Vladimir Kush
Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)
Rumi
A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.
Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.
Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
sandálias pré-históricas
sandálias de esparto (datadas do Neolítico Tardio, 3.500-2.700 a.C.) no Museu Arqueológico de Granada.
Há outras sandálias de esparto provenientes do mesmo local (Gruta dos Morcegos, Albuñol, Granada) no Museu Arqueológico de Madrid, procurar em "Tesoros" e depois em "Prehistoria"
Há outras sandálias de esparto provenientes do mesmo local (Gruta dos Morcegos, Albuñol, Granada) no Museu Arqueológico de Madrid, procurar em "Tesoros" e depois em "Prehistoria"
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
avó e neta
Sonhos de avó e neta, de Karl Pavlovich Briullov (1799-1852) pintor russo que, em 1834, pintou o conhecido quadro da morte de Inês de Castro
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
fábrica de ornamentos
Klavdievskaya, fábrica ucraniana de ornamentos para árvores de Natal, história e mais fotografias aqui
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
paisagem antropomorfa
aguarela de Matthäus Merian, por volta de 1650
Matthaüs Merian era o pai de Maria Sybilla Merian, de quem já se falou neste blog por causa das suas Metamorfoses dos Insectos do Suriname
Matthaüs Merian era o pai de Maria Sybilla Merian, de quem já se falou neste blog por causa das suas Metamorfoses dos Insectos do Suriname
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
o padrão de S. Jorge
"Era o Zaire. Mas, fascinados pelo ímpeto e pelo caudal da corrente, chamaram-lhe o Rio Poderoso, e Diogo Cão plantou-lhe na base do cabo merídeo o padrão de S. Jorge, que a artilharia naval inglesa do séc. XIX converteria em alvo fixo. Só os negros guardaram piedosamente o plinto e umas lascas do tronco dessa pedra. Ao modo deles, é claro... Como «feitiço de branco»."
Vitorino Nemésio, Vida e Obra do Infante D. Henrique, Vertente, Porto, 1984, p. 178
Ver aqui a fotografia e história do padrão de S. Jorge e suas réplicas.
Vitorino Nemésio, Vida e Obra do Infante D. Henrique, Vertente, Porto, 1984, p. 178
Ver aqui a fotografia e história do padrão de S. Jorge e suas réplicas.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
O Poder de Uma
The Power of One foi o nome que o fotógrafo Oded Balilty deu a esta fotografia tirada em Fevereiro de 2006 em Amona, território Palestiniano, quando o Governo Israelita ordenou a demolição das nove casas de colonos judeus.
A rapariga na fotografia identificou-se simplesmente como Nili, tinha então 15 anos:
"Na fotografia vêem-me a mim - como se fosse apenas uma pessoa - contra muitos. Mas isso é apenas uma ilusão. Por trás dos muitos está um homem - (o Primeiro Ministro Ehud) Olmert, que ordenou a demolição. Por trás de mim está o Senhor Bendito Seja Ele, e o povo de Israel."
A mãe de Nili, Devorah, que emigrou de Miami há 30 anos, descreve-a como "apenas uma rapariga normal" que gosta de cozinhar. Nili estuda biologia e disse que espera vir a trabalhar em medicina alternativa.
A rapariga na fotografia identificou-se simplesmente como Nili, tinha então 15 anos:
"Na fotografia vêem-me a mim - como se fosse apenas uma pessoa - contra muitos. Mas isso é apenas uma ilusão. Por trás dos muitos está um homem - (o Primeiro Ministro Ehud) Olmert, que ordenou a demolição. Por trás de mim está o Senhor Bendito Seja Ele, e o povo de Israel."
