Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Soneto de Shakespeare CXXX

Os olhos como o sol o meu amor não tem
e é mais rubro o coral que a sua rubra boca,
e então se a neve é alva, seu peito é 'scuro e bem,
se os cabelos são fios, só fio negro a touca.
Vi rosas-de-damasco, brancas e encarnadas,
mas tais rosas nas faces não vejo ao contemplá-la,
e têm alguns perfumes essências delicadas
mais que as do meu amor no hálito que exala.
De ouvi-la falar gosto, contudo, bem no sei,
na música ressoa mais doce afinação:
uma deusa a passar, confesso, nunca olhei,
a minha dama, andando, põe os seus pés no chão.
     E eu penso o meu amor tão raro todavia
     como os mais que de enganos gera a falsa poesia.


Tradução de Vasco Graça Moura in "50 Sonetos de Shakespeare", p. 102, Editorial Inova, Porto, Abril, 1978
http://www.alfarrabista.eu/livros.php?artg=1043418

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