Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

tempo livre

é preciso não ter nada para fazer ou não querer fazer nada para descobrir o que é tempo livre, também é preciso estar só, então o tempo dilata-se, não tem limites, torna-se intemporal e tudo o que acontece: a manhã, por exemplo, não somos nós que fazemos... sem esforço dormimos e acordamos... sem esforço estamos, sentimos... o estado de espírito da manhã no deserto

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

quem me dera dançar assim

Encontrei no youtube a dança cuja fotografia uso no blog. É do filme "Latcho Drom" de Tony Gatlif (1993). Dança cigana do Rajastão, Índia, no deserto de Thar.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sol parado

Nestes dias o percurso do Sol chega ao seu extremo Sul e parece parar aí. Aqui, no hemisfério Norte, são os dias mais curtos e as noites mais longas. Daqui a um dia ou dois o Sol parece recomeçar a mover-se para Norte, cada dia um pouco mais, e os dias vão ser cada vez mais longos até ao solstício de verão, quando o Sol parece parar de novo, desta vez no extremo Norte do seu percurso anual.

Diz-se "parece" porque é a inclinação da Terra que produz este efeito.

Na imagem podemos ver as posições extremas do Sol nos solstícios de inverno e verão e a posição média nos equinócios de primavera e outono.

domingo, 20 de dezembro de 2009

pensando

  • tu és sempre algo que permanece com lampejos da finitude do real e amnésias mais ou menos consentidas.
  • as metamorfoses são irrepetíveis mas podem parecer monótonas.
  • depende do teu estado de espírito: compreendes ou não compreendes, e compreendas ou não, eis o que é.
  • sem limites mas apropriadamente descrito como esfera.
  • se não houvesse a verdade como se poderia deformá-la? ;)
  • frio celeste, lume terrestre, vinho e petisco com amigas...
  • o prazer do inverno reside no lume.
  • no lar.
  • vocação de gata borralheira...
  • sonhos...
  • esquecimento
  • de todas as coisas do mundo quem pode julgar quais as que devem e as que não devem existir?
  • de toda a diversidade quem pode seleccionar o que é e não é legal?
  • (tenho aqui a sençação que a leitura brasileira e portuguesa da última frase vai divergir bastante)
  • acredita em ti, tu sabes.
  • e o que tu sabes não é o mesmo que outra pessoa sabe e é por isso que sois diferentes, para que vos possais reconhecer uns aos outros
  • e mesmo assim vós confundis o avô com o neto, os primos e os irmãos
  • trocais os nomes uns aos outros, não sabeis já o que queríeis quando iniciastes o caminho.
  • vamos às cegas, não vemos, vamos de costas voltadas para a fé, percorrendo a área das nossas crenças, raízes imaginárias de um ser equivocado.
  • auto-limitado para sentir algum poder.
  • por mínimo que seja:
  • eu fui fonte e origem disto ou daquilo...
  • engraçado, não é?
  • como se a fonte dissesse de si: nenhum manancial me alimenta escondido aos vossos olhos...
  • flutuam as nuvens no céu e as ideias também se evaporam e chovem.
  • por fim estás tão entretida que nem percebes quando acaba uma brincadeira e começa outra
  • não há fronteiras senão imaginárias, por mais que se materializem, sempre se esboroam sem se dar por nada

sábado, 19 de dezembro de 2009

"Sonetos dos Portugueses"

Em 1845/6 Elizabeth Barrett Browning escrevia sonetos àquele que viria a ser o seu marido, mas não lhos deu a conhecer senão três anos depois de casarem. O marido achou que deviam ser publicados e ela, para os disfarçar, sugeriu que fossem apresentados como traduções de bósnio, mas ele preferiu chamar-lhes "Sonetos dos Portugueses" porque ela admirava Camões e já tinha publicado o poema "Catarina a Camões".

Em "A Garganta da Serpente" podem ler-se traduções de alguns Sonetos, feitas por Sérgio Duarte e Manuel Bandeira, assim como a tradução de "Catarina a Camões" feita por Fernando Pessoa.

