Às vezes rimo o verso
da linha um com a três
a segunda com a quarta
da linha um com a três
a segunda com a quarta
doutras vezes se aparta
daquele tom que já se fez
um ritmo que é diverso
Já foi livre a poesia
que escrevi noutro tempo
foi conto e foi romance
e em tudo o que se dance
há-de haver pensamento
há-de haver harmonia
É que no bailar dos pares
seja tango seja valsa
é o acerto que conta
num rodar de quem desponta
para a vida que é balsa
na maré certa dos mares
Agora eu só quero ser
a voz que todos entendem
Voz de paz, voz de criança
Uma chama de esperança
Nos tempos que tudo vendem
eu quero é oferecer
Oferecer com agrado
Dizer que te quero bem
Comigo só é preciso
que tu abras num sorriso
e na claridade que tem
esse rosto que é sagrado
Um poema erudito
é coisa que eu sei fazer
mas o que quero agora
é atentar nesta hora
Depois eu hei-de escrever
um poema mais bonito
Judite Jorge
revista magma, número um, pág.77, Edições Atlânticas, Câmara Municipal das Lajes do Pico, Dezembro, 2005
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