Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Lua cheia

Lua cheia, Lua cheia 

Ai eu não te vi chegar 

Tu és linda, não és feia 

E pairas no alto ar

sábado, 12 de outubro de 2024

domingo, 8 de setembro de 2024

domingo, 28 de julho de 2024

Os garfos

são um grupo de acrobatas em saltos altos que atuam em banquetes quando é servida a sopa. Terminam a atuação fazendo o pino. O público acha graça e os banquetes tornam-se divertidos com piadas e maneiras engraçadas de utilizar os talheres.  

terça-feira, 28 de maio de 2024

O prazer é a beleza da gramática

Leve 

Pouco leve, muito leve, levíssimo

Erguer um prédio =

Erguer um menir =

A construção como materialização ou desvelamento do que tem que ser porque é =

Erguer uma ponte suspensa é uma ideia tão antiga como haver pontes suspensas

E suspense

sábado, 25 de maio de 2024

Recomeço

Recomeça o dia 

Recomeça a noite 

As mesmas estrelas 

Outras nuvens 

Outras e as mesmas aves

Sob o mesmo céu:

Prato invertido 

Que não caíu 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Espingardas foram jarras

Espingardas foram jarras 

Cravos de todas as cores 

Tragédias tornadas farras

Medos fizeram-se amores


quinta-feira, 11 de abril de 2024

O avô comunista

Comprava ouro 

Que escondia longe da vista

Tinha um neto moreno

E outro louro

Deu a cada um uma pista

Que não souberam resolver

Então deixou tudo à neta

Dentro de uma boneca 

Que mandou fazer

segunda-feira, 25 de março de 2024

Cantiga das férias

Férias alegres 

Férias brinquedos 


Correm as férias 

P'ra fora da escola 

Pulam e saltam

Jogam à bola


Férias brinquedos 

Férias alegres 


Oh férias lindas

Campos floridos

Dançam amigas

Cantam amigos


Férias alegres 

Férias brinquedos 


Voam as férias 

No céu azul 

As ondas molham

Ventos do Sul


Férias brinquedos 

Férias alegres 


Venham as férias

Com seus segredos 

Pintar nas nuvens 

Os vinte dedos 


Férias alegres 

Férias brinquedos 

terça-feira, 12 de março de 2024

Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531

 Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:


Ninguém: Que andas tu aí buscando?

Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
                         delas não posso achar, 
                         porém ando porfiando

                         por quão bom é porfiar. 

Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?

Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
                         e meu tempo todo inteiro
                         sempre é buscar dinheiro
                         e sempre nisto me fundo.


Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
               e busco a consciência.


Belzebu: Esta é boa experiência:
             Dinato, escreve isto bem.


Dinato: Que escreverei, companheiro? 

Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
              e Todo o Mundo dinheiro.


Ninguém: E agora que buscas lá? 

Todo o Mundo: Busco honra muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
               que tope com ela já.


Belzebu: Outra adição nos acude:
              escreve logo aí, a fundo,
              que busca honra Todo o Mundo
              e Ninguém busca virtude.


Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
                         tudo quanto eu fizesse.


Ninguém: E eu quem me repreendesse
               em cada cousa que errasse.


Belzebu: Escreve mais.

Dinato: Que tens sabido? 

Belzebu: Que quer em extremo grado
              Todo o Mundo ser louvado,
              e Ninguém ser repreendido.


Ninguém: Buscas mais, amigo meu? 

Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.

Ninguém: A vida não sei que é,
               a morte conheço eu.


Belzebu: Escreve lá outra sorte.

Dinato: Que sorte? 

Belzebu: Muito garrida:
              Todo o Mundo busca a vida
              e Ninguém conhece a morte.


Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
                         sem mo Ninguém estorvar.


Ninguém: E eu ponho-me a pagar
               quanto devo para isso.


Belzebu: Escreve com muito aviso.

Dinato: Que escreverei?

Belzebu: Escreve
              que Todo o Mundo quer paraíso
              e Ninguém paga o que deve.


Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
                         e mentir nasceu comigo.


Ninguém: Eu sempre verdade digo
               sem nunca me desviar.


Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
              não sejas tu preguiçoso.


Dinato: Quê?

Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
              E Ninguém diz a verdade.


Ninguém: Que mais buscas?

Todo o Mundo: Lisonjear.

Ninguém: Eu sou todo desengano.

Belzebu: Escreve, ande lá, mano.

Dinato: Que me mandas assentar?

Belzebu: Põe aí mui declarado,
              não te fique no tinteiro:
              Todo o Mundo é lisonjeiro,
              e Ninguém desenganado.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Maçã e tomate

Maçã e tomate

Lado a lado à janela
Vêem um combate
De ceroulas de flanela
Na corda da roupa
Da casa em frente
Chega uma poupa
De olhar abrangente
E a tarde cinzenta
Fica transparente