A imagem veio daqui.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

David e Betsabé

Pintura de Jean Bourdichon (1457-1521) no Livro de Horas de Luís XII

Banho de Betsabé

França

1498/9

Bíblia, Antigo Testamento

2.º livro de Samuel

11 David e Betsabé

1 No ano seguinte, na época em que os reis saem para a guerra, David enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel; eles devastaram a terra dos amonitas e sitiaram Rabá. David ficou em Jerusalém.

2 E aconteceu que uma tarde David levantou-se da cama, pôs-se a passear no terraço do seu palácio e avistou dali uma mulher que tomava banho e que era muito formosa.

3 David procurou saber quem era aquela mulher e disseram-lhe que era Betsabé, filha de Eliam, mulher de Urias, o hitita.

4 Então, David enviou emissários para que lha trouxessem. Ela veio e David dormiu com ela, depois de purificar-se do seu período menstrual. Depois, voltou para sua casa.

5 E, vendo que concebera, mandou dizer a David: «Estou grávida.»

6 Então, David mandou esta mensagem a Joab: «Manda-me Urias, o hitita.» E Joab enviou Urias, o hitita, a David.

7 Quando Urias chegou, David pediu-lhe notícias de Joab, do exército e da guerra.

8 E depois disse-lhe: «Desce à tua casa e lava os teus pés.» Urias saiu do palácio do rei, e este, em seguida, enviou-lhe comida da sua mesa real.

9 Mas Urias não foi a sua casa e dormiu à porta do palácio com os outros servos do seu senhor.

10 E contaram-no a David, dizendo-lhe: «Urias não foi a sua casa.» David perguntou a Urias: «Não voltaste, porventura, de uma viagem? Porque não foste a tua casa?»

11 Urias respondeu: «A Arca de Deus habita numa tenda, assim como Israel e Judá. Joab, meu chefe, e seus servos dormem ao relento, e eu teria coragem de entrar na minha casa para comer e beber e dormir com a minha mulher? Pela tua vida, pela tua própria vida, não farei tal coisa!»

12 David disse-lhe: «Fica aqui também hoje, e amanhã te enviarei.» E Urias ficou em Jerusalém naquele dia. No dia seguinte,

13 David convidou-o a comer e beber com ele, e embriagou-o. Mas à noite, Urias não foi a sua casa; saiu e deitou-se com os outros servos do seu senhor.

14 No dia seguinte de manhã, David escreveu uma carta a Joab e enviou-lha por Urias.

15 Dizia nela: «Coloca Urias na frente, onde o combate for mais aceso, e não o socorras, para que ele seja ferido e morra.»

16 Joab, que sitiava a cidade, pôs Urias no lugar onde sabia que estavam os mais valentes guerreiros do inimigo.

17 Os assediados fizeram uma surtida contra Joab, e morreram alguns homens de David, entre os quais Urias, o hitita.

18 Joab mandou imediatamente informar David de todas as peripécias do combate,

19 ordenando ao mensageiro: «Quando tiveres contado ao rei todos os pormenores do combate,

20 se ele, indignado, te disser: 'Porque vos aproximastes da cidade para lutar? Não sabíeis que iam disparar do alto da muralha?

21 Quem matou Abimélec, filho de Jerubaal? Não foi uma mulher que lhe atirou uma pedra de moinho de cima do muro, matando-o em Tebes? Porque vos aproximastes dos muros?' - dirás, então: 'Morreu também o teu servo Urias, o hitita.'»

22 Partiu, pois, o mensageiro e foi contar a David tudo o que Joab lhe havia mandado.

23 Disse-lhe: «Esses homens são mais fortes que nós. Saíram ao nosso encontro em campo aberto, mas nós perseguimo-los até às portas da cidade.

24 Então, do alto da muralha, os arqueiros dispararam sobre os teus servos, e morreram alguns servos do rei, entre eles o teu servo Urias, o hitita.»

