Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




sábado, 29 de junho de 2013

peixe com patas

Iluminura, séc. XIII, segundo quartel

Proveniente de Bíblia Inglesa (Oxford?)

Biblioteca Municipal de Alençon, França

Alençon - BM - ms. 0056

f.250


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Alt-Breisach

"Antigamente, o Alt Breisach, uma fortaleza rochosa por onde corre o rio, ora de um lado, ora do outro - pois, na sua juventude inexperiente, parece que o Reno não estava ainda bem seguro do seu caminho -, devia ser, como local de residência, do agrado exclusivo de quem gostasse de mudança e agitação. Entre quem quer que fosse a guerra, e qualquer que fosse a razão dela, o Alt Breisach estava condenado a participar. Toda a gente o cercou, a maior parte capturou-o; a maior parte voltou a perdê-lo, e ninguém era capaz de o manter. O habitante do Alt Breisach nunca tinha bem a certeza a quem pertencia e o que era. Um dia era francês e, antes de conseguir aprender o francês suficiente para pagar os impostos, passava a ser austríaco. Enquanto tentava perceber o que era preciso para se ser bom austríaco, descobria que já não era austríaco mas alemão, embora fosse sempre duvidoso que espécie de alemão seria, entre as doze espécies que havia. Um dia descobria que era católico, no dia seguinte protestante fervoroso. A única coisa que lhe pode ter dado alguma estabilidade à existência deve ter sido a monótona necessidade de pagar alto o privilégio de ser o que quer que fosse no momento. Mas quando se começa a pensar nestas coisas, perguntamo-nos como é que alguém, na Idade Média, fora os reis e os cobradores de impostos, se dava sequer ao trabalho de viver."

Jerome K. Jerome, "Três Homens de Bicicleta" (publicado em 1900), p. 170, Edições Cotovia, Lda., Lisboa, 1992

A imagem é de um cartão postal escrito e enviado em 1914 - aqui

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Deuses que Guardam a Casa pelo lado de Fora

A ilha Olkhon fica no Lago Baikal. É extraordinária sob muitos pontos de vista. Habitada desde a pré-história é um centro espiritual, um dos mais sagrados da Ásia, para Shamans, Budistas e Cristãos Ortodoxos. Agora é também um destino turístico.

Em 1900 Jeremiah Curtin visitou a ilha Olkhon e tirou fotografias. Ele morreu em 1906 e o livro "A Journey in Southern Siberia" (Uma Viagem na Sibéria do Sul) foi publicado postumamente em 1909.

Esta fotografia está colocada acima da página 237, juntamente com uma outra que mostra os Deuses mais perto.

"Deuses que Guardam a Casa pelo Lado de Fora" aqui.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

a Torre de Belém no séc. XIX

Fotografia de Jean Laurent (1816-1886) no INHA - Institut national d'histoire de l'art (Instituto nacional de história de arte)

A fotografia pode ser aumentada; na varanda, a meio da torre, está uma pessoa. Ver aqui.

terça-feira, 25 de junho de 2013

cigarros para a asma

Encontrei a imagem aqui e fiquei perplexa, não sei se em Portugal nunca houve ou se eu é que nunca soube que havia ou que tivesse havido.

O anúncio diz que "aliviam temporariamente os ataques de asma e efectivamente tratam asma, febre dos fenos, mau hálito, todas as doenças da garganta, constipações, aftas e irritações dos brônquios. Não são recomendados a crianças com menos de seis anos."

A primeira coisa que pensei foi que a publicidade é capaz de nos convencer de qualquer coisa; mas parece que os cigarros para a asma eram realmente bons: continham ervas medicinais secas e esmagadas. Talvez venha a traduzir mais informação - não encontrei nada em português - mas, para já, se souberem ler inglês e quiserem saber mais, podem começar por aqui

segunda-feira, 24 de junho de 2013

a força criativa

Homer William Smith,  “From fish to philosopher” (De peixe a filósofo)

Figura 3. Analogia do Alfabeto de Simpson - ilustrando a força criativa da selecção natural, mas utilizando um funil em vez de um barril.

A ilustração está assinada M. Lorenc mas não encontrei informação na internet.

O livro pode ser lido on-line aqui.

Todas as imagens estão entre a página 140 e 141. Ou, utilizando o cursor em baixo, é a página 166 / 336.

Este livro foi publicado pela primeira vez em 1953, nos Estados Unidos da América.