A mãe de Nili, Devorah, que emigrou de Miami há 30 anos, descreve-a como "apenas uma rapariga normal" que gosta de cozinhar. Nili estuda biologia e disse que espera vir a trabalhar em medicina alternativa.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
doce petróleo
Petróleo bruto iraquiano em forma de Feliz Natal
de Andrei Molodkin
faz parte da série A Eternidade do Petróleo Doce (2005)
de Andrei Molodkin
faz parte da série A Eternidade do Petróleo Doce (2005)
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
manuscritos iluminados conservados em Aragão
imagem de divulgação da exposição realizada em Saragoça em 2009, de iluminuras conservadas em arquivos, bibliotecas e colecções particulares em Aragão e normalmente não acessíveis ao público
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
a paz
Oleg Komov (1932-1994)
Memorial da Guerra em Erlauf, Áustria
(1945 - encontro de russos e americanos)
Oleg Komov (1932-1994)
Memorial da Guerra em Erlauf, Áustria
(1945 - encontro de russos e americanos)
sábado, 26 de novembro de 2011
trabalho
fotografia de Sergey Maximishin
desfiladeiro de Cheghem,
República de Kabardino-Balkaria, Federação Russa
desfiladeiro de Cheghem,
República de Kabardino-Balkaria, Federação Russa
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
O que será que será
O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho
O que será que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido
O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo
Chico Buarque
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho
O que será que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido
O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo
Chico Buarque
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
em pousio
Cúpula de hospital abandonado álbum "abandonos industriais, privados, militares" no site Boreally
terça-feira, 22 de novembro de 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
os ritmos desencadeadores da unidade de movimento
Em religião e no que se pode chamar a cultura, o negro africano era por assim dizer totalitário, totémico: isto é, desconhecedor do sentimento de personalidade e de individuação. Um negro considerava-se sempre membro de um todo sacral, a comunidade de sangue expressa na tribo ou grupo humano sujeito a uma forma material do mistério - animal, rio, planta - e dela dependente pela prática de ritos colectivos que preenchiam a vida quotidiana: bodas, plantações, colheitas, guerras, funerais. Daí a importância dos gestos em cadeia e dos ritmos desencadeadores da unidade de movimento, bem como dos instrumentos empregados para os realçar e produzir: marimbas, atabaques, colares, braceletes. Daí a excelência da arte negra inscultora da pele e da madeira, a perfeição da dança orgiástica, do canto monótono e profundo que reitera o tema e a intenção.
Vitorino Nemésio, Vida e Obra do Infante D. Henrique, Vertente, Porto, 1984, p. 26
com a seguinte nota: A primeira edição deste livro foi efectuada em 1959, integrada na Colecção Henriquina.
Vitorino Nemésio, Vida e Obra do Infante D. Henrique, Vertente, Porto, 1984, p. 26
com a seguinte nota: A primeira edição deste livro foi efectuada em 1959, integrada na Colecção Henriquina.
sábado, 19 de novembro de 2011
VITAS - Varsóvia 21 de Abril de 2012
O video que estava aqui anunciava o concerto de 21 de Abril de 2012 em Varsóvia mas foi removido pelo utilizador de modo que, entre apagar esta publicação e substituir o vídeo pelo que foi feito mais tarde, optei pela substituição. Eis porque este vídeo tem uma data posterior à da publicação :)
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
lábio a lábio
A abóboda do céu assemelha-se a uma taça voltada,
sob a qual, os sábios, vagueiam, debalde.
Que o teu amor pela bem-amada seja igual ao da ânfora pela taça.
Vê... Lábio a lábio, elas dão entre si o seu sangue.
Omar Khayyam, Rubaiyat - odes ao vinho, Editorial Estampa, Lisboa, 1990, p. 49
sob a qual, os sábios, vagueiam, debalde.
Que o teu amor pela bem-amada seja igual ao da ânfora pela taça.
Vê... Lábio a lábio, elas dão entre si o seu sangue.
