Aquela vil e lasciva
Marafona
- Mundo lhe chamam -
Enganou-me
Como a toda a gente.
Roubou-me a Fé,
Depois a Esperança,
Agora queria atirar-se-me
Ao Amor.
E eu fugi.
Para pôr a seguro para sempre
O tesouro salvo,
Reparti-o sàbiamente
Entre Zuleica e Zaqui.
À compita,
Qual dos dois quer
Pagar-me juros mais altos.
E estou mais rico que nunca:
A fé tenho-a outra vez !
A fé no amor dela:
Ele, na taça, propina-me
Sentimento magnífico do presente:
Que vem cá fazer a esperança ?!
ACTA UNIVERSITATIS CONIMBRISENSIS
J. W. GOETHE (1749-1832) POEMAS
ANTOLOGIA, VERSÃO PORTUGUESA, NOTAS E COMENTÁRIOS DE PAULO QUINTELA
2ª EDIÇÃO, CORRIGIDA E AMPLIADA
POR ORDEM DA UNIVERSIDADE
1958
VIII. DO «DIVÃ OCIDENTAL-ORIENTAL», p.188 - 191
Nota a este poema na pag. 379:
JENE GARSTIGE VETTEL... [AQUELA VIL E LASCIVA] (WÖD, 104; GW, III; HD, IV, 164-165; SA, VI, 214.)
-É datada de 25 de Outubro de 1815. Do Livro da Taberna. - O mundo, como informa Diez nas suas Denkwürdigkeiten von Asien, é para os poetas persas uma velha marafona que mata todos os seus amantes sem lhes conceder o menor favor (WÖD, 678-679). Recorde-se também a Frau Welt, a Dona Mundo dos poetas e dos escultores medievais. - Note-se o jogo com as três virtudes cardiais - a Fé, a Esperança, o Amor. Uma vez que por Zuleica recuperou o amor e a fé, e por Zaqui, o efebo copeiro - (o Banquete de Platão é indispensável à compreensão de todo o Schenkenbuch) - , o entusiasmo que dá o vinho e o «sentimento magnífico do presente», o Poeta já não precisa da esperança, pois lhe chega a actual realidade.
Marafona
- Mundo lhe chamam -
Enganou-me
Como a toda a gente.
Roubou-me a Fé,
Depois a Esperança,
Agora queria atirar-se-me
Ao Amor.
E eu fugi.
Para pôr a seguro para sempre
O tesouro salvo,
Reparti-o sàbiamente
Entre Zuleica e Zaqui.
À compita,
Qual dos dois quer
Pagar-me juros mais altos.
E estou mais rico que nunca:
A fé tenho-a outra vez !
A fé no amor dela:
Ele, na taça, propina-me
Sentimento magnífico do presente:
Que vem cá fazer a esperança ?!
ACTA UNIVERSITATIS CONIMBRISENSIS
J. W. GOETHE (1749-1832) POEMAS
ANTOLOGIA, VERSÃO PORTUGUESA, NOTAS E COMENTÁRIOS DE PAULO QUINTELA
2ª EDIÇÃO, CORRIGIDA E AMPLIADA
POR ORDEM DA UNIVERSIDADE
1958
VIII. DO «DIVÃ OCIDENTAL-ORIENTAL», p.188 - 191
Nota a este poema na pag. 379:
JENE GARSTIGE VETTEL... [AQUELA VIL E LASCIVA] (WÖD, 104; GW, III; HD, IV, 164-165; SA, VI, 214.)
-É datada de 25 de Outubro de 1815. Do Livro da Taberna. - O mundo, como informa Diez nas suas Denkwürdigkeiten von Asien, é para os poetas persas uma velha marafona que mata todos os seus amantes sem lhes conceder o menor favor (WÖD, 678-679). Recorde-se também a Frau Welt, a Dona Mundo dos poetas e dos escultores medievais. - Note-se o jogo com as três virtudes cardiais - a Fé, a Esperança, o Amor. Uma vez que por Zuleica recuperou o amor e a fé, e por Zaqui, o efebo copeiro - (o Banquete de Platão é indispensável à compreensão de todo o Schenkenbuch) - , o entusiasmo que dá o vinho e o «sentimento magnífico do presente», o Poeta já não precisa da esperança, pois lhe chega a actual realidade.
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