25 Então o rei respondeu ao mensageiro: «Diz a Joab que não se aflija por causa deste fracasso, pois a espada fere ora aqui, ora ali. Que intensifique o ataque à cidade até a destruir. Encoraja-o.»

26 Ao saber da morte de seu marido, a mulher de Urias chorou-o.

27 Terminados os dias de luto, David mandou-a buscar e recolheu-a em sua casa. Tomou-a por esposa e ela deu-lhe um filho. Mas o procedimento de David desagradou ao SENHOR.

12 Censuras de Natan a David. Nascimento de Salomão

1 O SENHOR enviou então Natan a David. Logo que entrou no palácio, Natan disse-lhe: «Dois homens viviam na mesma cidade, um rico e outro pobre.

2 O rico tinha ovelhas e bois em grande quantidade;

3 o pobre, porém, tinha apenas uma ovelha pequenina, que comprara. Criara-a, e ela crescera junto dele e dos seus filhos, comendo do seu pão, bebendo do seu copo e dormindo no seu seio; era para ele como uma filha.

4 Certo dia, chegou um hóspede a casa do homem rico, o qual não quis tocar nas suas ovelhas nem nos seus bois para preparar o banquete e dar de comer ao hóspede que chegara; mas foi apoderar-se da ovelhinha do pobre e preparou-a para o seu hóspede.»

5 David, indignado contra tal homem, disse a Natan: «Pelo DEUS vivo! O homem que fez isso merece a morte.

6 Pagará quatro vezes o valor da ovelha, por ter feito essa maldade e não ter tido compaixão.»

7 Natan disse a David: «Esse homem és tu! Isto diz o SENHOR, Deus de Israel: 'Ungi-te rei de Israel, salvei-te das mãos de Saul,

8 dei-te a casa do teu senhor e pus as suas mulheres nos teus braços. Confiei-te os reinos de Israel e de Judá e, se isto te parecer pouco, ajuntarei outros favores.

9 Porque desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o que lhe desagrada? Feriste com a espada Urias, o hitita, para fazer da sua mulher tua esposa. Foste tu quem o matou por meio da espada dos amonitas!

10 Por isso, jamais se afastará a espada da tua casa, porque me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o hitita, para fazer dela tua esposa'.

11 Eis, pois, o que diz o SENHOR: 'Vou fazer sair da tua própria casa males contra ti. Tomarei as tuas mulheres diante dos teus olhos e hei-de dá-las a outro, que dormirá com elas à luz do Sol!

12 Pois tu pecaste ocultamente; mas Eu farei o que digo diante de todo o Israel e à luz do dia!'»

13 David disse a Natan: «Pequei contra o SENHOR.» Natan respondeu-lhe: «O SENHOR perdoou o teu pecado. Não morrerás.

14 Todavia, como ofendeste gravemente o SENHOR com a acção que fizeste, morrerá certamente o filho que te nasceu.»

15 E Natan voltou para sua casa.O SENHOR feriu o menino que a mulher de Urias havia dado a David com uma doença grave.

16 David orou a Deus pelo menino; jejuou e passou a noite prostrado por terra.

17 Os anciãos da sua casa, de pé junto dele, pediam-lhe que se levantasse do chão, mas ele não o quis fazer nem tomar com eles alimento algum.

18 Ao sétimo dia, morreu o menino, e os servos do rei temiam dar-lhe a notícia da morte do menino, pois diziam: «Quando o menino ainda vivia, falávamos-lhe, e ele não nos queria ouvir; como vamos dizer-lhe agora que o menino morreu? Pode cometer uma loucura!»

19 David notou que os servos segredavam entre si e compreendeu que o menino morrera. Perguntou-lhes: «O menino já morreu?» Responderam-lhe: «Morreu.»

20 Então, David levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se, mudou de roupa e entrou na casa do SENHOR para o adorar. De volta à sua casa, mandou que lhe servissem a refeição e comeu.

21 Os seus servos disseram-lhe: «Que fazes? Quando o menino ainda vivia, jejuavas e choravas; agora que morreu, levantas-te e comes!»

