia, zoologia e botânica, além de inúmeros tratados sobre artes práticas: tecelagem, navegação e agricultura.

Foi, sobretudo, um profundo observador e amante da natureza que defendeu a coexistência pacífica da ciência e da religião.

Seguindo as prescrições da ordem dos dominicanos, à qual pertencia, viajava a pé e pedindo esmola.

A imagem é do monumento a Alberto Magno do escultor Gerhard Marcks, na Universidade de Colónia.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Beijinho

Quando acordo a meio da noite, pelas 4h ou 5h da manhã, fico sempre um par de horas a pensar, ou num estado entre o pensar e o não pensar, mas nunca falo com ninguém. Esta semana, no entanto, as pessoas de quem mais gosto estão em Beijing e, lá, é meio-dia ou uma da tarde, por isso posso telefonar-lhes e mandar-lhes beijings! É mesmo bom! :)

A imagem tirei da net. É uma estátua do templo taoísta em Pequim.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Astronomia e Hora Legal

A Assembleia da Organização das Nações Unidas declarou 2009 como o Ano Internacional da Astronomia. Em Portugal o lema é: "DESCOBRE O TEU UNIVERSO"; no Brasil: "O UNIVERSO PARA VOCÊ DESCOBRIR".

O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) vai lançar um curso de Iniciação à Astronomia e Astrofísica, a começar no dia 10 de Janeiro de 2009, sábado, pelas 10h00. Pretende, entre outros objectivos, familiarizar os interessados com as grandes questões que se colocam aos astrónomos.

O Observatório Astronómico de Lisboa é também a instituição que tem a incumbência de manter e distribuir a Hora Legal em Portugal que pode ser visualizada nas suas páginas na internet. Disponibiliza ainda o serviço de sincronização com a Hora Legal .

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O que é o infinito?

Algumas respostas de alunas e alunos de uma escola secundária:

"o infinito não sei, porque o infinito ainda não acabou"

"é um fim que nunca acaba"

"todas as coisas têm o seu infinito"

"o infinito é uma coisa maravilhosa!"

"gosto de pensar no infinito; fico deslumbrada ao achar que é impossível"

"é mais ou menos um pesadelo, é um grande monte de perguntas para nós humanos: eu acho que as pessoas não devem pensar no infinito porque ficamos todos embrulhados"

"uma imensidão cada vez mais complicada"

"uma indeterminação usada em grandes quantidades"

"o infinito é um sempre, sempre, sempre"

"é sempre a andar, sempre a andar, sem nunca se cansar mas sem nunca lá chegar"

Teresa Vergani, O ZERO E OS INFINITOS, uma experiência de antropologia cognitiva e educação matemática intercultural, p. 35 a 41, Editorial Minerva, Lisboa, 1991

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A ficção oferece-se como realidade

Comunicamos por fora e por dentro. Com o corpo, a linguagem e os sentimentos. Chamamos “eu” ou “consciência” à unidade de todas as relações numa percepção global centrada. Mas esta integração é tão vasta que pode incluir a auto-reflexão a que se chama pensar e que usa as palavras. Assim, comunicamos por dentro com tudo, absolutamente, e por fora sobretudo com as outras pessoas. O que pode acontecer, e acontece, é julgar que a comunicação exterior, por palavras, é a única forma de comunicação.

Esta redução do todo a uma parte é característica da ciência. Não é possível investigar tudo, mas quem gosta de investigar e descobrir “coisas” (que são sobretudo relações) devido à própria coerência do pensamento, mas também à íntima relação que as partes têm com o todo, dirá sempre, com alguma razão, que o todo é como a parte que conhece. Se continuar a investigar vai sempre revendo a sua “visão geral” de uma forma mais vasta e então as primeiras ideias surgem-lhe como erros, embora não o sejam senão parcialmente.

De algum modo pode afirmar-se que não há Deus mas não pode negar-se a sua ausência, a sua falta, nem o nosso desejo d’Ele. Porque Lhe daríamos um nome se não estivesse em nós? Se não compreendêssemos o que a palavra nomeia? Porque, enfim, tudo nos é dado e é preciso dar graças por isso. Agradecemos a Deus. Precisamos de agradecer-Lhe porque isso é a alegria! A única verdade.

No entanto, tem que haver convenções básicas para nos entendermos por palavras, exteriormente, mas também no pensamento. Essas convenções são as bases – muito pouco firmes – em que assentam as construções culturais a que chamamos civilizações e atingem uma complexidade inabarcável. É claro que elas não são tão verdadeiras como a Natureza selvagem mas são-nos adaptadas, por isso as prezamos. O que não faz sentido, porém, é julgar que as ilusões que construímos são mais verdadeiras que a Natureza que as torna possíveis, que as permite. E ainda faz menos sentido negar à Natureza selvagem, que fundamenta tudo, o estatuto Divino. Ou negar à existência a pertença à possibilidade incompreensível a que chamamos Deus.