Omar Khayyam, Rubaiyat - odes ao vinho, Editorial Estampa, Lisboa, 1990, p. 49
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
traduções do Rinoceronte
«A imagem de um rinoceronte é criada usando apenas caligrafia Árabe na escrita Diwani Jali. O texto é a famosa citação de Eugène Ionesco da peça "Rinoceronte": "Há certas coisas que entram nas mentes até de pessoas que não têm uma." A frase está escrita duas vezes.»
O texto acima é a tradução do texto em inglês que acompanha a imagem.
O link que havia aqui deixou de funcionar. Já não sei onde encontrei isto. (27/09/2019)
A frase original de Ionesco - que era romeno - em francês é: "Il y a des choses qui viennent à l'esprit même de ceux qui n'en ont pas." cuja tradução literal será: «Há coisas que vêm ao espírito mesmo daqueles que não o têm.»
Proponho esta alternativa em português: «Há coisas que vêm à ideia até daqueles que não têm ideias.»
O texto acima é a tradução do texto em inglês que acompanha a imagem.
O link que havia aqui deixou de funcionar. Já não sei onde encontrei isto. (27/09/2019)
A frase original de Ionesco - que era romeno - em francês é: "Il y a des choses qui viennent à l'esprit même de ceux qui n'en ont pas." cuja tradução literal será: «Há coisas que vêm ao espírito mesmo daqueles que não o têm.»
Proponho esta alternativa em português: «Há coisas que vêm à ideia até daqueles que não têm ideias.»
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
fazer o caminho
Continua a andar, mesmo que não haja lugar para onde ir.
Não tentes ver através das distâncias.
Isso não é para seres humanos. Vai por dentro,
mas não pelo caminho por onde o medo te leva.
RUMI
Não tentes ver através das distâncias.
Isso não é para seres humanos. Vai por dentro,
mas não pelo caminho por onde o medo te leva.
RUMI
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
só precisas de medo
Levaram Nasrudin (Nassrudin, Nasruddin ... ) à presença de um Rei cruel acusando-o de espalhar histórias que minavam o poder político.
- Prova-me que és um sábio ou mando cortar-te a cabeça, gritou o Rei.
- Vossa Majestade, eu vejo dragões nos céus e agora mesmo estou a ver os demónios nas entranhas da Terra, disse Nasrudin imediatamente.
- Ah sim? Como é que consegues ver isso?
- É fácil, disse Nasrudin, só precisas de medo.
- Prova-me que és um sábio ou mando cortar-te a cabeça, gritou o Rei.
- Vossa Majestade, eu vejo dragões nos céus e agora mesmo estou a ver os demónios nas entranhas da Terra, disse Nasrudin imediatamente.
- Ah sim? Como é que consegues ver isso?
- É fácil, disse Nasrudin, só precisas de medo.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
o monge calmo
Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima.
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu não me mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo de outrora te não ter amado.
Alberto Caeiro
imagem: Francisquinhos
terça-feira, 8 de novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
anekdot
anedota diz-se анекдот (anekdot) em russo e "Vovochka" é o diminutivo de Vladimir
Quero viver na União Soviética
Professora: Onde é que há os melhores brinquedos?
Crianças: Na União Soviética!
Professora: E onde é que há os doces mais saborosos?
Crianças: Na União Soviética!
Professora: Portanto onde é que as crianças são mais felizes?
Crianças: Na União Soviética!
De repente Vovochka começa a chorar amargamente.
Professora: Vovochka, porque é que estás a chorar?
Vovochka (através das lágrimas): Eu quero viver na União Soviética!
Quero viver na União Soviética
Professora: Onde é que há os melhores brinquedos?
Crianças: Na União Soviética!
Professora: E onde é que há os doces mais saborosos?
Crianças: Na União Soviética!
Professora: Portanto onde é que as crianças são mais felizes?
Crianças: Na União Soviética!
De repente Vovochka começa a chorar amargamente.
Professora: Vovochka, porque é que estás a chorar?
Vovochka (através das lágrimas): Eu quero viver na União Soviética!
