No dia 28 de Março de 1979, ao começo da manhã, alguns grânulos de resina para purificar a água, mais pequenos do que sementes de mostarda, bloquearam uma válvula no circuito secundário de refrigeração do Reator Dois da central nuclear de Three Mile Island, perto de Harrisburg, Pensilvânia. Ao longo das vinte e quatro horas seguintes, uma série de falhas de equipamento menores e de erros humanos conduziu a uma perda considerável de fluido de refrigeração, que deixou o núcleo parcialmente desprotegido. O reator começou a derreter e o edifício de contenção foi contaminado com milhares de litros de água radioativa. Os funcionários viram-se obrigados a libertar gases radioativos diretamente para a atmosfera. Embora ninguém tenha sido atingido pela radiação libertada - inteiramente contida numa nuvem de isótopos de gases inertes de curta duração, que o vento empurrou para o oceano Atlântico -, a notícia do acidente causou uma onda de pânico. Cento e trinta e cinco mil pessoas deixaram as suas casas, congestionando as estradas entre a Pensilvânia e os estados vizinhos. O presidente Jimmy Carter - que serviu na US Navy como engenheiro nuclear e que sabia reconhecer um desastre - visitou o local. O movimento antinuclear internacional, que ganhara lentamente força ao longo da década anterior, não podia ter pedido um exemplo mais assustador de uma tecnologia perigosa que escapava ao controle humano. Nos Estados Unidos, o desenvolvimento da indústria de energia nuclear, já dificultado pelo aumento dos custos de construção e por uma opinião pública cada vez mais apreensiva, parou quase de um dia para o outro.
Apesar de deixar os EUA mal vistos, a notícia do acidente de Three Mile Island foi censurada na URSS, pois receava-se que maculasse a reputação supostamente irrepreensível do átomo pacífico.
«Meia-Noite em Chernobyl», Adam Higginbotham, Editora Saída de Emergência, Porto Salvo, 2020, p.91 e 92
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