Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

céu e sabonete

Duas mulheres idosas e amigas recentes reencontraram-se numa cidade de um país longínquo. Uma delas adquiriu no mercado uma linda pedra redonda que parecia um sabonete cor de rosa e ofereceu-a à amiga. Surpreendida e grata esta procurou entre os seus pertences uma oferta que pudesse ser comparável e encontrou uma pedra redonda mais pequena e com o interior vazio. Era uma imagem do céu. Ofereceu-a à amiga. Quando regressaram às suas casas elas levaram o céu e o sabonete para países muito distantes um do outro. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vénus e a Lua fotografadas de dia

Vénus, mais nítida e pequenina, e a Lua, maior e mais difusa - esta fotografia foi tirada com um telescópio, a olho nu não se vêem as fases de Vénus 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Fernando Pessoa, Mensagem, Segunda Parte, Mar Português, XI


A ÚLTIMA NAU
Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério.
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.
Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.
s.d.
Mensagem. Fernando Pessoa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972).
  - 71.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Berlim - nada a declarar

Há quinze dias fui a Berlim. À chegada ao aeroporto, no corredor de "nada a declarar" vejo à minha frente dois passageiros negros de meia-idade serem detidos por um funcionário (ou polícia?) que quando me estou a aproximar interroga em inglês e com alguma arrogância: "só falam francês?" e ofereço-me, também em inglês, para traduzir.

O agente alemão pergunta-me se falo francês, digo-lhe que sim e ele pergunta, certo já que a resposta seria negativa se falo alemão. Dizemos ao mesmo tempo que falo inglês e ele não pode negar que compreende inglês. Pede-me então que pergunte porque é que vieram, o que eu faço. Eles respondem que vieram para uma Feira e dizem o nome da Feira, uma palavra que eu não compreendo e peço que repitam. Digo então em inglês ao que vieram mas o agente alemão já tinha compreendido o nome da Feira. Em francês os interrogados acrescentam que já o ano passado tinham vindo a essa Feira, o que eu também traduzo. Fomos mandados avançar com um gesto por um agente já desinteressado. Ao lado deste estava uma mulher também fardada e armada que me pareceu pouco à-vontade.

Quando avançámos tentei sorrir aos passageiros que só falavam francês mas eles continuavam carrancudos e evitaram o meu olhar.

A fotografia não é minha - não me ocorreu tirar fotografias - encontrei-a aqui.