«Para o pensador africano John Mbiti, enquanto nas sociedades ocidentais o tempo pode ser concebido como algo a ser consumido, podendo ser vendido e comprado como se fosse mercadoria ou serviço potenciais - tempo é dinheiro -, nas sociedades africanas tradicionais o tempo tem que ser criado ou produzido. Mbiti afirma que "o homem africano não é escravo do tempo, mas, em vez disso, ele faz tanto tempo quanto queira".»
Vladimir Kush
Rumi
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.
Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
a vez de reflectir
amigos e amiga, agradeço as pistas de pensamento sugeridas nos comentários ao post de ontem.
acrescento aqui as definições de vez no dicionário da língua portuguesa contemporânea da academia das ciências de lisboa (verbo, 2001): (do latim: vix, vicis)
1. momento em que um facto tem lugar.
2. lugar ou oportunidade reservada a alguém.
3. designação de um operador de multipliação graficamente representado pelo sinal x.
entre as expressões explicadas no dicionário destaco em vez de, no lugar de; em alternativa a. e fazer a vez/as vezes de alguém, desempenhar o papel de alguém.
Diria por palavras minhas que vez é uma medida indefinida de tempo que pode ser repetida ou seriada e se constitui como unidade diferenciada que se aplica à qualidade do tempo designado por vez devido à(s) acção(ões) que aí acontece(m) e ao(s) actor(es) que a(s) desempenha(m).
De modo que se vez pode ser pensada como rio, o tempo será pensado como todo o ciclo da água, aí incluíndo os seres vivos e os seus rios interiores...
e vou pensar mais nisto...
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
homens e ursos
-Na porta da igreja da minha aldeia pregaram a pata de um urso que matei na Primavera. Encontrei-o numa colina coberta de neve, virando um tronco de madeira com a pata.
-Quando foi isso?
-Há uns seis anos atrás. E cada vez que via aquela pata, tal qual a mão de um homem, só com garras compridas, seca e pregada pela palma à porta da igreja, sentia um verdadeiro prazer.
-Orgulho, não é?
-Orgulho de me lembrar do encontro com o urso na montanha, nesse começo de Primavera. Mas matar um homem, que é um homem como nós, não é coisa que me dê orgulho.
-Não se lhe pode pregar a pata na porta da igreja - disse Robert Jordan.
-Não. É uma barbaridade tão grande que nem se pode pensar nela. No entanto a mão do homem parece-se com a pata do urso.
-Também o peito do homem é igual ao peito do urso - disse Jordan. - Tirada a pele do urso, as semelhanças musculares são notáveis.
-Sim. Os ciganos acreditam que o urso é irmão do homem.
-Os Índios da América também - observou Jordan. - Quando matam um urso, pedem-lhe desculpa e perdão. Penduram-lhe a cabeça numa árvore e pedem-lhe perdão antes de se retirarem.
-Os ciganos acreditam que o urso é irmão do homem porque, tirada a pele, tudo é igual e também porque o urso bebe cerveja, gosta de música e sabe dançar.
-O mesmo pensam os índios.
-Os índios serão ciganos?
-Não, mas em relação ao urso pensam como os ciganos.
-Compreendo. Os ciganos também acham que o urso é irmão do homem porque gosta de roubar.
-Tens sangue cigano?
-Não, mas conheço-os bem. Lidei muito com eles, principalmente depois do movimento. Há muitos nas montanhas. Para os ciganos não é pecado matar fora da tribo. Eles negam que seja assim, mas é verdade.
-São como os mouros.
-Sim, mas os ciganos têm um ror de leis secretas que negam ter. A guerra tornou-os maus como dantes eram.
-Eles não compreendem as razões da guerra. Não sabem a razão porque combatemos.
-É verdade - confirmou o velho. - Só sabem que há guerra e que por isso podem matar como antigamente, sem que ninguém lhes peça contas.
-Tu já mataste alguém? - inquiriu Jordan animado pela intimidade que a escuridão favorecia e por um dia passado em comum.
