Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




segunda-feira, 8 de junho de 2009

Danças de Vénus

Quem já tenha observado Vénus ao longo de várias semanas, olhando para o planeta dia após dia ao crepúsculo, terá notado que este, por vezes, surge cada dia mais alto nos céus e que, ao mesmo tempo, parece deslocar-se lentamente para a esquerda ou para a direita. O planeta prepara-se assim para alcançar a altura máxima, começando depois uma lenta descida. A dado momento já é difícil observá-lo, pois mergulha no horizonte logo a seguir ao ocaso. Vénus descreve nos céus do crepúsculo um «V» ou «U» invertidos muito largos, figuras típicas bem conhecidas dos antigos.

Se, oito anos depois, olharmos para Vénus pela mesma altura, veremos que este se encontrará no mesmo lugar e que dançará a mesmíssima dança nos céus do crepúsculo. Vénus desenha uma das suas cinco danças características, que se repetem, invariavelmente, todos os oito anos.

Os astrónomos da civilização maia, que floresceu na América Central entre os séculos IV e X, estavam deslumbrados com as danças de Vénus. As suas observações, naturalmente acumuladas ao longo de séculos, permitiram-lhes notar esta estranha periodicidade do planeta e as figuras peculiares que este descreve nos céus. Os maias tinham um nome para cada uma dessas danças e associaram uma lenda a cada uma delas. Vénus aparecia-lhes como o deus Kukulcan, que descia a Xibalba, o mundo escuro e subterrâneo, para combater os demoníacos deuses das trevas. (...)

Os maias basearam a medida do seu tempo nesta consonância de ritmos, conseguindo uma precisão notável. O seu calendário tinha um erro inferior a um dia por cada quinhentos anos.

Nuno Crato, Carlos Pereira dos Santos, Luís Tirapicos, A Espiral Dourada, p. 59, 60 e 63, Gradiva, Lisboa, 2006

Passa-se o mesmo ao amanhecer: se puder observar o céu antes do nascer do Sol, dia após dia, poderá ver, até meados do mês de Outubro, uma das danças de Vénus ou Kukulcan que é inconfundível porque brilha muitíssimo mais que qualquer estrela.

4 comentários:

Nivaldete disse...

Há poucos meses, uma pessoa de casa me convocou para ver uma estrela muito grande 'que não estava ali antes', no poente... Acho que era Vênus. E estou me devendo um presente: uma luneta. Abração!

almariada disse...

Olá Nivaldete!
Devia ser Vénus, sim! Há poucos meses era "estrela da tarde", de há uns tempos para cá é "estrela da manhã" e vai ser até Outubro. Se puderes vê!
Bem hajas!

Aurora disse...

será que ela é estrela da manhã ao mesmo tempo no hemisfério norte e sul? ou será ao contrário?

almariada disse...

Olá Aurora!

Vénus é estrela da manhã ou da tarde ao mesmo tempo no hemisfério norte e sul.

São as posições relativas da Terra, de Vénus e do Sol que fazem que seja visível em toda a Terra antes do nascer do Sol ou depois do Sol se pôr.

Podes ver aqui:

http://www.fourmilab.ch/cgi-bin/Solar