Com ledo rosto e coração festivo,
Seguindo o atalho do regato à beira,
Entro às vezes na selva que peneira
Orvalho e sol, como um dourado crivo.
.Fronte ensombrada, aspecto pensativo
De árvores mil, abóbada altaneira
De entrançados festões, - estranho e vivo
Templo, arcadas de lucida madeira;
.Pássaros, flôres, pétalas ungidas
De orvalho, errantes plumas coloridas,
Rios, penhascos, sol esplendoroso,
.Claros de céus radiando em flóreo prisma...
Tudo, ajoelhado e trémulo, me abisma,
Cego de assombro e extático de gôso.
.in O Livro da Festa da Árvore, Livraria Figueirinhas, Imprensa Civilização, Porto, 1916
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