Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dogmas e poluição

Talvez não seja possível dizer verdades. Talvez dizer seja sempre uma actividade parcial e relativa que, se tomada como verdade, produz dogmas. Os dogmas, quer sejam afirmados quer sejam negados, estão provavelmente igualmente longe da verdade... isto já é suficiente para almariar uma pessoa! ;)

Bom, estava a pensar sobre "A abolição do trabalho" na medida em que tanto a obrigação como a proibição do trabalho podem ser dogmas assustadores.

E estava também a pensar sobre "A abolição do trabalho" na medida em que a ideia tão forte de que as pessoas têm a obrigação de produzir seja lá o que for para terem o direito de se alimentar - quem não trabalha não come - tem produzido tanto lixo, que não se sabe o que se lhe há-de fazer. Nomeadamente o lixo electrónico, os computadores, telemóveis, etc. que estão continuamente a ser substituídos por outros melhores, criam tanto lixo electrónico... que o trabalho de recolher, armazenar ou reciclar lixo aumenta também, mantendo o dogma, aumentando a poluição e permitindo escrever isto e que isto seja lido.

Agostinho da Silva chamou a atenção para o facto de que, mais que uma sociedade de consumo, contra a qual parece haver unanimidade no dizer - que não no fazer, porque gostamos de consumir - vivemos numa sociedade de produção. Será que se pode dizer que contra a sociedade de produção há unanimidade no "fazer" (ou melhor: "não fazer") - isto é: ninguém quer fazer nada mas tem que ser, etc. - mas não no dizer? Porque é virtuoso dizer mal do consumismo mas não do producionismo?

Salva-nos da confusão a ideia de que tudo isto é sonho, é nada a fingir de coisas... ;) Será possível ficar ainda mais almariada? ;)

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