Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




sexta-feira, 15 de junho de 2018

Duas palavras ...

Sim, duas palavras antes que se levante a cortina da história que te vou contar. De facto, para melhor compreenderes e apreciares o que se segue, gostaria que lesses estas poucas linhas destinadas, como é vulgar dizer-se, a compor o cenário!


O PAÍS DOS FARAÓS

A origem da civilização egípcia, uma das mais prodigiosas da Antiguidade, perde-se na noite dos tempos. Na verdade, quando no ano 3500 a. C., com o rei Menes, surgiram os primeiros faraós, o vale do Nilo tinha já atrás de si um grandioso período pré dinástico, que se estendia por milhares de anos. Para te dar uma ideia da imensidão do espaço de tempo que a história do Egipto abarca, dir-te-ei apenas que entre o faraó Quéops, o construtor da Grande Pirâmide que figura nesta história, e o faraó Akhenaton, decorreram cerca de dois mil anos, isto é, tanto tempo quanto aquele que nos separa do nascimento de Jesus Cristo!...

Além disso, apesar da inestimável descoberta de Champollíon, a quem devemos a decifração da escrita hieroglífica, e dos enormes progressos da egiptologia, os escassos conhecimentos que temos são parciais. Há períodos inteiros dos quais não sabemos grande coisa, e das trinta dinastias que se seguiram ao trono dos faraós, apenas onze são suficientemente conhecidas por nós! Ora, um homem poderia ter-nos esclarecido... Esse homem homem chamava-se Máneton...


MANÉTON, O HISTORIADOR

No século III a. C., quando o Egipto estava sob o domínio grego, o sacerdote Máneton elaborou uma história desse país a pedido de Ptolomeu I, o antigo general de Alexandre, o Grande, que se tornou rei do Egipto.

Recolhidas na origem, nas bibliotecas dos templos e nos arquivos reais, as suas anotações formavam um conjunto de grande valor. Infelizmente, esta história perdeu-se! Imagina qual a importância e o valor que a descoberta de um fragmento desta obra teria para o historiador moderno!


O PLANALTO DE GIZÉ

Mas voltemos ao principal elemento do nosso cenário, aquele que ocupará o centro da acção: a GRANDE PIRÂMIDE!...

Túmulo real, a Grande Pirâmide de Quéops, tal como as suas duas vizinhas gigantescas, as pirâmides de Quéfren e Miquerinos, ergue-se no planalto de Gizé, a uma dezena de quilómetros da cidade do Cairo.

Os Egípcios, que nos tempos mais remotos adoravam o Sol, do qual um dos seus nomes, Hórus, será várias vezes citado nesta história, consideravam este um dos locais mais privilegiados do culto celeste. Se observares o mapa aqui representado, ficarás certamente com uma noção clara deste planalto de Gizé, cujo solo deve guardar ainda muitos segredos, como o prova a recentíssima descoberta, junto da Grande Pirâmide, de uma enorme Barca Solar, incrivelmente antiga!...


A GRANDE PIRÂMIDE

Com a sua espantosa massa de seis milhões de toneladas, a Grande Pirâmide domina toda a região limítrofe. Com 138 metros de altura, e uma base de 227 metros de largura, é constituída por um conjunto de dois milhões de blocos calcários, cuja maior parte pesa, pelo menos, duas toneladas.

Esses blocos (alguns atingem 10 metros de comprimento) estão tão bem ajustados que, se lhe passarmos com a palma das mãos, a sua união não se sente!...

Esta massa de pedra ultrapassa em 77 metros as torres de Notre Dame de Paris e, se a pirâmide fosse oca, a basílica de S. Pedro de Roma, seria completamente absorvida por ela!

Esta maravilha, infelizmente a única que subsiste das «Sete Maravilhas» da Antiguidade, em nada se parece, no entanto, com o que era no tempo em que foi construída. Atingia então 148 metros de altura e os seus quatro lados estariam revestidos de fino calcário branco, liso e polido, reflectindo o sol com tanto brilho, que os Egípcios lhe chamavam «A LUZ».

Nos finais do século XII esse revestimento ainda existia mas, quando um tremor de terra devastou a cidade do Cairo, os Árabes, para reconstruirem a sua cidade, retiraram pura e simplesmente, da Grande Pirâmide, os materiais necessários.


O MISTÉRIO DA GRANDE PIRÂMIDE

Durante dezenas de séculos, o colosso que desafiava vitoriosamente os Hicsos, os Assírios, os Persas, os Gregos e os Romanos, guardou ciosamente o seu segredo. Mas, no ano 820 d. C., o Califa Al Mamum (filho do famoso Califa Harun Al Rachid das «Mil e Uma Noites») decidiu verificar se, como rezava a lenda, a pirâmide escondia ou não fabulosos tesouros.

O gigante foi invadido por um exército de operários. Mas quando estes, após inúmeros esforços, aí conseguiram penetrar, descobriram apenas três câmaras a que abusivamente chamaram «Câmara do Rei», Câmara da Rainha» e «Câmara Subterrânea». Só a primeira guardava uma grande pia de granito vermelho!...

Os engenheiros passaram as câmaras e os corredores a pente fino, examinando em vão as paredes e calcetamentos, mas o famoso tesouro continuou por encontrar!...

Depois disso, os séculos continuaram a transcorrer sobre este imponente monumento que vigia a sua silenciosa companheira, a Esfinge, ela própria tão velha, que já no tempo de Quéops era considerada um enigma... E o «Mistério da Grande Pirâmide continua por desvendar!...

É dele, caro leitor, que o professor Mortimer e o capitão Blake se vão ocupar.

A cortina vai subir! Boa leitura... e boa viagem!

A história vai começar!!!...

O MISTÉRIO DA GRANDE PIRÂMIDE, Blake & Mortimer, E. P. Jacobs, 1986

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