À ilha de
Ignaluk, como é chamada pelos seus habitantes inuit, e que pertence ao Alasca (EUA), também se chama
Diomedes Menor e
ilha de ontem porque a linha convencional de mudança de data passa ali mesmo ao lado, servindo também de fronteira, uma vez que a
Diomedes Maior que pertence à Sibéria (Rússia) fica do outro e por isso também se chama
ilha de amanhã.
Diomedes é um herói grego da Guerra de Tróia cujo nome é composto por Dio (Deus, neste caso Zeus) e midis (conselho, astúcia). Mas o nome de Diomedes foi dado a estas ilhas porque um dinamarquês as descobriu, ao serviço da Rússia, no dia de S. Diomedes, segundo o calendário da igreja ortodoxa, ou seja: a 16 de Agosto.
Há séculos que estas ilhas são habitadas pelo mesmo povo inuit mas foram divididas entre os EUA e a Rússia e também entre as datas, o que faz com que um canal de água de 4 km aproximadamente que, nos anos em que o inverno é tão frio que o mar gela, é possível passar a pé, represente uma grande diferença no pensamento geo-político a que se chama global mas continua a ser chato. Porque a projecção de Mercator se tornou a representação habitual do mundo, imaginamos que a Rússia e a América estão em lados opostos - em termos políticos como geográficos. Para unir esta cisão imaginária foi proposta uma Ponte Intercontinental da Paz.
No cimo da ilha de Ignaluk estão estas pedras. Em língua inglesa chama-se a isto "perched boulder" e não sei se há algum equivalente estabelecido para a língua portuguesa. "Perched boulder" quer dizer, mais ou menos, pedregulho empoleirado.
Pode dizer-se que daqui se vê, quando não há nevoeiro, o que parece ser raro, o lugar onde se imagina que o mundo e o tempo se dividem entre esquerda e direita, entre hoje e amanhã, etc., ...