-Sim, muitas vezes. Mas nunca me senti satisfeito. Para mim matar um homem é pecado. Mesmo quando são fascistas que é preciso matar. Eu, por mim, acho grandes diferenças entre um homem e um urso e não acredito nessa bruxaria dos ciganos a respeito da fraternidade com animais. Não. Eu sou contrário à matança de homens.
-E, no entanto, mataste.
-Sim. E voltarei a matar. Mas se escapar com vida hei-de fazer o possível por viver de modo a não fazer mal a ninguém, a fim de ser perdoado.
-Por quem?
-Quem é que sabe? Desde que não há Deus, nem Filho, nem Espírito Santo, quem pode perdoar? Eu não sei.
Ernest Hemingway, Por quem os sinos dobram, p. 43 e 44, Livros do Brasil, Lisboa, 2000
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
sobreviver
somos tão vulneráveis que qualquer coisa nos mata mas também podemos viver muitos anos.
enquanto vivemos podemos fazer muitas coisas até mesmo matar muita gente.
no dia 6 de Agosto de 1945 os EUA lançaram uma bomba atómica sobre Hiroxima, o Sr. Tsutomu Yamaguchi estava lá mas sobreviveu.
Akira Iwanaga e Kuniyoshi Sato, dois colegas que também sobreviveram, conseguiram voltar com ele para Nagasaki onde todos moravam.
no dia seguinte os EUA lançaram uma bomba atómica sobre Nagasaki.
o Sr. Tsutomu Yamaguchi, a sua mulher e o seu filho sobreviveram, tal como os dois colegas que tinham voltado com ele de Hiroshima.
o Sr. Tsutomu Yamaguchi morreu no dia 6 de Janeiro deste ano.
as pessoas que tornaram possível, ordenaram, colaboraram, produziram e lançaram as bombas atómicas morreram antes dele.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
uma ervilha na cama
a história de Hans Christian Andersen "A Princesa e a Ervilha" pode ser lida aqui
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
a figueira imortal
sábado, 9 de janeiro de 2010
absurdos e contradições
Nota de Alexandre Herculano ao poema "A Semana Santa": Eis o poema da minha mocidade: são os únicos versos que conservo desse tempo, em que nada neste mundo deixava para mim de respirar poesia. Se hoje me dissessem: faze um poema de quinhentos versos acerca da Semana Santa, eu olharia ao primeiro aspecto esta proposição como um absurdo: entretanto, eu mesmo, há nove anos realizei esse absurdo. Não é esta a primeira das minhas contradições, e espero em Deus, e na minha sincera consciência, que não seja a última.
Alexandre Herculano, "A Harpa do Crente", p. 47, Publicações Europa-América, 1986
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
“Metade da família de Antoine tinha vindo de Burma. Os seus avós paternos tinham vindo para França nos anos 30 na peugada de Shan, ilustre ancestral que tinha descoberto a Europa oito séculos antes. Shan – uma mulher – era uma aventureira botânica; interessava-se pelas artes e remédios e tentava desenhar um mapa da região. Depois de cada expedição voltava para Pagan, onde tinha nascido, para estar com os familiares e partilhar as suas descobertas com eles e com os letrados. Anawratha, o primeiro grande soberano de Burma, foi informado da paixão dela por investigações e aventuras e deu-lhe os meios materiais e financeiros para descobrir o vasto mundo desconhecido.”
Martin PAGE, “Comment je suis devenu stupide”, 2003
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Moçambique: dança das bananeiras
Para ver um pouco da dança das bananeiras numa aldeia do distrito de Sanga na província de Niassa, carregue aqui.
Da wikipédia: A língua nianja ou cinianja é uma das línguas faladas na província do Niassa. O nome da língua, tal como a palavra Niassa, deriva de "água", ou seja, pode traduzir-se o seu nome como "Língua do Lago".
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
fontes de asneiras
podia fazer-se um ranking das asneiras à hora que se dizem na rádio e na televisão, das asneiras por metro quadrado que se publicam nos jornais, das asneiras por kb que se encontram na net... a poluição ideológica dá-nos cabo das ideias... por isso é tão bom ir para o campo, para longe de qualquer fonte de asneiras, e parar, escutar, olhar
a fotografia veio daqui