Esta edição on-line é a de 1961.

Link para o "Internet Archive"


sábado, 22 de junho de 2013

Vladimir Kolbasov

Aguarela "Rua dos Italianos" em São Petersburgo

ver aqui

Vladimir Kolbasov nasceu em 1960 em São Petersburgo onde vive e trabalha

quinta-feira, 20 de junho de 2013

se a pronuncia inglesa fosse menos arbitrária

Jerome Klapka Jerome, 1900:

"Se a pronuncia inglesa fosse menos arbitrária, não tenho a mínima dúvida de que se tornaria, em poucos anos, a língua do mundo. Todos os estrangeiros concordam que, gramaticalmente, é a língua mais fácil de aprender. Um alemão, comparando-a com a sua própria língua, em que cada palavra em cada frase é governada por pelo menos quatro regras distintas, dirá que o inglês não tem gramática. E há muitos ingleses que parecem estar a chegar à mesma conclusão, mas enganam-se. Há, na realidade, uma gramática inglesa, e um destes dias até as nossas escolas hão-de reconhecer o facto, e ensiná-la-ão às crianças, alcançando, quem sabe, até mesmo os círculos literários e jornalísticos. De momento, no entanto, parece estarmos de acordo com os estrangeiros em que a gramática é dispensável. A pronuncia inglesa é o grande obstáculo ao nosso progresso. A ortografia inglesa parece ter sido planeada sobretudo como um disfarce para a pronúncia. É uma ideia engenhosa, calculada de propósito para que o estrangeiro não se torne presunçoso; se não fosse por isso, aprenderia a língua num só ano."

"Três Homens de Bicicleta", Tradução de Luísa Costa Gomes, Edições Cotovia Lda., Lisboa, 1992

capa da 1ª Edição, imagem da Wikipedia

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dois lindos olhos negros

Passeando tão feliz Bethnal Green abaixo
A juventude mais alegre que já se viu,
Tompkins e eu, com a namorada dele no meio,
Oh! Que surpresa!
Eu louvei os conservadores franca e livremente,
Tompkins ficou zangado tão depressa,
Tudo num momento deu-me ele
Dois lindos olhos negros.

Dois lindos olhos negros
Oh! Que surpresa!
Só por dizer a um homem que ele estava enganado,
Dois lindos olhos negros.

Na próxima vez que discuti achei melhor
Deixar descansar os conservadores.
Os méritos de Gladstone livremente acentuei,
Quando Oh! Que surpresa!
O camarada que eu tinha conhecido era um verdadeiro Tory,
Os liberais não podiam fazer nada certo,
Esta foi a minha parte nessa discussão também,
Dois lindos olhos negros!

Dois lindos olhos negros,
Oh! Que surpresa!
Só por dizer a um homem que ele estava enganado,
Dois lindos olhos negros.

A moral que tiraram mal posso duvidar,
Nunca em política elogies e grites,
Deixa para outros o combate
Se queres ser sensato.
Melhor, muito melhor, é deixar
Liberais e conservadores sossegados,
A não ser que estejas ansioso por ter
Dois lindos olhos negros!

Dois lindos olhos negros,
Oh! Que surpresa!
Só por dizer a um homem que ele estava enganado,
Dois lindos olhos negros.

Charles Coborn, 1852 - 1945




aqui podem ouvir a mesma canção com o Refrão cantado em Inglês, Francês, Alemão, Italiano, Espanhol, Grego Moderno, Galês e Hebraico

sexta-feira, 14 de junho de 2013

classificações

"Os naturalistas chineses dividiam os animais em cinco grandes famílias: cobertos de plumas, cobertos de pêlos, nus, com concha e revestidos de escamas. Entre os cobertos de plumas, distinguem-se os de cauda comprida e os de cauda curta."

Edoardo Fazzioli, Eileen Chan Mei Ling, "Caracteres Chineses, do Símbolo ao Significado, 214 caracteres para compreender a China", p. 161
Editora MEDIApromo, Lda.
Edição Público, Comunicação Social, SA,
2012

A imagem não está relacionada com a classificação chinesa tradicional. É moderna e descreve a teoria da evolução dos seres vivos. Escolhi-a porque a achei bonita. Encontrei-a aqui

E esta escolhi-a porque a achei engraçada, além de bonita, encontrei-a aqui



quinta-feira, 13 de junho de 2013

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Torre de leite

" (...)
Menino e moço, tive uma Torre de leite,
Torre sem par!
Oliveiras que davam azeite,
Searas que davam linho de fiar,
Moinhos de velas, como latinas,
Que São Lourenço fazia andar...
Formosas cabras, ainda pequeninas,
E loiras vacas de maternas ancas
Que me davam o leite de manhã,
Lindo rebanho de ovelhas brancas;
Meus bibes eram da sua lã.
(...)"