A razão é um nome para uma forma de pensar equilibrada em perpétua adaptação, não é um método. Um método é um molde que adapta a si o que investiga. Por isso é necessário conhecer o método para compreender os resultados. O que não vale é julgar que o que o método não pode adaptar a si não é conhecimento. (É por isto que há tanto insucesso escolar: o que os alunos sabem ou querem saber não é avaliado, apenas o que “devem” saber. Ora aprender é querer, não é dever. É querer e é prazer. Mas este assunto fica para outro dia.)

As civilizações tendem a esquecer que manifestam vontade colectiva, sobretudo quando há alguém que impõe a sua vontade e assim parece destruir ou, pelo menos, negar essa vontade colectiva, que é de toda a gente e não é de ninguém e sustenta a civilização. Que não está mais neste ou ali que naquela ou aqui, ainda que a algumas pessoas seja dado exprimi-la de forma mais clara ou mais profunda ou mais bela ou mais aterrorizadora... etc., etc.

A multiplicidade não cabe num texto. A verdade também não, embora nunca falte, em nada, a verdade. Precisamos de partilhar e valorizar os dons uns dos outros, isso é comunicar. Aquilo a que agora se chama comunicação é circulação de informações escolhidas: espectaculares, que se oferecem como realidade que não são.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

"Gaki"

Em Thimphu, a capital do Butão (Terra do Dragão), o novo rei, Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, de 28 anos, recebeu ontem a coroa das mãos do seu pai Jigme Singye Wangchuck, de 52 anos, que criou em 1972, e tem aplicado desde então, o índice de avaliação da Felicidade Interna Bruta (FIB).

A FIB contempla nove dimensões: bom padrão de vida económica; bom governo; educação de qualidade; saúde; vitalidade comunitária; protecção ambiental; acesso à cultura; gestão equilibrada do tempo e bem estar psicológico.

Os bons resultados no Butão chamaram a atenção da Organização das Nações Unidas (ONU) que estuda a aplicação prática de uma versão internacional da FIB como alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB) que é um índice que não avalia os custos ambientais, sociais e psicológicos da produção económica.

O Butão é um dos poucos países asiáticos que nunca foram colonizados.

Em butanês (dzongkha), felicidade diz-se “gaki”.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Aceitar tudo de livre vontade

  • "Uma vez que o mundo inteiro será necessariamente destruído
  • procuro um refúgio inexpugnável.
  • Encaro o familiar e o estranho do mesmo modo,
  • pois o desejo e o ódio já não estão em mim.
  • Vivo onde quer que me encontre,
  • debaixo de uma árvore, num templo ou numa colina.
  • Procuro o bem sem laços nem expectativas,
  • aceitando tudo o que me é dado de livre vontade."
Ashvagosha

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Incompreensão

Acontecem-nos coisas que não compreendemos. Não compreendemos o que nos dizem, ou porque dizem o que estão a dizer, ou porque o dizem nesse momento... Não conseguimos interpretar os motivos porque falam connosco ou porque não falam... Enfim... acontecem-nos coisas que não compreendemos.

Hoje aconteceu-me uma coisa que não compreendi. Possivelmente há-de haver uma explicação que talvez venha a encontrar no futuro. Prefiro não compreender que convencer-me que a explicação é x, ou y, ou z, sem provas. É que quando nos convencemos que alguma coisa é x, ou y, ou z, podemos vir a fazer com que seja isso... Assim, não compreendendo, mantenho-me aberta ao que o futuro possa trazer de esclarecedor. Se não trouxer... bem, fica como acontecimento inexplicável... Nem x, nem y, nem z...

Sei que não se compreende nada deste post. É que eu também não compreendo... A minha incompreensão é tão grande que me apetece perguntar se é possível, alguma vez, compreender seja o que for... É a mania de generalizar - que também não compreendo... :)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O inesperado

"Quem não espera o inesperado não o achará"

Heraclito, fragmento 18

citado na revista Teoremas de Filosofia, 3, p. 35, Porto, Primavera de 2001

no artigo de Fernando Bastos, "Para uma hermenêutica da Mensagem"

esta revista é editada por Joaquim Domingues

domingo, 2 de novembro de 2008

Agradecer

Agradecer é tão bom! Às vezes não compreendo porque não estamos permanentemente a agradecer... (outras vezes não compreendo o que acabo de escrever...)