Oh! se o meu Bem me volver,
Se quem dantes via, eu vejo,
Traga ele a boca a escorrer
De lobo em sangue lha beijo;
E a mão vou-lha apertar,
Cobras lha andem a enroscar.
Ah! se o vento alma tivera,
Língua o ar da Primavera,
Fora a sua voz bastante:
Novas levara e trouxera
Entre um e outro amante.
Desprezo finos guisados,
Deixo ao cura os seus assados;
Só quero amar, ser constante
A quem o Verão me deu
E o Inverno afez a ser meu.
Nota: O original é fénico ou finlandês.
Esta pequena Runa, canção em metro rúnico, é considerada no Norte como um desses raros exemplares de literatura primitiva dos povos, que a caracterizam. Como tal tem sido traduzida em muitas línguas com o auxílio de versões literais, que para isso se publicaram em Estocolmo.
Por este modo se fez a portuguesa: e creio ser a primeira que aparece nas línguas do Sul. Dou com ela as versões todas, poéticas e literais, que me chegaram à mão.
Muito aproveitaria ao estudo das línguas e literaturas da Europa se os nossos literatos se dessem com o mesmo empenho ao estudo das runas e sagas do Norte com que ali se dão ao das nossas xácaras e solaus.
EYTON RUNO SUOMALAISEN
Jos mun tuttuni tulisi,
Ennen nähtyni näkyisi,
Sillen suuta suikkajaisin;
Jos olis suu suden weressä;
Sillen kättä käppäjäisin,
Jaspa käärme kämmen - päässä.
Olisko tuuli mielellisnä,
Ahawainen kielellisnä:
Sanan toisi, sanan weisi,
Sanan liian liikuttaisi,
Kaliden kaunibin wälillä.
Ennen heitäu herkku-ruual,
Paistit pappilan unohdan,
Ennenkun heitän herttaseni,
Kesän kestyteltyäni,
Talwen taiwuteltuani.
(Almeida Garrett dá ainda uma versão em latim e outra em grego)
in: Obras Literárias de Almeida Garrett, Folhas Caídas, p. 142 e 143, Portugália Editora, Lisboa, 1969
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