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
estação de brincar
Outono, estação da linha do comboio para crianças num jardim da ilha de Sacalina, Rússia
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Hikeda-no-Akaiko
-Agora, uma velha historia commovente; é a historia da camponeza Hikeda-no-Akaiko; e data do século V da nossa era.
O imperador Yuraku vagueava um dia ao longo das margens pittorescas do rio Miwa, quando, á borda do rio, deu fé de uma formosa rapariga, que alli lavava roupa. Ficou encantado. Dirigindo-lhe a palavra, o imperador perguntou-lhe pelo nome; e advertiu-a que nunca se casasse, que esperasse a occasião de ser chamada á corte imperial, onde elle a queria para si.
Hikeida-no-Akaiko, a humilde camponeza, fez a sua reverencia e acquiesceu; e o imperador, após o galanteio, retirou-se, continuando a vaguear por aquelles sitios.
E a humilde camponeza pôs-se a esperar a esperar, a esperar que a chamassem á corte do soberano. Esperou tanto, que esperou até aos oitenta annos, em virginal candura de donzella, recusando vários casamentos vantajosos. Mas, tendo chegado áquella idade, curvada ao peso dos invernos e com os cabellos cor de neve, pareceu-lhe que não deveria esperar mais tempo, dirigindo-se então ao palácio imperial, com alguns presentes para o soberano.
O imperador, que havia esquecido de toda a aventura, ficou surprezo e angustiado de remorsos, quando foi informado d'aquella estranha visitante. Encheu de afagos e benesses a decrépita amorosa, buscando assim consolal-a dos longos infortúnios; do seu punho, dedicou-lhe uma poesia. Mas a velha a nada respondia, nada queria; chorava, chorava e nada mais…
Wenceslau de Moraes, Cartas do Japão III, 2ª Serie - 1911-1913, Sociedade Editora Portugal Brasil, Arthur Brandão & C.ª, Lisboa
Carta de 15 de Novembro de 1912, p. 122 e 123
O imperador Yuraku vagueava um dia ao longo das margens pittorescas do rio Miwa, quando, á borda do rio, deu fé de uma formosa rapariga, que alli lavava roupa. Ficou encantado. Dirigindo-lhe a palavra, o imperador perguntou-lhe pelo nome; e advertiu-a que nunca se casasse, que esperasse a occasião de ser chamada á corte imperial, onde elle a queria para si.
Hikeida-no-Akaiko, a humilde camponeza, fez a sua reverencia e acquiesceu; e o imperador, após o galanteio, retirou-se, continuando a vaguear por aquelles sitios.
E a humilde camponeza pôs-se a esperar a esperar, a esperar que a chamassem á corte do soberano. Esperou tanto, que esperou até aos oitenta annos, em virginal candura de donzella, recusando vários casamentos vantajosos. Mas, tendo chegado áquella idade, curvada ao peso dos invernos e com os cabellos cor de neve, pareceu-lhe que não deveria esperar mais tempo, dirigindo-se então ao palácio imperial, com alguns presentes para o soberano.
O imperador, que havia esquecido de toda a aventura, ficou surprezo e angustiado de remorsos, quando foi informado d'aquella estranha visitante. Encheu de afagos e benesses a decrépita amorosa, buscando assim consolal-a dos longos infortúnios; do seu punho, dedicou-lhe uma poesia. Mas a velha a nada respondia, nada queria; chorava, chorava e nada mais…
Wenceslau de Moraes, Cartas do Japão III, 2ª Serie - 1911-1913, Sociedade Editora Portugal Brasil, Arthur Brandão & C.ª, Lisboa
Carta de 15 de Novembro de 1912, p. 122 e 123
sábado, 29 de outubro de 2011
despercebido
A Revelação
Um poeta desocupado, aqui e ali,
Olha à sua volta, mas, para todo o resto,
O mundo, incompreensivelmente belo,
É mais aborrecido que a piada de um maçador.