22 David respondeu: «Quando o menino ainda vivia, eu jejuava e orava, pensando: 'Quem sabe se o SENHOR terá pena de mim e me curará o menino?'

23 Mas agora que morreu, para que hei-de jejuar mais? Posso, porventura, fazê-lo voltar à vida? Eu irei para junto dele; ele, porém, não voltará mais para junto de mim.»

24 David consolou Betsabé, sua mulher. Procurou-a e dormiu com ela. Ela ficou grávida e deu à luz um filho, ao qual David pôs o nome de Salomão. O SENHOR amou-o

25 e ordenou ao profeta Natan que lhe desse o sobrenome de Jedidias que significa «amado do SENHOR.»

Salmos 51

51 (50) PRECE DE UM CORAÇÃO CONTRITO (MISERERE)

Salmo individual de súplica. Tradicionalmente é conhecido como o "Miserere", palavra com a qual começa, na sua tradução latina, a Vulgata. É o salmo mais conhecido sobre o arrependimento. Dado tratar do arrependimento pelo pecado, pertence ao número dos "salmos penitenciais".

1 Ao director do coro. Salmo de David

2 Quando o profeta Natan foi ao seu encontro, depois do adultério com Betsabé.

3 Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade; pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.

4 Lava-me de toda a iniquidade; purifica-me dos meus delitos.

5 Reconheço as minhas culpas e tenho sempre diante de mim os meus pecados.

6 Contra ti pequei, só contra ti, fiz o mal diante dos teus olhos; por isso é justa a tua sentença e recto o teu julgamento.

7 Eis que nasci na culpa e a minha mãe concebeu-me em pecado.

8 Tu aprecias a verdade no íntimo do ser e ensinas-me a sabedoria no íntimo da alma.

9 Purifica-me com o hissope e ficarei puro, lava-me e ficarei mais branco do que a neve.

10 Faz-me ouvir palavras de gozo e alegria e exultem estes ossos que trituraste.

11 Desvia o teu rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas culpas.

12 Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito.

13 Não me afastes da tua presença, nem me prives do teu santo espírito!

14 Dá-me de novo a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito generoso.

15 Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos e os pecadores hão-de voltar para ti.

16 Ó Deus, meu salvador, livra-me do crime de sangue, e a minha língua anunciará a tua justiça.

17 Abre, Senhor, os meus lábios, para que a minha boca possa anunciar o teu louvor.

18 Não te comprazes nos sacrifícios nem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.

19 O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito; ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

hoje não há luar

Mesmo que o céu não estivesse todo enublado, como está, hoje não haveria luar. É noite de Lua Nova. Noite escura. Fim e início de um mês lunar. Amanhã começa um novo mês de inverno. Na noite do solstício a Lua vai estar em crescente, haverá luar durante o início da noite, mesmo que o céu esteja nublado. Também haverá luar na noite de Natal.

A imagem veio daqui

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Magia Selvagem

Com ledo rosto e coração festivo,

Seguindo o atalho do regato à beira,

Entro às vezes na selva que peneira

Orvalho e sol, como um dourado crivo.

.

Fronte ensombrada, aspecto pensativo

De árvores mil, abóbada altaneira

De entrançados festões, - estranho e vivo

Templo, arcadas de lucida madeira;

.

Pássaros, flôres, pétalas ungidas

De orvalho, errantes plumas coloridas,

Rios, penhascos, sol esplendoroso,

.

Claros de céus radiando em flóreo prisma...

Tudo, ajoelhado e trémulo, me abisma,

Cego de assombro e extático de gôso.

.

Alberto de Oliveira

in O Livro da Festa da Árvore, Livraria Figueirinhas, Imprensa Civilização, Porto, 1916

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

ir de viagem

gosto de viajar mas não de fazer a mala e todos os pretextos são bons para adiar mais um bocadinho - até fazer um post no blog...

e andar à procura de uma foto no google... amanhã, em imaginação, vou estar assim quando saír de casa

a mala com rodinhas é parecida! ;)