Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quarta-feira, 30 de maio de 2012

caricas

quando era criança os rapazes jogavam aos berlindes e também às caricas

as caricas, ao contrário dos berlindes, eram  grátis e existiam  em abundância

lembro-me de o meu irmão, que é mais novo, me ter perguntado de onde vinham os berlindes e de eu ter inventado que os berlindes apareciam na terra e havia pessoas que andavam à procura deles para os vender, embora soubesse que estava a inventar aquilo

eu gostava muito de inventar respostas e explicações para lhe dar e ele ficava muito mais contente do que se lhe dissesse que não sabia

numa noite em que faltou a electricidade fomos para a janela e vimos a Lua cheia, o meu irmão ficou tão maravilhado que resolvi brincar e dizer que sempre que faltava a electricidade a Lua vinha iluminar a noite, o que o maravilhou ainda mais mas me fez sentir tão culpada e, ao mesmo tempo tão incapaz de o desiludir, que nunca mais me esqueci disto

voltando às caricas: começaram a ter cromos para coleccionar

surpreendeu-me que os fabricantes de sumos incentivassem as pessoas a comprá-los para ganhar cromos, pensei que isso queria dizer que os sumos não prestavam

mas o meu irmão, que só queria ganhar os cromos, pedia sumos e bebia-os, de modo que me rendi à evidência que os vendedores de sumos sabiam que ninguém ia pensar como eu

nunca me tinha ocorrido pensar quem é que teria inventado as caricas, graças à Wikipedia descobri ontem que em 1892, nos Estados Unidos, o Sr. William Painter, de Baltimore, registou a patente da carica com o nome de Crown cork que se pode traduzir como Coroa de cortiça, Rolha em coroa ou Coroa para tapar, podendo haver traduções melhores que agora não me ocorrem

as caricas terão sido também as primeiras coisas produzidas em série para usar uma única vez, tendo inspirado todos os produtos de "usar e deitar fora" que vieram depois

diz ainda a Wikipedia que, até à invenção das caricas, as garrafas não tinham o fundo chato para evitar que fossem armazenadas de pé, o que fazia com que a cortiça secasse e a rolha eventualmente saltasse devido à pressão interior

senti-me esclarecida em relação ao mistério dos fundos bicudos das ânforas

ah, a maravilha das explicações!

terça-feira, 29 de maio de 2012

quinta-feira, 24 de maio de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

segundos intermináveis

Roger Fenton, 1855, Guerra da Crimeia
Acampamento do Exército Inglês
Posar (para pintores ou fotógrafos) é um verbo, embora posar não seja propriamente uma acção é bastante cansativo.

No início da fotografia:

"Os filmes pouco sensíveis e as lentes escuras só permitiam imagens estáticas e de paisagens. Isso explica a predominância de retratos posados, que exigiam que os personagens permanecessem parados por segundos intermináveis para o registro perfeito da fotografia." Alexandre Belém


sexta-feira, 18 de maio de 2012

a cavalgada de Santa Rita de Cássia

No Brasil o tropeiro era o homem que a partir do séc. XVII dirigia um grupo de mulas e cavalos que transportavam ouro até ao porto onde era carregado em barcos que o traziam para Portugal (e levavam de volta todo o tipo de mercadorias para os mineiros). Chamava-se Estrada Real ao caminho oficial e era proibído utilizar outros.

Ipoema é um distrito que fica entre Ouro Preto e Diamantina, parte da Estrada Real que liga Minas Gerais ao Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.

Santa Rita de Cássia viveu nos séc. XIV e XV e é invocada para a resolução de causas impossíveis.

No próximo domingo realiza-se em Ipoema a cavalgada de Santa Rita de Cássia.

É um dos acontecimentos da Semana dos Museus e o Museu do Tropeiro promove "o debate sobre o desafio de trabalhar com a memória em uma era de fragmentação das fronteiras entre passado, presente e futuro".

terça-feira, 15 de maio de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Baba

Leitor fervoroso de "As Mil e Uma Noites" o Rei da Polónia Stanislas Leszczynski inventou o "baba au rhum" e deu-lhe este nome em honra do seu herói preferido: Ali Baba.

Há quase 40 anos o meu pai  trazia bolos destes do café. Chamavam-se simplesmente Baba.

"Baba au Rhum", por Pascal Cessou

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eu lembro-me de nascer

"Eu lembro-me de nascer. Palavra de honra! Fui a primeira filha, nasci em casa e quando nasci pegaram em mim e puseram-me num sofazinho dourado. Acho que me mexi tanto? Agora lembro-me, fiz tanta bulha ali acabada de nascer, que a minha mãe disse: «Ai, a menina.» E eu já ia a cair quando o meu pai deu um pulo e apanhou-me assim no ar. É verdade, ainda me lembro da sensação de cair e de ser apanhada pelo meu pai. Não acreditam, mas é verdade."

Maria Alberta Menéres nasceu em 1930 - Entrevista ao DN, 2010, ver aqui


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os Sete Adormecidos

Ícone Russo:
Os Sete Adormecidos de Éfeso

Ícone e história em português no site da Igreja Ortodoxa do Brasil.
Outras imagens e informações sobre esta história na tradição comum de cristãos e muçulmanos (em francês) aquiaqui.