Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




terça-feira, 5 de julho de 2011

o filho do tempo presente

ao ler uma história que Rumi escreveu no séc. XIII, "O Príncipe e a Criada", (The Prince and the Handmaid), encontrei na nota 6 que "o filho do tempo presente" é "um Energúmeno, ou instrumento passivo movido pelo impulso divino do momento"

surpreendida, porque a palavra "energúmeno" me sugeria um brutamontes e não um sábio, consultei a internet, enciclopédias e dicionários para saber, se possível, a etimologia da palavra e que significados se lhe atribuem

"O Principe e a Criada" foi escrito em persa, de modo que seria interessante saber que palavra persa foi traduzida como energúmeno, se alguém souber agradeço que deixe comentário, se eu conseguir descobrir ponho aqui ...


Parece então que a palavra "energúmeno" é de origem grega, ενεργούμενος (energoúmenos) e, claro, tem a ver com a palavra "energia" (trabalho, obra, acção)

descobri também que este assunto é mais actual e importante do que eu pensei, em 2006 o JN publicou esta notícia: O que quer dizer "energúmeno" que muito me divertiu :)

a seguir alguns apontamentos retirados de livros:
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Tomo VIII, p. 3282, Temas e Debates, Lisboa, 2005

'que está a ser influenciado, dirigido', já no séc. IV 'que está possuído pelo demónio'
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Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, I Volume, p. 1408, Academia das Ciências de Lisboa, Verbo, 2001
do latim energumême-, do grego ενεργούμενος

Pessoa que se supõe estar possessa do demónio = ENDEMOINHADO, POSSESSO
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. IX, p. 698, Editorial Enciclopédia, Lda.; Lisboa, Rio de Janeiro, s/ data mas posterior a 1942 e anterior a 1960

   Por este nome se designaram, primeiro, certas pessoas cuja ideia fixa lhes perturbava a razão e aquelas cujo espírito, demasiadamente esclarecido, ofendia as crenças ou superstições religiosas do seu tempo. Os escritores da antiguidade cristã consideravam os pecadores endurecidos ou incrédulos contumazes sob a influência especial dum espírito maligno, geralmente o Diabo.
   Outros aplicavam esta designação a simples doentes, em atenção ao número extraordinário de energúmenos que apareceram nos primeiros tempos do Cristianismo. Actualmente consideram-se energúmenos não só os fanáticos e exaltados de todos os sistemas políticos e religiosos, mas ainda aquêles que se entregam a entusiasmos excessivos, falam com arrebatamento e cólera, gesticulam com veemência, etc. Na sequência do seu apostolado a Igreja determinou organizar uma disciplina especial para energúmenos, cujos principais pormenores nos foram conservados. Êsses energúmenos eram, umas vezes como catecúmenos, outras como baptizados, inscritos numa lista pelos exorcistas, a quem se confiavam, depois de severamente examinados àcerca do seu estado e principalmente da posse diabólica.  (...)

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