Assim como o ponto de exclamação se eleva
A pulga e a sardinha
Passaram à reserva
Assim como o ponto de exclamação se eleva
A pulga e a sardinha
Passaram à reserva
Cantara se fosse cântaro
A água no oco dentro
Que a fonte cantando dá
Nuvens caídas do céu
Três gotas de piripiri em chocolate
Licor de rebanho de ginjas num frasco
Exclama a tarde de Outono: Descasco!
Mar de melões para lá dos portões
Carrinhos de mão em fila indiana avançam para o horizonte carregados de esperança
As mãos que empurram também descansam em luvas engraçadas
De mangas arregaçadas as mulheres comem sandes de presunto à sombra umas das outras
Quando chegam ao fundo regressam estafadas aos seus quintais e borboletas
Ela chegou de manhã
Trazia um vestido verde
E toda ela era bela
Ela chegou mais tarde
Vestida de rosa velho
Com sapatos amarelos
Ela chegou de noite
Com um vestido branco
Toda ela era lua
Pão e rosas
Ela leva no avental
Ele não deixa
Vá para casa
Ninguém se queixa
Há outras portas
Para cada dia
Levar
Pão e rosas
Ao altar
Ela vestia-se de leoparda
E trabalhava no jardim
Ele usava farda de pinguim
As noites eram bárbaras
E os dias assim assim
Saiu de casa
Com chave e dinheiro
Sem rumo
Sem companhia
Foi evitando o cheiro
Dos escapes
Até à periferia da aldeia
Onde não havia estrada
Mas pode comprar
Comida para o caminho
Em torno das habitações
Entre altas árvores
Médios arbustos
Ervas rasteiras
Pedras e bichos
Céu sem fim
Até um lugar bem bom
Para ver até mais não
Até lhe apetecer regressar