«(...) Está na natureza que à ofensa se responde pela astúcia ou pela violência, que a ofensa arrasta com ela a rixa que põe o ofensor na posição de ofendido. Se Denissov tivesse agido como homem, quer dizer, se se sentisse vexado, se se tivesse batido, se tivesse apresentado queixa, se o juiz o tivesse condenado à prisão ou anulado aquilo por "falta de provas", Kouzma sentir-se-ia calmo; mas assim, sempre a acompanhar a carroça, tinha o ar de alguém a quem faltasse qualquer coisa.
-Eu não roubei o teu dinheiro - disse ele.
-Está bem, não roubaste. Estamos de acordo.
-Vamos a Tolileievo, eu irei ter com o regedor. Para que ele trate do assunto...
-Não há nada a resolver. O dinheiro não é assunto dele. Vais largar-me meu velho, segue o teu caminho. Não quero ver-te mais!
-Toleirão, nem sequer se pode brincar contigo, que logo te zangas... vá... toma lá o teu dinheiro! Eu só queria rir-me!
Kouzma tirou da algibeira umas quantas notas de rublo e entregou-as a Denissov. Este não se mostrou surpreendido nem alegre e, com ar de quem já esperava por aquilo, pegou no dinheiro e sem uma palavra meteu-o no bolso.
-Eu estava a brincar - continuava Kouzma, lançando um olhar interrogador para o rosto impassível de Denissov. (...)»
Contos e Narrativas de Tchekov, volume IV, "Encontro", p. 313, 314
-Eu não roubei o teu dinheiro - disse ele.
-Está bem, não roubaste. Estamos de acordo.
-Vamos a Tolileievo, eu irei ter com o regedor. Para que ele trate do assunto...
-Não há nada a resolver. O dinheiro não é assunto dele. Vais largar-me meu velho, segue o teu caminho. Não quero ver-te mais!
-Toleirão, nem sequer se pode brincar contigo, que logo te zangas... vá... toma lá o teu dinheiro! Eu só queria rir-me!
Kouzma tirou da algibeira umas quantas notas de rublo e entregou-as a Denissov. Este não se mostrou surpreendido nem alegre e, com ar de quem já esperava por aquilo, pegou no dinheiro e sem uma palavra meteu-o no bolso.
-Eu estava a brincar - continuava Kouzma, lançando um olhar interrogador para o rosto impassível de Denissov. (...)»
Contos e Narrativas de Tchekov, volume IV, "Encontro", p. 313, 314
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