O amor acorda os homens, uma vez em cada vida;
Eles levantam as pesadas pálpebras, e olham;
E eis que o que uma página suave pode ensinar,
Lêem com alegria, depois fecham o livro.
E às vezes agradecem, outros blasfemam,
E muitos esquecem, mas, de qualquer modo,
Isso e o sonho despercebido da criança
É toda a luz de todo o seu dia.
Coventry Patmore
Um poeta desocupado, aqui e ali,
Olha à sua volta, mas, para todo o resto,
O mundo, incompreensivelmente belo,
É mais aborrecido que a piada de um maçador.
O amor acorda os homens, uma vez em cada vida;
Eles levantam as pesadas pálpebras, e olham;
E eis que o que uma página suave pode ensinar,
Lêem com alegria, depois fecham o livro.
E às vezes agradecem, outros blasfemam,
E muitos esquecem, mas, de qualquer modo,
Isso e o sonho despercebido da criança
É toda a luz de todo o seu dia.
Coventry Patmore
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
multivário
O ROCHEDO
A nuvem de ouro dorme a noite inteira
no seio do gigântico rochedo.
Pela manhã levanta-se, bem cedo,
e descuidada vai-se pelos céus, ligeira.
Mas lá restou de orvalho um breve traço
nas rugas do penedo solitário.
E é como se ele ficara multivário
chorando suavemente ante o vazio espaço.
Mikhail Lermontov
tradução de Jorge de Sena
A nuvem de ouro dorme a noite inteira
no seio do gigântico rochedo.
Pela manhã levanta-se, bem cedo,
e descuidada vai-se pelos céus, ligeira.
Mas lá restou de orvalho um breve traço
nas rugas do penedo solitário.
E é como se ele ficara multivário
chorando suavemente ante o vazio espaço.
Mikhail Lermontov
tradução de Jorge de Sena
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
chão de terra batida
Contaram-me há uns anos que no tempo, nem por isso muito distante, em que em Portugal as pessoas faziam as suas próprias casas, quando acabavam de construir a casa e antes de começarem a habitá-la, convidavam parentes e vizinhos para um baile, para que os pés dos dançarinos compactassem bem o chão.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
um quadro histórico
Kakabadze, Manifestação em Imereti, 1942
depois de contar brevemente como nos países soviéticos a classificação de "formalista" podia acarretar sanções e perseguições aos artistas, o autor do blog de onde trouxe esta imagem conta a história deste quadro do pintor georgiano Davit Kakabadze:
"Para satisfazer os requisitos, Kakabadze incluiu a imagem de uma central de energia eléctrica nas paisagens "atapetadas" de Imereti. Também não gostaram delas argumentando que os construtores do Socialismo não estavam lá representados. Numa das pinturas, sob a montanha de Imereti, pintou manifestantes com cartazes. Nos cartazes havia retratos de Lenine, Estaline e Beria. É um quadro histórico. Depois da morte de Estaline quando Krushchev anunciou a luta contra o "culto da personalidade" no depósito do museu onde estava o quadro de Kakabadze os retratos de Estaline e Beria foram pintados por cima."
depois de contar brevemente como nos países soviéticos a classificação de "formalista" podia acarretar sanções e perseguições aos artistas, o autor do blog de onde trouxe esta imagem conta a história deste quadro do pintor georgiano Davit Kakabadze:
"Para satisfazer os requisitos, Kakabadze incluiu a imagem de uma central de energia eléctrica nas paisagens "atapetadas" de Imereti. Também não gostaram delas argumentando que os construtores do Socialismo não estavam lá representados. Numa das pinturas, sob a montanha de Imereti, pintou manifestantes com cartazes. Nos cartazes havia retratos de Lenine, Estaline e Beria. É um quadro histórico. Depois da morte de Estaline quando Krushchev anunciou a luta contra o "culto da personalidade" no depósito do museu onde estava o quadro de Kakabadze os retratos de Estaline e Beria foram pintados por cima."
