Vladimir Kush
Rumi
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.
Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI
quinta-feira, 14 de agosto de 2025
O baile no jardim
Caíam as folhas
Saltavam as rolhas
Ao longe
Pastavam ovelhas
Na ribeira
Nadavam solhas
Os copos
Estavam
Cheios de bolhas
E aos pares
Havia
Escolhas
domingo, 6 de julho de 2025
Se a vida fosse um labirinto
Donde quiséssemos sair
Não havia vinho tinto
Que nos desse vontade de rir
quinta-feira, 26 de junho de 2025
A guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo
A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.
A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.
Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.
Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.
Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.
A química directa da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.
A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.
Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem,
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!
Alberto Caeiro, 1917
terça-feira, 24 de junho de 2025
As rosas brancas de Isfahan (Isfaã)
NIHIL NOVUM
Na penumbra do pórtico encantado
De Bruges, noutras eras,já vivi;
Vi os templos do Egito com Loti;
Lancei flores, na Índia, ao rio sagrado.
No horizonte de bruma opalizado,
Frente ao Bósforo errei, pensando em ti!
O silêncio dos claustros conheci
Pelos poentes de nácar e brocado...
Mordi as rosas brancas de Ispahan
E o gosto a cinza em todas era igual!
Sempre a charneca bárbara e deserta,
Triste, a florir numa ansiedade vã!
Sempre da vida - o mesmo estranho mal,
E o coração - a mesma chaga aberta!
FLORBELA ESPANCA
segunda-feira, 23 de junho de 2025
sábado, 7 de junho de 2025
[A vida]
Era um frémito secreto e sensual na frialdade casta do universo
Thomas Mann, A Montanha Mágica, p.313, Publicações D. Quixote, 7ª Edição, 2014