António Nobre
excerto de "Lusitânia no Bairro Latino"
in
"A Saudade na Poesia Portuguesa", p.97
Portugália Editora, Lisboa
Dezembro de 1967

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Lisboa Velha

Princípio das Escadinhas de S. Miguel

Alfredo Roque Gameiro (Minde, 1864 - Lisboa, 1935)

Lisboa Velha, 1925

"Não esquecerei jamais a impressão de sumptuosidade e de admiração que senti quando, ahí por Fevereiro de 1874, vindo da minha humilde aldeia, entrei em Lisboa.

Não tinha visto até então mais do que os casebres dos modestíssimos lavradores a cuja família me honro de pertencer.

A Lisboa do fim do século xix, e especialmente a cidade baixa, caracterisadamente pombalina, apesar do seu fraco movimento e da monótona harmonia das suas construções, impressionaram o meu espírito de provinciano ingénuo, moço e ignorante, como a ultima palavra do urbanismo estonteante das capitaes."

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Se conhecermos a linguagem dos animais e das plantas integrar-nos-emos muito melhor


Mia Couto, (Moçambique):

"Durante um trabalho que fiz recentemente numa província chamada Tete, foi-me contado o caso de um menino que frequentava a escola muito longe do sítio onde vivia. Tinha de sair uma hora e meia antes de começarem as aulas, atravessar o rio Zambeze de canoa, parte do percurso mais demorada, e andar um bom bocado até à escola. Mas ele saia 5 minutos antes, e os pais começaram a ficar preocupados por chegar sistematicamente atrasado. Falaram com o menino para que começasse a sair mais cedo e ele respondeu que não havia problema nenhum, que chegava sempre a horas. Estranhado o facto foram falar com o professor. Qual não é o seu espanto quando este confirma a pontualidade do filho. Perante tal enigma resolveram esclarecer o mistério e seguir o menino na manhã seguinte. Percorreram o caminho até à margem do rio onde viram o filho mergulhar e desaparecer. Nunca mais vinha à tona de água... Até que viram emergir, na outra margem, um crocodilo... Que se transformou novamente em criança!

É por isso que quando alguém me fala no crocodilo eu pergunto: “Quem é o crocodilo?”. Estou a contar isto para dizer que a fronteira que é estabelecida entre pessoas e animais, a identidade que atribuímos a cada um, naquele sítio não existe...

Se acredito? Fico tão fascinado com estas histórias que nem procuro uma explicação científica para elas. Obviamente que haverá algum equívoco mas, quando as ouço, não me apetece pensar em mais nada. A primeira atitude perante um facto que desconhecemos não pode ser a negação ou a arrogância. O conflito, a dualidade entre várias realidades é normal, mas devem ser contornados.

Existe uma grande mistificação dos animais, especialmente do crocodilo. É o animal que mais mata mas algumas pessoas até acham que não têm de se defender."

texto completo em animalia.pt - aqui

fotografia em Moçambique para todos, macua.blogs.com, aqui

terça-feira, 4 de junho de 2013

a interpretação desejada

extracto da 

Carta de Pero Vaz de Caminha a El Rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil 

Primeiro de Maio de 1500

"Um deles viu umas contas brancas de rosário, acenou que lhas dessem e folgou muito com elas; lançou-as ao pescoço, depois as tirou e embrulhou-as no braço; e acenava para a terra e então para as contas e para o colar do capitão, como que dariam ouro por aquilo. Isto tomávamo-lo assim por o desejarmos, mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar isto nós não queríamos entender, porque não lho havíamos de dar. Depois tornou as contas a quem lhas deu."


segunda-feira, 3 de junho de 2013

pinheiro

O pinheiro aqui da frente tem andado a produzir pinhas, calma e silenciosamente. Hoje vi uma. Já está grande mas ainda verde e camuflada. Ao lado dela está um ninho, no qual também ainda não tinha reparado.