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
um norueguês na Nazaré
Jan Brøgger (1936-2006)
Pescadores e Pés - calçados
Livraria Susy, 1ª Edição, Nazaré, 1992
Tradutor: José Maria Trindade
Título original: Pre-bureaucratic Europeans
A Study of a Portuguese Fishing Community
As tensões e a gestão da vida comunitária
Um dos traços essenciais da vida comunitária da Nazaré é a ausência de privacidade. Isto não significa que a casa esteja aberta a todos, mas há sempre um número exagerado de visitas para poder ser considerada um lugar de retiro para os seus membros. Por outro lado, marido e mulher orientam as suas vidas mais em função dos compromissos sociais que em função um do outro.
Grande parte da vida familiar dos nazarenos decorre na rua, junto à porta ou no pátio. A família que se refugia na privacidade do lar torna-se objecto de censura e suspeita. A existência de uma vida privada, ou secreta, tal como ela é vista pelos nazarenos, é-lhes completamente estranha. A porta deve estar sempre aberta, o que não acontecendo pode dar azo a suspeitas de bruxaria.
Foi o que aconteceu a uma velha que vivia sozinha. Circulavam rumores de que ela tinha relações com o diabo. Rumores confirmados por duas vizinhas que se diz, terem-na surpreendido durante o insólito coito. Ela era ainda acusada com frequência dos infortúnios inexplicáveis ocorridos na comunidade.
Bacalhoeiros diziam tê-la visto durante uma campanha na Terra Nova. Este relato ilustra não só a atmosfera criada pela vida comunitária, mas também a sobrevivência das ideias clássicas de bruxaria e feitiçaria na Nazaré.
Dado desconhecerem o privilégio de um espaço privado de recolhimento, inacessível a outras pessoas, os nazarenos não podem ter, obviamente, consciência da sua necessidade. Apreciam porém as situações que lhes permitem fingir (sic) às pressões de uma comunidade demasiado envolvente. Um passatempo muito apreciado pelos pescadores mais ricos é a organização de excursões às aldeias rurais do interior. A partida cria neles um sentimento de liberdade inebriante e um estado de espírito dionisíaco.
Uma visita aos bares mais famosos de Amesterdão ou de Banguecoque não seria acompanhada de maior excitação e entusiasmo que a excursão à pacata aldeia da Maiorga. (...)
Aparentemente, para ser aceite pela comunidade piscatória, um homem deve embriagar-se pelo menos em algumas ocasiões, e dar mostras da sua vulnerabilidade por palavras e por actos. Felizmente ao fazer uma demonstração um tanto dionisíaca de uma dança norueguesa, tive a sorte de quebrar uma lâmpada de néon na cave de uma taberna. O bacanal dessa noite serviu como ritual de iniciação eficaz.
(p. 97-100)
Pescadores e Pés - calçados
Livraria Susy, 1ª Edição, Nazaré, 1992
Tradutor: José Maria Trindade
Título original: Pre-bureaucratic Europeans
A Study of a Portuguese Fishing Community
As tensões e a gestão da vida comunitária
Um dos traços essenciais da vida comunitária da Nazaré é a ausência de privacidade. Isto não significa que a casa esteja aberta a todos, mas há sempre um número exagerado de visitas para poder ser considerada um lugar de retiro para os seus membros. Por outro lado, marido e mulher orientam as suas vidas mais em função dos compromissos sociais que em função um do outro.
Grande parte da vida familiar dos nazarenos decorre na rua, junto à porta ou no pátio. A família que se refugia na privacidade do lar torna-se objecto de censura e suspeita. A existência de uma vida privada, ou secreta, tal como ela é vista pelos nazarenos, é-lhes completamente estranha. A porta deve estar sempre aberta, o que não acontecendo pode dar azo a suspeitas de bruxaria.
Foi o que aconteceu a uma velha que vivia sozinha. Circulavam rumores de que ela tinha relações com o diabo. Rumores confirmados por duas vizinhas que se diz, terem-na surpreendido durante o insólito coito. Ela era ainda acusada com frequência dos infortúnios inexplicáveis ocorridos na comunidade.
Bacalhoeiros diziam tê-la visto durante uma campanha na Terra Nova. Este relato ilustra não só a atmosfera criada pela vida comunitária, mas também a sobrevivência das ideias clássicas de bruxaria e feitiçaria na Nazaré.
Dado desconhecerem o privilégio de um espaço privado de recolhimento, inacessível a outras pessoas, os nazarenos não podem ter, obviamente, consciência da sua necessidade. Apreciam porém as situações que lhes permitem fingir (sic) às pressões de uma comunidade demasiado envolvente. Um passatempo muito apreciado pelos pescadores mais ricos é a organização de excursões às aldeias rurais do interior. A partida cria neles um sentimento de liberdade inebriante e um estado de espírito dionisíaco.
Uma visita aos bares mais famosos de Amesterdão ou de Banguecoque não seria acompanhada de maior excitação e entusiasmo que a excursão à pacata aldeia da Maiorga. (...)
Aparentemente, para ser aceite pela comunidade piscatória, um homem deve embriagar-se pelo menos em algumas ocasiões, e dar mostras da sua vulnerabilidade por palavras e por actos. Felizmente ao fazer uma demonstração um tanto dionisíaca de uma dança norueguesa, tive a sorte de quebrar uma lâmpada de néon na cave de uma taberna. O bacanal dessa noite serviu como ritual de iniciação eficaz.
(p. 97-100)
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Nivkh
Nivkh, povo da Sibéria e da ilha de Sacalina cujo nome antigo era Guiliaks
"Ivanov, um negociante de Nikolaievsk, já falecido, ia todos os verões a Sacalina para cobrar uma dízima, que impusera aos guiliaks, sob pena de sujeitar os maus pagadores à tortura e à forca." (escrito em 1890 por Tchekov)
Tchékhov, A Ilha de Sacalina, p. 18, Relógio d'Água, Abril, 2011
"Ivanov, um negociante de Nikolaievsk, já falecido, ia todos os verões a Sacalina para cobrar uma dízima, que impusera aos guiliaks, sob pena de sujeitar os maus pagadores à tortura e à forca." (escrito em 1890 por Tchekov)
Tchékhov, A Ilha de Sacalina, p. 18, Relógio d'Água, Abril, 2011
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
um litro de luz
Ideia luminosa nas Filipinas. O video é falado em filipino e tem legendas em inglês, mas as imagens bastam para compreender tudo: Isang Litrong Liwanag
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
sábado, 8 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Triste Viuvinha
Olha a triste viuvinha
Qu'anda na roda a chorar
Anda a ver se encontra noivo
Para com ela casar
Casadinha há três dias
Ela ali vai a chorar
Pela vida de solteira
Não a torna a encontrar
***
Estes são os versos que cantávamos quando eu andava na escola primária e fazíamos rodas, na imagem a letra é outra e não tenho conhecimentos musicais para saber se a música é ou não a mesma...
Qu'anda na roda a chorar
Anda a ver se encontra noivo
Para com ela casar
Casadinha há três dias
Ela ali vai a chorar
Pela vida de solteira
Não a torna a encontrar
***
Estes são os versos que cantávamos quando eu andava na escola primária e fazíamos rodas, na imagem a letra é outra e não tenho conhecimentos musicais para saber se a música é ou não a mesma...
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Nossa Senhora da Boa Morte
Escultura em madeira de proveniência desconhecida, datada do séc. XVII e actualmente no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
pintor no telhado
Anton PIECK (1895-1987)
pintor holandês
no blog Crianças na História de Arte (Children in Art History)
pintor holandês
no blog Crianças na História de Arte (Children in Art History)
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
fiz um nascer do sol em bronze
Museu do Louvre, Antiguidades Orientais, Irão, Sit Shamshi
bronze, séc. XV - XII a.C.
Inscrição: "Eu Shilhak-Inshushinak, filho de Shutruk-Nahhunte, servidor bem-amado de Inshushinak, rei de Anshan e de Susa (...), fiz um nascer do sol em bronze."
bronze, séc. XV - XII a.C.
Inscrição: "Eu Shilhak-Inshushinak, filho de Shutruk-Nahhunte, servidor bem-amado de Inshushinak, rei de Anshan e de Susa (...), fiz um nascer do sol em bronze."
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
não sei
Esta estatueta de bronze está no Museu Nacional da Islândia. Foi desenterrada em 1815 ou 16 no Norte da Islândia e datada, por razões de estilo, de cerca do ano 1000 d.C..
Os islandeses julgam que pode ser Þór (Thor) com o martelo, ou então Cristo com a cruz.
Os islandeses julgam que pode ser Þór (Thor) com o martelo, ou então Cristo com a cruz.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
a procissão dos caracóis
desliga-se a electricidade
e acendem-se as cascas de caracóis cheias de azeite,
com um pavio,
colocadas em montinhos de areia ao longo do caminho da procissão nocturna
Património Imaterial
e acendem-se as cascas de caracóis cheias de azeite,
com um pavio,
colocadas em montinhos de areia ao longo do caminho da procissão nocturna
Património Imaterial
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
poesia vietnamita
A língua vietnamita é tonal e a poesia, além da rima, usa também os tons; neste poema as palavras francesas são inseridas no esquema.
Lý Lãng Nhân que escreveu a "Introdução à Poesia Vietnamita" onde este poema é citado, diz que é a história do crime que a personagem principal sofreu às mãos da sua ex-mulher tal como ele o conta a um chefe da polícia francesa:
..............................
Jouer la carte luy? ðánh bài,
Perdu cu?a moa? mô.t hai tram ðô`ng.
Fini l'argent lu?y dong.
Parti ðuo`ng lô. lâ´y chô`ng Hàng Sao.
Thua buô`n malade moa? ðau,
Ne pas dormir nhu~ng thao thúc hoài.
Vô Danh
Jogar às cartas era o que ela fazia
e perdeu muitas centenas de piastras do meu dinheiro.
Então deixou-me pobre,
e foi para Hàng Sao para arranjar marido.
Deste infortúnio fiquei tão doente
que perdi completamente o sono.
Anónimo
Lý Lãng Nhân que escreveu a "Introdução à Poesia Vietnamita" onde este poema é citado, diz que é a história do crime que a personagem principal sofreu às mãos da sua ex-mulher tal como ele o conta a um chefe da polícia francesa:
..............................
Jouer la carte luy? ðánh bài,
Perdu cu?a moa? mô.t hai tram ðô`ng.
Fini l'argent lu?y dong.
Parti ðuo`ng lô. lâ´y chô`ng Hàng Sao.
Thua buô`n malade moa? ðau,
Ne pas dormir nhu~ng thao thúc hoài.
Vô Danh
Jogar às cartas era o que ela fazia
e perdeu muitas centenas de piastras do meu dinheiro.
Então deixou-me pobre,
e foi para Hàng Sao para arranjar marido.
Deste infortúnio fiquei tão doente
que perdi completamente o sono.
Anónimo
terça-feira, 20 de setembro de 2011
hatzegopteryx
a navegar na net encontrei o "phorusrhacids" e, querendo saber mais sobre ele, encontrei este: é o "hatzegopteryx"
o desenho está assinado mas (ainda) não consegui saber de quem é
o desenho está assinado mas (ainda) não consegui saber de quem é
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